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segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

MEMÓRIA E HISTÓRIA

MEMÓRIA E HISTÓRIA

Os seres humanos distingue-se dos demais animais, entre outras coisas, por guardar a memória do passado. Todos os povos inventaram maneiras de conservar as experiências vividas. A mais antiga e comum é por meio do relato oral. Com ele os mais velhos contam aos mais novos o que viram e o que ouviram. Alertam para o que consideram o mal e o errado e ensinam o que  julgam bom e correto. É isso que mantém os laços que unem as gerações. Mas o homem aprendeu também a desenhar, a esculpir e construir. Com isso deixou mais marcas da sua presença. Com o advento da escrita, a capacidade de conservar a memória do passado ampliou-se. Mais informações e experiências puderam ser acumuladas. Hoje os meios de conservar a memória se multiplicaram e podemos citar: os documentos impressos (livros, revistas, jornais, folhetins, documentos oficiais, etc.), os meios ópticos (CD-ROMs, CD-RWs, DVD-ROMs, DVD-RWs), magnéticos (Fitas Magnéticas, Discos Rígidos), eletrônicos (SSDs: PenDrives, Cartões de Memória, Hds e Chips) a internet, e mais recentemente o Cloud Computing

TEXTOS:

I - NÃO EXISTEM RAÇAS HUMANAS


Os cientistas são unânimes em apontar que não existem raças humanas. Falar em raça "branca"e "negra" é tão absurdo quanto achar que uma pessoa de orelha grande é mais inteligente do que uma de orelha pequena.

A cor dos olhos e da pele, o formato do rosto, o tamanho do pé, tudo isso é determinado pelos nossos genes. Os genes são estruturas químicas (porções de uma molécula complexa chamada DNA) que estão no interior das celulas do organismo. O indivíduo é o resultado da combinação dos genes da mãe com os do pai. Somos parecidos com nossos pais e nossos avós, e nossos irmãos e primos, porque herdamos os genes deles. Cada espécie de animal ou de  planta  possui um conjunto próprio de genes. São os genes que fazem os humanos ter nariz em vez de focinho de girafa.
Nosso corpo não é determinado apenas pelos genes. O tipo de vida que levamos também influencia. Por exemplo, a altura depende dos genes. Mas se a pessoa não se alimentar direito e não praticar atividades físicas poderá não crescer muito. Outro exemplo: ninguém nasce sabendo ler e escrever. Os genes não determinam quem será alfabetizado ou não. Os genes também não determinam quem completará um curso na universidade e quem será obrigado a abandonar os estudos para trabalhar.

Portanto, nós não nascemos prontos. Cada um de nós é um ser em construção. Nós somos construídos pela sociedade (as informações que recebemos, o nosso trabalho, nossas experiências de vida) e pelas escolhas que fazemos (o que projetamos fazer, o que recusamos).
As diferenças de cor de pele entre as pessoas são determinadas pelos genes. Foi por isso que algumas pessoas acreditaram que haveria "diferenças entre as raças humanas". Preste bastante  atenção: não é verdade que a inteligência ou a  capacidade para o trabalho "dependem da raça". Nada mais falso do que a idéia de que de que "os brancos raciocinam melhor do que os negros" ou que "os negros são melhores que os brancos no atletismo ou na dança". Sabe por quê? Porque os cientistas já jogaram na lata de lixo a idéia de que existem raças humanas. Isso mesmo que você leu: o cientistas já  provaram que não existem raças humanas! O motivo para isso é simples. Afinal, o que faz  alguém ser " branco" ou " negro" é pouco mais de meia dúzia de genes. Porém, o ser humano possui dezenas de milhares de genes. Veja o que diz o professor Sérgio Danilo Pena, da UFMG, um dos principais geneticista do mundo: "Hoje existe consenso, entre antropólogos e geneticistas, de que, sob este prisma biológico, raças humanas não existem. A espécie Homo Sapiens é demasiadamente jovem e móvel para ter se diferenciado em grupos tão  distintos. Ao estudar a variabilidade genética humana, vemos que de 90% a 95% dela ocorre dentro dos chamados 'grupos raciais', e não entre eles. Cada um de nós é um ser humano único e igualmente diferente de qualquer outro ser  humano, viva ele em Belo Horizonte, Tóquio ou Luanda. Por outro lado, certamente raças existem como construções sociais e culturais (grifo nosso), e o racismo é uma realidade, por mais perversa e detestável que seja". (Jornal Folha de São Paulo, 17/12/2002).

O cérebro é a sede da inteligência. O cientistas mostram que inteligência tem a ver com os genes e com a vida que o indivíduo leva. De qualquer modo, uma coisa é certa: os genes que determinam a cor da pele de uma pessoa não têm nada a ver  com os genes que determinam a formação do cérebro. Em outras palavras, não existe "cérebro de negro" ou "cérebro de branco"! Do mesmo jeito que não há "sangue de branco" e "sangue de negro" e por aí vai.

A cor dos olhos é definida por meia dúzia de genes. O tamanho do nariz e a cor da pele também. Ora, será que as pessoas de olhos azuis são mais fortes do que as de olhos verdes? Será que as pessoas de orelhas grandes são mais inteligentes do que as pessoas de orelhas pequenas? Já pensou se alguém falasse em "a raça dos orelhões e a dos orelhinhas?" Pelo mesmo raciocínio, não se pode achar que a cor da pele de uma pessoa, o tipo de cabelo ou de nariz determinam a inteligência, a capacidade de trabalhar, de fazer arte ou praticar esportes de um povo ou de um indivíduo. Portanto, não existe raça branca nem negra. O fato de alguém ser branco ou negro tem tanto a ver com a capacidade mental ou física dessa pessoa quanto o fato de ela ter pés grandes ou pequenos.

O preconceito é aquilo que vem antes do conceito, ou seja, é a opinião que não resultou de nenhum pensamento profundo. Quem é preconceituoso acredita numa idéia sem jamais verificar se essa idéia é verdadeira ou falsa. Aceita passivamente o preconceito, não questiona, não busca novas informações. É uma espécie de cordeirinho mental, manso, obediente, alegre com sua própria ignorância e irracionalidade. O racismo é um  tipo de preconceito. Exemplo de atitudes racistas: a loja que trata mal os clientes negros, os delinqüentes que botam fogo num índio, o político que alerta sobre "o perigo que os judeus representam para o país", os filmes que sempre mostram os árabes como terroristas e os latinos-americanos como traficantes de drogas. Existem preconceitos contra as mulheres, contra as crianças que moram na rua, contra  os favelados, contra os obesos, contra os idosos, contra os homossexuais, enfim, a lista é enorme.

A Constituição brasileira é bem clara: discriminação racial constitui crime inafiançável. Por isso, amigo leitor, se você presenciar um caso de discriminação racial, reaja contra essa injustiça. Primeiro, tente dialogar, mostrar que a pessoa não pode discriminar, que essa atitude contraria a ciência (não existem raças humanas) e os direitos do cidadão (a Constituição assegura os mesmos direitos a todos). Caso o indivíduo insista na discriminação racial, chame a polícia e denuncie. Racismo é crime, e lugar desse tipo de crimonoso é na penitencária! 

(Schmidt, Mário. Nova História Crítica. São Paulo: Nova Geração, 2007. pp. 192-193). 

II - FRAGMENTOS DA HISTÓRIA DA ÁFRICA

Vejamos o que escreveram os os historiadores Renato Pinto Venâncio, da Universidade Federal de Ouro Preto(UFOP) e a Mary Del Priore, da Universidade de São Paulo(USP) e da Pontífice Universidade Católica do Rio de Janeiro(PUC-RJ)à respeito das civilizações do Gongo e de Angola, lugares de onde vieram parte significativas dos nossos irmãos africanos para serem escravizados aqui no Brasil.

"A maioria da população se dedicava à agricultura, produzindo especialmente variedades de painço e sorgo (...). A capital (do Gongo), Mbanza, na qual morava o rei, e onde se cruzavam rotas comerciais, contava, quando da chegada dos portugueses, cerca de 100,000 habitante. (...) Possuidor  de moeda própria, o zimbo, concha que o ntotila (rei) mandava recolher na ilha de Luanda, o Congo possuía, também, uma organização produtiva complexa. (...) Cidades como Mbanza Congo, Mbata e Mpinda abrigavam importantes feiras. (...) O artesanato - que compreendia a fabricação de tecidos de ráfia (fibra da palmeira) e o trabalho em marfim e cobre - era extremamente desenvolvido, assim como a tecnologia do ferro. Tanto o mar quanto os pântanos salgados proviam a população de sal que, junto com o abundante ferro, alimentava redes de comércio regional. Dos reinos vizinhos recebiam cobre de Katanga e tecidos (...). O reino congolês se dividia entre a capital e o campo e tinha três estratos sociais bem definidos: a nobreza, os camponeses ou aldeões e os escravos. (...) Este grupo era formado por parentes do rei ou de soberanos que tinham precedido. (...) Sendo polígamos (com várias esposas ao mesmo tempo), os reis tinham muitos filhos. (...) A matrilinearidade, ou seja, a descendência materna, definia o acesso à terra, a residência e a sucessão frente às aldeias. Era o rei, contudo, quem escolhia seus homens de confiança. (...) Ele nomeava governadores territoriais, demitia  funcionários a seu bel-prazer. Sentado em cadeira de marfim ou ferro, trazendo na cabeça boné ricamente bordado e, no ombro, uma cauda de zebra, o monarca (...) (chefiava) uma guarda composta por cerca de dezesseis  a vinte mil escravos, espécie de exército privado. (...) A pé e envolvidos em peles de elefantes, os guerreiros portavam pequenos arcos e suas flechas, conhecidas pela precisão com que atingia o inimigo, eram untadas em venenos poderosos. Quando havia guerras contra estrangeiros, convocavam-se homens livres. 

(Del Priore, Mary & Venâncio, Renato Pinto. Ancestrais. Uma Introdução à História da África Atlântica. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004, pp. 138-144)


VÍDEOS:

Documentário: Zumbi dos Palmares

  

 Documentário: Índios, quem são eles?




Documentário: Brasil, uma história inconveniente





MAPAS HISTÓRICOS:

 FORMAÇÃO DO POVO BRASILEIRO 

                          
BRASIL: PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS 

                                 
COLONIZAÇÃO E DEVASTAÇÃO 

                           
OS ÍNDIOS ENTRE A CRUZ E A ESPADA 

                       
ESCRAVOS: UMA VALIOSA MERCADORIA 

                            
CONTESTAÇÃO À ORDEM IMPERIAL 

 
  
                               ROTAS DA RIQUEZA,CAMINHOS DA COLONIZAÇÃO                                

                       
REPÚBLICA: REVOLTAS DE NORTE A SUL 



FOTOS

ANTÔNIO CONSELHEIRO

ÍNDIO ARARIBÓIA



ZUMBI DOS PALMARES

 
LARGO DO PELOURINHO


FREI CANECA

FONTE BIBLIOGRÁFICA: COLEÇÃO HISTÓRIA PASSADO E PRESENTE -  JOSÉ ROBERTO MARTINS FERREIRA. SÃO PAULO: FTD, 1998.



LITERATURA DE CORDEL:



I
A minha grande missão
Todos os dias, toda hora,
 É sempre lembrar ao povo
Que tivemos em outrora
Um incansável guerreiro
Que o almado por ele chora!

II
Sabe-se pouco desse ícone,
É nosso irmão brasileiro
Nasceu no maior quilombo,
Esse sagrado celeiro
Que foi lar e fortaleza
Do homem virtuoso e obreiro!

III
Esse quilombo meu irmão
É o quilombo de Palmares
Localizado na serra
Um espaço de bons ares:
– Nossa serra da Barriga,
Lá fizeram muitos lares!

IV
Era um lugar afastado
Ficava entre dois estados
Alagoas e Pernambuco
Lá foram os humilhados
Fugindo dos coronéis
Esses seres depravados!

V
Era  uma terra bem fértil
Com vegetação abundante
E bastante palmeirais,
Daí esse espaço importante 
Ser chamado de Palmares,
Pois,  num verso triunfante...

VI
Digo com sabedoria,
É fato na nossa História
Que o século dezesseis
Vivenciara com glória
Uma batalha ferrenha
Com altivez e simplória...

VII
De um povo que lutava 
Por sua libertação
Abrigando-se em Palmares,
Fugindo da escravidão
Do engenho Pernambucano,
Que a tortura era a lição!

VIII
Hoje Palmares seria
O nosso Estado de Alagoas
Que no tempo pertencia
Após brigas das coroas
A grande capitania
Que consumia muitas broas...

I X
A capitania meu irmão
Pernambuco era seu nome
Lá levaram muitos negros,
A tudo isso você some,
Maus tratos, humilhação,
Perseguição, morte e fome!

X
Palmares pra nós é marco,
Apesar de destruído,
Viveu 65(sessenta e cinco) anos, (1629-1694)
Dando suporte ao oprimido,
Pois, é importante dizer,
Que num ato destemido...

XI
Logo essa pequena aldeia
Torna-se a comunidade 
Com o maior contigente 
De fugitvos do mundo
Tinha como regente
O velho rei Ganga Zumba,
O poeta reticente...

XII
Diz  com muita convicção,
O país Brasil está
No rol das grandes nações,
Como ceifador de lar,
E torturador de humanos
Isto é fato pra pensar!

XIII
O quilombo de Palmares
Teve uma população
De trinta mil habitantes,
Gente de bom coração
Que via neste lugar
O espaço da salvação!

XIV
Os quilombolas então
Viviam basicamente
Da pequena agricultura
Plantavam regularmente
Milho,banana, feijão,
Tudo era suficiente...

XV
Ainda tinha mandioca,
Alimento apreciado,
Laranja e cana-de-açúcar,
Pra ficar vitaminado,
Faziam artesanato,
E também muito bordado...

XVI
Trabalhavam com cerâmica,
Tecido, palha e metais,
Eram muito inteligentes,
Nas tradições culturais
Buscaram inspiração
Pra seguir seus ancestrais!

XVII

Também sabiam pescar,
Eram grandes pescadores
Porém, meus caros amigos
Esses negros labutores,
De forma potencial
Foram grandes construtores! 

XVIII
A organização política
E as formas de lideranças,
Dizem historiadores:
– Tinham muitas semelhanças
Com os reinos africanos,
Isto estava nas lembranças!

XIX
Palmares torna-se então,
Uma grande referência
Surge quilombo em Sergipe,
Ponha isto na consciência,
E também lá no Sudeste,
Não é loucura ou demência!

XX
Espírito Santo e Rio
De Janeiro, anote então,
Para você não esquecer
E lembrar que a escravidão
Existia de norte a sul
Deste sagrado torrão!

XXI
O quilombo foi partido
Em inúmeras aldeias
Ou como queira, em mocambos,
Escapou de muitas peias
Dos lusos e dos batavos
Povos que tinham nas veias...

XXII
A ambição mercantilista,
O lucro e a satisfação
Era o credo desses gringos,
Que utilizando a opressão,
Fomentavam seus negócios,
Deixando a destruição!

XXIII
Os mocambos mais famosos
Foram Zumbi e Subupira
E ainda também Macaco
Despertando assim, muita ira
Aos “donos da região”,
Que os tinham na sua mira!

XXIV
Montaram expedições,
Contrataram bandeirantes
Pra ceifar os quilombolas,
Mas os negros triunfantes
Fizeram a resistência
Diante dos meliantes!

XXV
Porém, nação brasileira,
Os que habitavam Palmares
Com disposição e bravura,
Juntaram-se com seus pares,
Pra conter as invasões
Daqueles povos dos mares!

XXVI 
Pois, vários governadores
De Pernambuco almejavam,
Destruir também Palmares,
Deste modo, incentivaram
Ganga Zumba a concordar
Com tratados que levavam!

XXVII
Dentre tantos, Pedro Almeida
Buscava sempre a extinção
Do quilombo de Palmares
E os negros a submissão
Ao seu poderoso Estado,
Propôs com má intenção...

XXVIII
Grande tratado de paz,
Que concedia autonomia,
Aos que habitavam Palmares,
Pra que tivesse valia
Tinha que ter lealdade,
Mas, Zumbi com rebeldia...

XXIX
Discordou de Ganga Zumba
Que aceitou de imediato
Obedecer à coroa
Em troca daquele trato,
Porém, Zumbi foi bem claro:
– Ganga Zumba esse seu ato...

XXX
Não devemos aceitar,
Pois, não se trata somente
De vivermos livre aqui,
Precisa-se urgentemente
Acabar a escravidão
Isto está na nossa mente!

XXXI
Os outros reconheceram
Que Zumbi estava correto
Mataram o Ganga Zumba
Isto é fato concreto,
O velho rei envenenado,
E os quilombolas sem teto.

XXXII
Zumbi agora é o novo rei,
Defende bem seus irmãos
E em batalhas memoráveis
Combateu sempre os vilãos,
Causadores da opressão
Dos notáveis cidadãos!

XXXIII
A fama do rei Zumbi
Espalha-se em região
O novo governador
Souza Castro entra em ação,
Tentando prender Zumbi
Esta era a orientação!

XXXIV
Portanto, na madrugada,
Era 06 (seis) de fevereiro
Do escuro ano, mil seiscentos
E noventa e quatro (1694), o arqueiro
Da expedição de Domingos
Jorge Velho acerta o armeiro...

XXXV
E o perverso bandeirante
Entra e destrói Palmares,
A batalha foi feroz,
Lutas espetaculares
Dos bravios quilombolas
Que mandava pelos ares...

XXXVI
Os soldados inimigos,
Mas, embora inferiores,
Ao belicismo adversante,
Foram homens lutadores,
Destemidos até a morte,
Ficam pra nós, seus valores!

XXXVII
No meio dessa batalha
De modo fenomenal
Zumbi consegue escapar
Com um grupo especial
Resistindo quase um ano,
Esse líder sem igual...

XXXVIII
Foi procurado até a morte
Porém, não se acovardou
Com um grupo reduzido
Os tiranos enfrentou,
Era 20 (vinte) de novembro
Quando o rei capitulou.

XXXIX
O ano de mil e seiscentos
E noventa e cinco (1695) estar,
Nos anais da nossa história
Como um marco pra lembrar,
Pois, simboliza o primeiro
Grito do negro a clamar...   

XL
Pela sua liberdade!
Por outro lado, é importante
Fazer uma reflexão
Sobre uma data marcante
Dia 20 (vinte) de novembro,
Como data ressonante...

XLI
E um referencial
E também uma homenagem
A Zumbi o rei de Palmares,
Ainda cabe na bagagem,
Nossa Consciência Negra
E os que tiveram coragem...

XLII
Resistindo bravamente
A peçonha escravidão,
Destaque no calendário,
Espalhe a nossa nação,
Vamos bem comemorar
A nossa libertação!                  

XLIII
Pelo século dezoito
Desponta Minas Gerais,
Vemos quilombo também
Em Mato Grosso e Goiás,
Essa nova resistência
Se espalha Cada vez mais!

XLIV
Observa-se então, que o negro,
Sempre lutou bravamente,
Contra a exploração e desmando,
E assim, conscientemente,
Foi fazendo a resistência,
E mostrando pra oponente...    

XLV
Através do suicídio,
Do boicote e sabotagem,
Dos abortos das mulheres,
Seres de muita coragem,
Também a confrontação,
Lá na casa da moagem...

XLVI
As fugas constantemente,
Coletiva ou até sozinho,
Marcaram esse período
Mostrando pra o senhorzinho,
Que jamais se curvariam,
E ignoravam pelourinho!

XLVII
Ainda nos tempos de hoje,
Vemos no nosso caminho,
Uma escravidão moderna,
Não se usa mais chicotinho,
Mas, tortura e humilhação,
Através desse soldinho... 

XLVIII
Que é destinado ao mulato,
Ao mameluco e ao cafuzo,
Que não tem voz, nem espaço,
Povo visto como intruso,
Pela classe dominante,
Que deles fazem abuso!

LIX
Então meu caro cupincha,
Grito forte a multidão,
Vamos às praças e as ruas,
Dessa nossa região,
Dizer com muita eloqüência,
Que meu sofrido povão...

L                                                 
Não quer mais escravidão,
Mas, a sua liberdade,
Que deve ser respeitada
Sempre a sua integridade,
Suas crenças e culturas
Como apregoa a irmandade!

Fim



1
Começo a minha peleja
Contemplando o meu pajé,
E pedindo as suas bênçãos,
Pra seguir firme e com fé
Por caminhos mal traçados
E chegar ao igarapé!

2
Estou numa terra fértil,
Com clima bem gostosinho,
Aqui o que se planta dar,
O tempo passa lentinho,
Sua gente é bem disposta,
Tem Canto de passarinho!

3
O céu é bastante azulado
Como é bela a fauna e flora,
Aqui não existe relógio
O tempo que me diz a hora,
Não tenho nenhuma pressa
Canta para mim a aurora!

4                                                                   
Recordei com alegria                                              
O meu Brasil juvenil
Tempos de dias risonhos
E orientação senil...
Que venho compartilhar
Com meu rebento infantil...

5         
 O tempo é muito veloz
 E guarda muitos segredos,
 E os sonhos se dissipandos,
 Novos tempos trazem medos,
O coração vai apertando,
E vou tecendo os enredos!

6
Eu sou de uma tribo extinta
Perdi minha identidade
Expulsaram- me da terra,
Tiraram-me a liberdade,
Sucumbiram minha estória,
Só vejo a frente maldade!

7
Não é loucura ou delírio,
Puseram na nossa mente,
Uma valorização
De personagens somente
Que tivesse a cor branquinha
Pra ficar belo o repente!

8
Assim fora construída
A nossa engraçada história
Pelos europeus e gêneros,
Vemos cartilha notória,
Falando de imperadores,
Que coisa mais irrisória!

9
Têm também navegadores
Sendo bastante endeusados,
Os líderes militares,
Todos bem Condecorados,
 E os perversos bandeirantes,
 Sempre bem solicitados!

10
Todos são considerados,
Como heróis nacionais,
Nós esperamos que em breve
Construamos manuais
Que incluam o negro e o índio
Como figuras centrais!

11
Um grande passo foi dado,
Na educação rotineira,
E pra o povo produzirmos,
Uma história verdadeira
A respeito da nação,
Que chamamos brasileira!

12
É obrigatoriedade
E não previsão futura
A implementação da lei
Que trata a história e a cultura
Africana e indigenista
Como parte da estrutura...

13
Da nossa nação brasileira,
A lei em destaque meu irmão,
Dista 11.645(onze mil e seiscentos
E (quarenta e cinco), então,
É necessário entender
Pra uma boa aplicação...

14
E também aceitação,
Desta lei sancionada,
Que a obrigatoriedade
Não está condicionada
A isolarmos outros povos,
Ou termo a mente fechada!

15
Busco possibilitar
Rompimento social
Com uma hierarquização
Existente e cultural
Que discrimina e falseia
Pelo espaço terreal!

16
Quero também entender
A história da humanidade,
Porém, é muito importante,
Que a escola e a sociedade
Exija e faça valer,
A lei, com intensidade!

17
Faço-te essa aclamação
Pois, esta lei dista do ano
De 2008(dois mil e oito) pra que
Não haja nenhum engano,
E todos nós, não esqueçamos,
O povo ainda é soberano...

18
Lembre-se bem dessa deixa,
Veja os exemplos na história
As conquistas que tivemos
Foi com a luta notória
Desse povo sofredor
Que sempre almejou a vitória!

19
Essa lei tem grande alcance,
Toca na diversidade,
Nunca é tarde enfatizar
Que somos uma irmandade
Formada de muitas raças,
Porém, com simplicidade...

20
Essa miscigenação,
Acaba nos fornecendo,
 Uma beleza sem fim,
 E o país vai florescendo
Com essa variedade,
E sua gente crescendo!

21
Porém, estufem o peito,
Não importa se é educador,
Gari, médico ou cientista,
Seja colaborador,
Dessa santa comunhão
E também divulgador...

22
Desse legado deixado
Pelos povos da floresta,
Pelos povos africanos,
Saíamos detrás das frestas
Devamos ter consciência
Pois, isto ainda nos resta!

23
Quando se fala em legado
Mostro a minha gratidão...
As palavras africanas
Que com muita precisão
O português adotou
Em muitas áreas então!

24
Como exemplo as culturais
Conservando sempre a forma
E o sentido original
Porém, dentro dessa norma
Tem samba, xingar e tanga,
Se você não se conforma...

25
Ainda tem candomblé,
Muamba, sunga e jiló,
Mangar, umbanda e capanga,
Maracutaia e mocotó,
Maxixe, fubá, cuíca,
Forró, cachaça e gogó!

26
Trago bem o meu cachimbo,
Desço o morro na banguela,
Com o berimbau e o agogô,
Vou correndo a casa dela,
Pois, sei que estar me esperando
Debruçada na janela...

27
Pra comermos feijão preto
Com quiabo e vatapá,
Mas também tem caruru,
Acarajé, mungunzá,
Angu e bastante pamonha
Eu não posso me atrasar...

28
E nem tampouco esquecer
Que além do negro meu irmão,
Temos heranças dos índios
Gente de bastante ação,
Como banharmos nos rios,
Utilizar o alçapão...

29
Também andarmos descalços,
E conhecermos as plantas,
O uso da rede e tabaco,
Por essas terras bem santas,
Foram muito apreciados
E assim bem forte tu cantas...

30
Que também a língua e a música,
E essa forma costumeira
De descansarmos de cócoras,
Digo a você de primeira
É legado indigenista...
Diga para a nação inteira!

31
Não esqueça da culinária,
Da cesta e do artesanato,
Pois, estou com muita fome,
Vou agora pegar meu prato,
Pra comer uma moqueca
Depois fazer meu relato...

32
Ao ser bom coração
Que também é apreciado:
O milho para o quitute,
No nosso hábito sagrado,
Farinha de mandioca
Alimento consagrado!

33
Obrigado meu pajé,
Olorum, Meu grande irmão,
Escrevi pra humanidade,
Esta bonita canção,
Com as bênçãos dos fraternos
E amor no meu coração!

Fim