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quarta-feira, 26 de novembro de 2025

ESTUDO SOBRE O LIVRO CEM ANOS DE SOLIDÃO - Autor : Gabriel Garcia Marquez - Feito Por Luiz Cláudio Costa da Silva


 


Cem Anos de Solidão

Gabriel Garcia Márquez

Estudo Feito Por:

Luiz Cláudio Costa da Silva


ESTUDO SOBRE O LIVRO CEM ANOS DE SOLIDÃO


É uma tarefa complexa escrever um romance histórico de forma que prenda o leitor do início ao fim do enredo; porém, neste livro Garcia Márquez não somente fez essa mágica através do seu realismo fantástico, como discerniu a transcendência dos fatos com desenvoltura e paciência de um artesão ao narrar à saga dos Buendía; Trazendo para os amantes da literatura “Cem Anos de Solidão”, que de uma maneira fictícia estabelece relações com os eventos ocorridos na América Latina a partir da década de sessenta, com uma linguagem acessível e gostosa a qualquer leitor.

A presente obra está inserida entre muitos trabalhos escritos a respeito deste continente que teve suas populações massacradas, escravizadas e levadas à condição de subserviências pelos donatários do poder ao longo dessas eras. Assim sendo, de forma simples, mas contundente fizemos esse breve estudo comparativo sobre a obra do Escritor: Gabriel Garcia Márquez nasceu em aos 6 de março de 1927 em Aracataca  cidade colombiana, com um estilo arrojado de contador de estória, foi o responsável por criar o realismo mágico na literatura latino-americana.

Gabriel Garcia Márquez é escritor, jornalista, editor, ativista e político colombiano, viajara muito pelo mundo, essas viagens aliada as suas experiências de vida contribuiu, sobretudo, para que esse colombiano  perpassasse com maestria por vários campos do saber como literatura, jornalismo, cinema e política.

 Mas especificamente, a literatura que fora a responsável pela projeção dele como escritor renomado e admirado no mundo inteiro, concedendo-lhes várias premiações; dentre tantas, destacamos a Medalha da Legião Francesa (Paris, 1981); Condecoração Águila Azteca (México, 1982) e Nobel de Literatura (1982).

A erudição e a clareza caracterizam seu trabalho, Garcia Márquez em sua obra fenomenal publicada em 1967 e que já ultrapassa mais de 50 edições, o livro Cem anos de Solidão, percebe-se a sua maestria de grande escritor ao narrar nesta obra a saga da família Buendía na pacata e fictícia cidade de Macondo, desde a sua fundação até a sétima geração.


Essa obra formidável de realismo fantástico pontua vários episódios históricos exibidos no palco do anfiteatro América Latina. Além de Cem Anos de Solidão Gabriel Garcia Márquez tem uma infinidades de livros publicados, iremos destacar neste trabalho apenas alguns que sejam mais condizentes com a nossa temática. Tais como: Relato de um Náufrago (1970); A Incrível e Triste História da Cândida Eréndira e da Sua Avó Desalmada (1974); O Outono do Patriarca (1978); Amor nos Tempos do Cólera (1985); O general em seu labirinto(1990).

O livro Cem Anos de Solidão é uma obra que transita entre a literatura, a história e a ciência, ao unir a perspectiva científica, de alicerce naturalista e evolucionista, ao tecimento literário, que se fundamentou num fatalismo trágico e numa visão romântica da natureza.

O autor teve a perspicácia de perceber, de maneira dramática, esse embate entre natureza e história e a partir de então, moldou Macondo como cenário, cuja "aldeia à margem de um rio de águas diáfanas", permitiria antever a cobiça dos forasteiros. “Recriou, pelo ritmo binário e pela sintaxe labiríntica", as chegadas esfuziantes dos ciganos "todos os anos, pelo mês de março" e o comportamento inquietante de seus habitantes.

É interessante também frisar que, a luz envolvente que emana de Cem Anos de Solidão é aquela que o espírito angustiado do autor precisou existir para se locupletar e nela se exprimir. Este colombiano através da imaginação vai dando vida a paisagem em sua volta, vendo por toda parte imagens e cenários que remetem à mitologia, à história e à literatura.

A saga dos Buendía em Macondo, por exemplo, Gabriel García Márquez, a priori com muita destreza, já nos conduz, a um universo onde o confronto ideológico das personagens pulula de maneira clara e evidente.

Porém, em primeiro plano apresenta o tipo José Arcádio Buendía dominado pela emoção ao invés da razão, a visão subjetiva da realidade, a ânsia do desenvolvimento e a transformação do povoado.

 No outro extremo, aparece a estereótipo de Úrsula Iguarán que se transveste de ficção e realidade, neste momento, é evidenciado o predomínio da razão sobre a emoção, a observação e a análise do comportamento humano.

Neste instante, o autor se revela de maneira sutil deixando transparecer sua frustração pela chegada do estranho.

Certamente, o autor através da perspicácia, sutileza e sensatez das mulheres que povoam Macondo mostra-se incomodado e ao mesmo tempo defensor de seu povoado.

Podemos ainda acrescentar que, as mulheres além de donas de casas e mães, também exercem as funções de orientadoras, informantes, sonhadoras, guerreiras, amantes, lideranças, e sempre conscientes de tudo que acontece em Macondo; sutilmente o autor mostra também os seus sonhos e desilusões, através das batalhas memoráveis travadas pelos heróis da independência da América Latina como Símon Bolívar, Miguel Hidalgos e tantos outros que morreram sem alcançar seus verdadeiros objetivos.

Mas, mesmo assim não tira esse ímpeto de decisão destas mulheres que romperam com os preceitos determinado pela sociedade, tecendo de maneira brilhante o papel social feminino na construção de um mundo digno e humanitário.

Porém, Gabriel García Márquez retrata muito bem isto através das personagens de Úrsula Iguarán, Amaranta, Pilar Ternera e Amaranta Úrsula. Contudo, o feito destas mulheres de Macondo muito nos lembra da participação das mulheres nas lutas pela independência política da América Latina.

Todavia, sabe-se que, Cem Anos de Solidão foi escrito da efervescência das ditaduras latino-americanas e na sedimentação das multinacionais no continente. Gabriel García Márquez é um autor fantástico, pois, teceu a obra de uma maneira tal que, enfatizou também, a exploração do homem pelo homem; a exploração da terra; o poder exercido pela igreja; a influência da universidade e principalmente a política caudilhista e os embates partidários.

Conquanto, a partir de então, o Gabriel García Márquez, vai dando vida a suas personagens no suntuoso anfiteatro "América Latina".

O autor pontua de forma magistral a atuação da igreja católica em Macondo, mostrando que, através das pregações e atitudes ambíguas da personagem do padre Nicanor, pode-se perceber nitidamente que, é uma mera semelhança das práticas que esta instituição vem desempenhando na América Latina desde a chegada dos europeus ao Novo Continente.

O autor também é muito perspicaz quando mostra Macondo sendo tomada por lutas civis permanentes em torno de dois grupos políticos, os liberais e os conservadores. Neste ínterim, a figura caudilhista entra em cena; esses figurões na pós-independência dos países latino-americanos foram os detentores de grandes latifúndios, poder político, arbitrários e grandes mestres nas práticas fraudulentas dos processos eleitorais.

E ainda outro ponto importante no qual, se enquadra tal asserção seria os conflitos partidários entre os unitaristas e os federalistas desencadeados na Argentina. Onde os unitaristas representavam à civilização e os federalistas a barbárie. Isto é, o confronto entre cidade x campo.

O autor pontua muito bem essa política caudilhista e os embates partidários através das ações das personagens de José Arcádio Buendía, do seu filho o coronel Aureliano Buendía, do seu neto Arcádio e do Sr. Apolinar Moscote.

Outro ponto significativo que, o autor destaca também na obra é a influência que a universidade proporcionou no continente Latino Americano, porém, é na figura do cigano Melquíades que através de suas experiências científicas e a montagem de um laboratório em Macondo que ele deixa transparecer a importância deste estabelecimento educacional.

García Márquez abordou nesta obra o povoado Macondo que significa república de bananas como uma comunidade primitiva, dominada pela saga da família Buendía, onde haveria o amor livre e o coletivismo dos bens.

 Ademais uma aldeia que tinha uma exuberante vegetação sustentada por um solo fértil, e que de tempos em tempos era visitada por estranhos. É claro que logo seria invadida e explorada. Era só questão de tempo.

Podemos reforçar isto que falamos com palavras do próprio autor: "Não houve, entretanto, muito tempo para pensar no assunto, porque os desconfiados habitantes de Macondo mal começavam a si perguntar que diabo era o que estava acontecendo, quando já a aldeia se tinha transformado em acampamento de casas de madeira com teto de zinco, povoado por forasteiros...”.

E ainda, é interessante também reter a fala de um Buendía a respeito da invasão: "Olhem a confusão em que nos metemos só por termos convidado um americano para comer banana".

Finalmente em a luta política o autor de Cem Anos de Solidão narrou os acontecimentos de guerra, que levaram ao extermínio de Macondo. Procurando mostrar como os dois lados do conflito – a área rural e a área urbana –, se encontravam tomadas por fanatismo políticos e econômicos.

 

 

 

MÁRQUEZ, Gabriel García. Cem Anos de Solidão. Tradução Eliane Zagury. 52ºed. Rio de Janeiro: Record, 2002.