MEMÓRIA E HISTÓRIA
Os
seres humanos distingue-se dos demais animais, entre outras coisas, por guardar
a memória do passado. Todos os povos inventaram maneiras de conservar as
experiências vividas. A mais antiga e comum é por meio do relato oral. Com ele
os mais velhos contam aos mais novos o que viram e o que ouviram. Alertam para
o que consideram o mal e o errado e ensinam o que julgam bom e correto. É
isso que mantém os laços que unem as gerações. Mas o homem aprendeu também a
desenhar, a esculpir e construir. Com isso deixou mais marcas da sua presença.
Com o advento da escrita, a capacidade de conservar a memória do passado
ampliou-se. Mais informações e experiências puderam ser acumuladas. Hoje os
meios de conservar a memória se multiplicaram e podemos citar: os documentos
impressos (livros, revistas, jornais, folhetins, documentos oficiais, etc.), os
meios ópticos (CD-ROMs, CD-RWs, DVD-ROMs, DVD-RWs), magnéticos (Fitas Magnéticas, Discos Rígidos), eletrônicos (SSDs: PenDrives, Cartões de Memória, Hds e Chips) a internet, e mais recentemente o Cloud Computing.
TEXTOS:
I - NÃO EXISTEM RAÇAS HUMANAS
Os
cientistas são unânimes em apontar que não existem raças humanas. Falar
em raça "branca"e "negra" é tão absurdo quanto achar que uma pessoa de
orelha grande é mais inteligente do que uma de orelha pequena.
A cor dos olhos e da pele, o formato do rosto, o tamanho do pé, tudo isso é determinado pelos nossos genes. Os genes são estruturas químicas (porções de uma molécula complexa chamada DNA) que estão no interior das celulas do organismo. O indivíduo é o resultado da combinação dos genes da mãe com os do pai. Somos parecidos com nossos pais e nossos avós, e nossos irmãos e primos, porque herdamos os genes deles. Cada espécie de animal ou de planta possui um conjunto próprio de genes. São os genes que fazem os humanos ter nariz em vez de focinho de girafa.
Nosso
corpo não é determinado apenas pelos genes. O tipo de vida que levamos
também influencia. Por exemplo, a altura depende dos genes. Mas se a pessoa
não se alimentar direito e não praticar atividades físicas poderá não
crescer muito. Outro exemplo: ninguém nasce sabendo ler e escrever. Os
genes não determinam quem será alfabetizado ou não. Os genes também não
determinam quem completará um curso na universidade e quem será obrigado
a abandonar os estudos para trabalhar.
Portanto, nós não nascemos prontos. Cada um de nós é um ser em construção. Nós somos construídos pela sociedade (as informações que recebemos, o nosso trabalho, nossas experiências de vida) e pelas escolhas que fazemos (o que projetamos fazer, o que recusamos).
As
diferenças de cor de pele entre as pessoas são determinadas pelos
genes. Foi por isso que algumas pessoas acreditaram que haveria
"diferenças entre as raças humanas". Preste bastante atenção: não é
verdade que a inteligência ou a capacidade para o trabalho "dependem da
raça". Nada mais falso do que a idéia de que de que "os brancos
raciocinam melhor do que os negros" ou que "os negros são melhores que
os brancos no atletismo ou na dança". Sabe por quê? Porque os cientistas
já jogaram na lata de lixo a idéia de que existem raças humanas. Isso
mesmo que você leu: o cientistas já provaram que não existem raças
humanas! O motivo para isso é simples. Afinal, o que faz alguém ser "
branco" ou " negro" é pouco mais de meia dúzia de genes. Porém, o ser
humano possui dezenas de milhares de genes. Veja o que diz o professor
Sérgio Danilo Pena, da UFMG, um dos principais geneticista do
mundo: "Hoje existe consenso, entre antropólogos e geneticistas, de que,
sob este prisma biológico, raças humanas não existem. A espécie Homo Sapiens é demasiadamente jovem e móvel para ter se diferenciado em
grupos tão distintos. Ao estudar a variabilidade genética humana, vemos
que de 90% a 95% dela ocorre dentro dos chamados 'grupos raciais', e
não entre eles. Cada um de nós é um ser humano único e igualmente
diferente de qualquer outro ser humano, viva ele em Belo Horizonte,
Tóquio ou Luanda. Por outro lado, certamente raças existem como
construções sociais e culturais (grifo nosso), e o racismo é uma realidade, por mais
perversa e detestável que seja". (Jornal Folha de São Paulo, 17/12/2002).
O cérebro é a sede da inteligência. O cientistas mostram que inteligência tem a ver com os genes e com a vida que o indivíduo leva. De qualquer modo, uma coisa é certa: os genes que determinam a cor da pele de uma pessoa não têm nada a ver com os genes que determinam a formação do cérebro. Em outras palavras, não existe "cérebro de negro" ou "cérebro de branco"! Do mesmo jeito que não há "sangue de branco" e "sangue de negro" e por aí vai.
A cor dos olhos é definida por meia dúzia de genes. O tamanho do nariz e a cor da pele também. Ora, será que as pessoas de olhos azuis são mais fortes do que as de olhos verdes? Será que as pessoas de orelhas grandes são mais inteligentes do que as pessoas de orelhas pequenas? Já pensou se alguém falasse em "a raça dos orelhões e a dos orelhinhas?" Pelo mesmo raciocínio, não se pode achar que a cor da pele de uma pessoa, o tipo de cabelo ou de nariz determinam a inteligência, a capacidade de trabalhar, de fazer arte ou praticar esportes de um povo ou de um indivíduo. Portanto, não existe raça branca nem negra. O fato de alguém ser branco ou negro tem tanto a ver com a capacidade mental ou física dessa pessoa quanto o fato de ela ter pés grandes ou pequenos.
O preconceito é aquilo que vem antes do conceito, ou seja, é a opinião que não resultou de nenhum pensamento profundo. Quem é preconceituoso acredita numa idéia sem jamais verificar se essa idéia é verdadeira ou falsa. Aceita passivamente o preconceito, não questiona, não busca novas informações. É uma espécie de cordeirinho mental, manso, obediente, alegre com sua própria ignorância e irracionalidade. O racismo é um tipo de preconceito. Exemplo de atitudes racistas: a loja que trata mal os clientes negros, os delinqüentes que botam fogo num índio, o político que alerta sobre "o perigo que os judeus representam para o país", os filmes que sempre mostram os árabes como terroristas e os latinos-americanos como traficantes de drogas. Existem preconceitos contra as mulheres, contra as crianças que moram na rua, contra os favelados, contra os obesos, contra os idosos, contra os homossexuais, enfim, a lista é enorme.
A
Constituição brasileira é bem clara: discriminação racial constitui
crime inafiançável. Por isso, amigo leitor, se você presenciar um caso de
discriminação racial, reaja contra essa injustiça. Primeiro, tente
dialogar, mostrar que a pessoa não pode discriminar, que essa atitude
contraria a ciência (não existem raças humanas) e os direitos do
cidadão (a Constituição assegura os mesmos direitos a todos). Caso o
indivíduo insista na discriminação racial, chame a polícia e
denuncie. Racismo é crime, e lugar desse tipo de crimonoso é na
penitencária!
(Schmidt, Mário. Nova História Crítica. São Paulo: Nova Geração, 2007. pp. 192-193).
(Schmidt, Mário. Nova História Crítica. São Paulo: Nova Geração, 2007. pp. 192-193).
II - FRAGMENTOS DA HISTÓRIA DA ÁFRICA
Vejamos
o que escreveram os os historiadores Renato Pinto Venâncio, da
Universidade Federal de Ouro Preto(UFOP) e a Mary Del Priore, da
Universidade de São Paulo(USP) e da Pontífice Universidade Católica do
Rio de Janeiro(PUC-RJ)à respeito das civilizações do Gongo e de Angola,
lugares de onde vieram parte significativas dos nossos irmãos africanos
para serem escravizados aqui no Brasil.
"A
maioria da população se dedicava à agricultura, produzindo
especialmente variedades de painço e sorgo (...). A capital (do Gongo),
Mbanza, na qual morava o rei, e onde se cruzavam rotas comerciais,
contava, quando da chegada dos portugueses, cerca de 100,000
habitante. (...) Possuidor de moeda própria, o zimbo, concha que o
ntotila (rei) mandava recolher na ilha de Luanda, o Congo possuía, também,
uma organização produtiva complexa. (...) Cidades como Mbanza Congo,
Mbata e Mpinda abrigavam importantes feiras. (...) O artesanato - que
compreendia a fabricação de tecidos de ráfia (fibra da palmeira) e o
trabalho em marfim e cobre - era extremamente desenvolvido, assim como a
tecnologia do ferro. Tanto o mar quanto os pântanos salgados proviam a
população de sal que, junto com o abundante ferro, alimentava redes de
comércio regional. Dos reinos vizinhos recebiam cobre de Katanga e
tecidos (...). O reino congolês se dividia entre a capital e o campo e
tinha três estratos sociais bem definidos: a nobreza, os camponeses ou
aldeões e os escravos. (...) Este grupo era formado por parentes do rei ou
de soberanos que tinham precedido. (...) Sendo polígamos (com várias
esposas ao mesmo tempo), os reis tinham muitos filhos. (...) A
matrilinearidade, ou seja, a descendência materna, definia o acesso à
terra, a residência e a sucessão frente às aldeias. Era o rei, contudo,
quem escolhia seus homens de confiança. (...) Ele nomeava governadores
territoriais, demitia funcionários a seu bel-prazer. Sentado em cadeira
de marfim ou ferro, trazendo na cabeça boné ricamente bordado e, no
ombro, uma cauda de zebra, o monarca (...) (chefiava) uma guarda composta
por cerca de dezesseis a vinte mil escravos, espécie de exército
privado. (...) A pé e envolvidos em peles de elefantes, os guerreiros
portavam pequenos arcos e suas flechas, conhecidas pela precisão com que
atingia o inimigo, eram untadas em venenos poderosos. Quando havia
guerras contra estrangeiros, convocavam-se homens livres.
(Del Priore, Mary & Venâncio, Renato Pinto. Ancestrais. Uma Introdução à História da África Atlântica. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004, pp. 138-144)
(Del Priore, Mary & Venâncio, Renato Pinto. Ancestrais. Uma Introdução à História da África Atlântica. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004, pp. 138-144)
VÍDEOS:
Documentário: Zumbi dos Palmares
Documentário: Índios, quem são eles?
Documentário: Brasil, uma história inconveniente
MAPAS HISTÓRICOS:
FORMAÇÃO DO POVO BRASILEIRO
BRASIL: PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
COLONIZAÇÃO E DEVASTAÇÃO
OS ÍNDIOS ENTRE A CRUZ E A ESPADA
ESCRAVOS: UMA VALIOSA MERCADORIA
CONTESTAÇÃO À ORDEM IMPERIAL
ROTAS DA RIQUEZA,CAMINHOS DA COLONIZAÇÃO
REPÚBLICA: REVOLTAS DE NORTE A SUL
FOTOS
ANTÔNIO CONSELHEIRO
ÍNDIO ARARIBÓIA
ZUMBI DOS PALMARES
LARGO DO PELOURINHO
FREI CANECA
FONTE BIBLIOGRÁFICA: COLEÇÃO HISTÓRIA PASSADO E PRESENTE - JOSÉ ROBERTO MARTINS FERREIRA. SÃO PAULO: FTD, 1998. |
LITERATURA DE CORDEL:
IA minha grande missãoTodos os dias, toda hora,É sempre lembrar ao povoQue tivemos em outroraUm incansável guerreiroQue o almado por ele chora!IISabe-se pouco desse ícone,É nosso irmão brasileiroNasceu no maior quilombo,Esse sagrado celeiroQue foi lar e fortalezaDo homem virtuoso e obreiro!IIIEsse quilombo meu irmãoÉ o quilombo de PalmaresLocalizado na serraUm espaço de bons ares:– Nossa serra da Barriga,Lá fizeram muitos lares!IVEra um lugar afastadoFicava entre dois estadosAlagoas e PernambucoLá foram os humilhadosFugindo dos coronéisEsses seres depravados!VEra uma terra bem fértilCom vegetação abundanteE bastante palmeirais,Daí esse espaço importanteSer chamado de Palmares,Pois, num verso triunfante...VIDigo com sabedoria,É fato na nossa HistóriaQue o século dezesseisVivenciara com glóriaUma batalha ferrenhaCom altivez e simplória...VIIDe um povo que lutavaPor sua libertaçãoAbrigando-se em Palmares,Fugindo da escravidãoDo engenho Pernambucano,Que a tortura era a lição!VIIIHoje Palmares seriaO nosso Estado de AlagoasQue no tempo pertenciaApós brigas das coroasA grande capitaniaQue consumia muitas broas...I XA capitania meu irmãoPernambuco era seu nomeLá levaram muitos negros,A tudo isso você some,Maus tratos, humilhação,Perseguição, morte e fome!XPalmares pra nós é marco,Apesar de destruído,Viveu 65(sessenta e cinco) anos, (1629-1694)Dando suporte ao oprimido,Pois, é importante dizer,Que num ato destemido...XILogo essa pequena aldeiaTorna-se a comunidadeCom o maior contigenteDe fugitvos do mundoTinha como regenteO velho rei Ganga Zumba,O poeta reticente...XIIDiz com muita convicção,O país Brasil estáNo rol das grandes nações,Como ceifador de lar,E torturador de humanosIsto é fato pra pensar!XIIIO quilombo de PalmaresTeve uma populaçãoDe trinta mil habitantes,Gente de bom coraçãoQue via neste lugarO espaço da salvação!XIVOs quilombolas entãoViviam basicamenteDa pequena agriculturaPlantavam regularmenteMilho,banana, feijão,Tudo era suficiente...XVAinda tinha mandioca,Alimento apreciado,Laranja e cana-de-açúcar,Pra ficar vitaminado,Faziam artesanato,E também muito bordado...XVITrabalhavam com cerâmica,Tecido, palha e metais,Eram muito inteligentes,Nas tradições culturaisBuscaram inspiraçãoPra seguir seus ancestrais!XVIITambém sabiam pescar,Eram grandes pescadoresPorém, meus caros amigosEsses negros labutores,De forma potencialForam grandes construtores!XVIIIA organização políticaE as formas de lideranças,Dizem historiadores:– Tinham muitas semelhançasCom os reinos africanos,Isto estava nas lembranças!XIXPalmares torna-se então,Uma grande referênciaSurge quilombo em Sergipe,Ponha isto na consciência,E também lá no Sudeste,Não é loucura ou demência!XXEspírito Santo e RioDe Janeiro, anote então,Para você não esquecerE lembrar que a escravidãoExistia de norte a sulDeste sagrado torrão!XXIO quilombo foi partidoEm inúmeras aldeiasOu como queira, em mocambos,Escapou de muitas peiasDos lusos e dos batavosPovos que tinham nas veias...XXIIA ambição mercantilista,O lucro e a satisfaçãoEra o credo desses gringos,Que utilizando a opressão,Fomentavam seus negócios,Deixando a destruição!XXIIIOs mocambos mais famososForam Zumbi e SubupiraE ainda também MacacoDespertando assim, muita iraAos “donos da região”,Que os tinham na sua mira!XXIVMontaram expedições,Contrataram bandeirantesPra ceifar os quilombolas,Mas os negros triunfantesFizeram a resistênciaDiante dos meliantes!XXVPorém, nação brasileira,Os que habitavam PalmaresCom disposição e bravura,Juntaram-se com seus pares,Pra conter as invasõesDaqueles povos dos mares!XXVIPois, vários governadoresDe Pernambuco almejavam,Destruir também Palmares,Deste modo, incentivaramGanga Zumba a concordarCom tratados que levavam!XXVIIDentre tantos, Pedro AlmeidaBuscava sempre a extinçãoDo quilombo de PalmaresE os negros a submissãoAo seu poderoso Estado,Propôs com má intenção...XXVIIIGrande tratado de paz,Que concedia autonomia,Aos que habitavam Palmares,Pra que tivesse valiaTinha que ter lealdade,Mas, Zumbi com rebeldia...XXIXDiscordou de Ganga ZumbaQue aceitou de imediatoObedecer à coroaEm troca daquele trato,Porém, Zumbi foi bem claro:– Ganga Zumba esse seu ato...XXXNão devemos aceitar,Pois, não se trata somenteDe vivermos livre aqui,Precisa-se urgentementeAcabar a escravidãoIsto está na nossa mente!XXXIOs outros reconheceramQue Zumbi estava corretoMataram o Ganga ZumbaIsto é fato concreto,O velho rei envenenado,E os quilombolas sem teto.XXXIIZumbi agora é o novo rei,Defende bem seus irmãosE em batalhas memoráveisCombateu sempre os vilãos,Causadores da opressãoDos notáveis cidadãos!XXXIIIA fama do rei ZumbiEspalha-se em regiãoO novo governadorSouza Castro entra em ação,Tentando prender ZumbiEsta era a orientação!XXXIVPortanto, na madrugada,Era 06 (seis) de fevereiroDo escuro ano, mil seiscentosE noventa e quatro (1694), o arqueiroDa expedição de DomingosJorge Velho acerta o armeiro...XXXVE o perverso bandeiranteEntra e destrói Palmares,A batalha foi feroz,Lutas espetacularesDos bravios quilombolasQue mandava pelos ares...XXXVIOs soldados inimigos,Mas, embora inferiores,Ao belicismo adversante,Foram homens lutadores,Destemidos até a morte,Ficam pra nós, seus valores!XXXVIINo meio dessa batalhaDe modo fenomenalZumbi consegue escaparCom um grupo especialResistindo quase um ano,Esse líder sem igual...XXXVIIIFoi procurado até a mortePorém, não se acovardouCom um grupo reduzidoOs tiranos enfrentou,Era 20 (vinte) de novembroQuando o rei capitulou.XXXIXO ano de mil e seiscentosE noventa e cinco (1695) estar,Nos anais da nossa históriaComo um marco pra lembrar,Pois, simboliza o primeiroGrito do negro a clamar...XLPela sua liberdade!Por outro lado, é importanteFazer uma reflexãoSobre uma data marcanteDia 20 (vinte) de novembro,Como data ressonante...XLIE um referencialE também uma homenagemA Zumbi o rei de Palmares,Ainda cabe na bagagem,Nossa Consciência NegraE os que tiveram coragem...XLIIResistindo bravamenteA peçonha escravidão,Destaque no calendário,Espalhe a nossa nação,Vamos bem comemorarA nossa libertação!XLIIIPelo século dezoitoDesponta Minas Gerais,Vemos quilombo tambémEm Mato Grosso e Goiás,Essa nova resistênciaSe espalha Cada vez mais!XLIVObserva-se então, que o negro,Sempre lutou bravamente,Contra a exploração e desmando,E assim, conscientemente,Foi fazendo a resistência,E mostrando pra oponente...XLVAtravés do suicídio,Do boicote e sabotagem,Dos abortos das mulheres,Seres de muita coragem,Também a confrontação,Lá na casa da moagem...XLVIAs fugas constantemente,Coletiva ou até sozinho,Marcaram esse períodoMostrando pra o senhorzinho,Que jamais se curvariam,E ignoravam pelourinho!XLVIIAinda nos tempos de hoje,Vemos no nosso caminho,Uma escravidão moderna,Não se usa mais chicotinho,Mas, tortura e humilhação,Através desse soldinho...XLVIIIQue é destinado ao mulato,Ao mameluco e ao cafuzo,Que não tem voz, nem espaço,Povo visto como intruso,Pela classe dominante,Que deles fazem abuso!LIXEntão meu caro cupincha,Grito forte a multidão,Vamos às praças e as ruas,Dessa nossa região,Dizer com muita eloqüência,Que meu sofrido povão...LNão quer mais escravidão,Mas, a sua liberdade,Que deve ser respeitadaSempre a sua integridade,Suas crenças e culturasComo apregoa a irmandade!Fim
1Começo a minha pelejaContemplando o meu pajé,E pedindo as suas bênçãos,Pra seguir firme e com féPor caminhos mal traçadosE chegar ao igarapé!2Estou numa terra fértil,Com clima bem gostosinho,Aqui o que se planta dar,O tempo passa lentinho,Sua gente é bem disposta,Tem Canto de passarinho!3O céu é bastante azuladoComo é bela a fauna e flora,Aqui não existe relógioO tempo que me diz a hora,Não tenho nenhuma pressaCanta para mim a aurora!4Recordei com alegriaO meu Brasil juvenilTempos de dias risonhosE orientação senil...Que venho compartilharCom meu rebento infantil...5O tempo é muito velozE guarda muitos segredos,E os sonhos se dissipandos,Novos tempos trazem medos,O coração vai apertando,E vou tecendo os enredos!6Eu sou de uma tribo extintaPerdi minha identidadeExpulsaram- me da terra,Tiraram-me a liberdade,Sucumbiram minha estória,Só vejo a frente maldade!7Não é loucura ou delírio,Puseram na nossa mente,Uma valorizaçãoDe personagens somenteQue tivesse a cor branquinhaPra ficar belo o repente!8Assim fora construídaA nossa engraçada históriaPelos europeus e gêneros,Vemos cartilha notória,Falando de imperadores,Que coisa mais irrisória!9Têm também navegadoresSendo bastante endeusados,Os líderes militares,Todos bem Condecorados,E os perversos bandeirantes,Sempre bem solicitados!10Todos são considerados,Como heróis nacionais,Nós esperamos que em breveConstruamos manuaisQue incluam o negro e o índioComo figuras centrais!11Um grande passo foi dado,Na educação rotineira,E pra o povo produzirmos,Uma história verdadeiraA respeito da nação,Que chamamos brasileira!12É obrigatoriedadeE não previsão futuraA implementação da leiQue trata a história e a culturaAfricana e indigenistaComo parte da estrutura...13Da nossa nação brasileira,A lei em destaque meu irmão,Dista 11.645(onze mil e seiscentosE (quarenta e cinco), então,É necessário entenderPra uma boa aplicação...14E também aceitação,Desta lei sancionada,Que a obrigatoriedadeNão está condicionadaA isolarmos outros povos,Ou termo a mente fechada!15Busco possibilitarRompimento socialCom uma hierarquizaçãoExistente e culturalQue discrimina e falseiaPelo espaço terreal!16Quero também entenderA história da humanidade,Porém, é muito importante,Que a escola e a sociedadeExija e faça valer,A lei, com intensidade!17Faço-te essa aclamaçãoPois, esta lei dista do anoDe 2008(dois mil e oito) pra queNão haja nenhum engano,E todos nós, não esqueçamos,O povo ainda é soberano...18Lembre-se bem dessa deixa,Veja os exemplos na históriaAs conquistas que tivemosFoi com a luta notóriaDesse povo sofredorQue sempre almejou a vitória!19Essa lei tem grande alcance,Toca na diversidade,Nunca é tarde enfatizarQue somos uma irmandadeFormada de muitas raças,Porém, com simplicidade...20Essa miscigenação,Acaba nos fornecendo,Uma beleza sem fim,E o país vai florescendoCom essa variedade,E sua gente crescendo!21Porém, estufem o peito,Não importa se é educador,Gari, médico ou cientista,Seja colaborador,Dessa santa comunhãoE também divulgador...22Desse legado deixadoPelos povos da floresta,Pelos povos africanos,Saíamos detrás das frestasDevamos ter consciênciaPois, isto ainda nos resta!23Quando se fala em legadoMostro a minha gratidão...As palavras africanasQue com muita precisãoO português adotouEm muitas áreas então!24Como exemplo as culturaisConservando sempre a formaE o sentido originalPorém, dentro dessa normaTem samba, xingar e tanga,Se você não se conforma...25Ainda tem candomblé,Muamba, sunga e jiló,Mangar, umbanda e capanga,Maracutaia e mocotó,Maxixe, fubá, cuíca,Forró, cachaça e gogó!26Trago bem o meu cachimbo,Desço o morro na banguela,Com o berimbau e o agogô,Vou correndo a casa dela,Pois, sei que estar me esperandoDebruçada na janela...27Pra comermos feijão pretoCom quiabo e vatapá,Mas também tem caruru,Acarajé, mungunzá,Angu e bastante pamonhaEu não posso me atrasar...28E nem tampouco esquecerQue além do negro meu irmão,Temos heranças dos índiosGente de bastante ação,Como banharmos nos rios,Utilizar o alçapão...29Também andarmos descalços,E conhecermos as plantas,O uso da rede e tabaco,Por essas terras bem santas,Foram muito apreciadosE assim bem forte tu cantas...30Que também a língua e a música,E essa forma costumeiraDe descansarmos de cócoras,Digo a você de primeiraÉ legado indigenista...Diga para a nação inteira!31Não esqueça da culinária,Da cesta e do artesanato,Pois, estou com muita fome,Vou agora pegar meu prato,Pra comer uma moquecaDepois fazer meu relato...32Ao ser bom coraçãoQue também é apreciado:O milho para o quitute,No nosso hábito sagrado,Farinha de mandiocaAlimento consagrado!33Obrigado meu pajé,Olorum, Meu grande irmão,Escrevi pra humanidade,Esta bonita canção,Com as bênçãos dos fraternosE amor no meu coração!Fim
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