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terça-feira, 21 de março de 2017

21 DE MARÇO – DIA INTERNACIONAL CONTRA A DISCRIMINAÇÃO RACIAL

  

No dia 21 de março de 1960, na cidade de Joanesburgo, capital da África do Sul, 20 mil negros protestavam contra a lei do passe, que os obrigava a portar cartões de identificação, especificando os locais por onde eles podiam circular.
No bairro de Shaperville, os manifestantes se depararam com tropas do exército. Mesmo sendo uma manifestação pacífica, o exército atirou sobre a multidão, matando 69 pessoas e ferindo outras 186. Esta ação ficou conhecida como o Massacre de Shaperville. Em memória à tragédia, a ONU – Organização das Nações Unidas – instituiu 21 de março como o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial.
O Artigo I da Declaração das Nações Unidas sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial diz o seguinte:
“Discriminação Racial significa qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada na raça, cor, ascendência, origem étnica ou nacional com a finalidade ou o efeito de impedir ou dificultar o reconhecimento e exercício, em bases de igualdade, aos direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou qualquer outra área da vida pública”
O racismo se apresenta, de forma velada ou não, contra judeus, árabes, mas sobretudo negros. No Brasil, onde os negros representam quase a metade da população, chegando a 80 milhões de pessoas, o racismo ainda é um tema delicado.
Para Paulo Romeu Ramos, do Grupo Afro-Sul, as novas gerações já têm uma visão mais aberta em relação ao tema. “As pessoas mudaram, o que falta mudar são as tradições e as ações governamentais”, afirma Paulo. O Grupo Afro-Sul é uma ONG de Porto Alegre, que promove a cultura negra em todos os seus aspectos.
Segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD – em seu relatório anual, “para conseguir romper o preconceito racial, o movimento negro brasileiro precisa criar alianças e falar para todo o país, inclusive para os brancos. Essa é a única maneira de mudar uma mentalidade forjada durante quase cinco séculos de discriminação”.
Aproveite esta data para refletir: você tem ou já teve atitudes racistas?
 Fonte: http://www.geledes.org.br/

21/03/2017

domingo, 5 de março de 2017

MOONLIGHT: SOB A LUZ DO LUAR": UM AFRO-AMERICANO EM BUSCA DE SI MESMO

Ficção de Barry Jenkins retrata a infância, adolescência e a vida adulta de Chiron, um garoto negro, gay e pobre.
Xandra Stefanel especial para a RBA

AdicMoonlight: Sob a Luz do Luar já coleciona vários prêmios e recebeu oito indicações para o Oscar 2017 / Reproduçãoionar legenda

Moonlight: Sob a Luz do Luar já coleciona vários prêmios e recebeu oito indicações para o Oscar 2017 / Reprodução
Chiron é um menino doce e desconfiado que mora com a mãe em um bairro violento nos arredores de Miami. O filme Moonlight: Sob a Luz do Luar, que estreou na última quinta-feira (23) nos cinemas brasileiros, acompanha a trajetória do garoto desde a infância até a fase adulta em sua busca pelo autoconhecimento. O longa-metragem de Barry Jenkins é divido em três atos, intitulados com os nomes e apelidos do personagem nas três fases da vida: Little (pequeno, em inglês); Chiron (seu nome verdadeiro); e Black (negro, também do inglês).
Comovente e intenso, o filme faz uma espécie de construção psicossocial de um menino que desde cedo encontrou muita dificuldade para se entender, se aceitar e compreender por que era tão excluído e humilhado pelas outras crianças. Quieto e sensível, Little (Alex R. Hibbert) se sentia diferente de seus colegas, meninos que afirmavam sua masculinidade pela agressão e pelo bullying enquanto ele adorava dançar.
Um dia, ao fugir de outros garotos para não apanhar, Little conhece Juan (Mahershala Ali), um homem gentil e que comanda o tráfico naquela região. Sem querer voltar para a mãe (Naomie Harris), uma enfermeira viciada em crack, o menino o acompanha até sua elegante e confortável casa na famosa Miami estampada nas revistas. Ali, Chiron encontra aconchego e refúgio para as situações difíceis. Ele vê em Juan a figura paterna que nunca teve, uma pessoa emocionalmente estável e sem julgamentos, alguém que viria a ser seu porto seguro.
Uma das cenas mais bonitas é quando Juan ensina Little a nadar e o segura em seus braços, mostrando que o menino podia confiar nele. Aliás, é ele quem alerta: "Vai chegar a hora em que vai ser preciso decidir quem você é", em uma possível alusão aos confrontos internos que Chiron vive por causa de sua cor e sexualidade. Dono de uma sensibilidade e insegurança muito grandes, era preciso que o menino se protegesse para sobreviver em um mundo tão duro e cruel.
É por isso que na adolescência, o jovem (agora interpretado por Ashton Sanders) vai criando uma carapaça que culmina no terceiro ato com o surgimento de um Chiron diferente: Black (na pele do ex-atleta americano Trevante Rhodes) é enorme, cheio de músculos e, vestido como bad boy, exala o que se convencionou a chamar de masculinidade. Mas o pequeno Little ainda habita o adulto com cara de mal, sua sensibilidade permanece lá, mesmo que escondida.
O diretor, que morou na região onde se passa o filme, nos apresenta com muita delicadeza os caminhos trilhados por Chiron em busca das verdades mais íntimas do personagem. Há poesia, lirismo, delicadeza e sutilidade na narrativa de Barry Jenkins, na qual a fotografia, com fortes contrastes, se encaixa harmoniosamente.
O longa é dirigido por um afro-americano e traz protagonistas negros com atuações magníficas que são o ponto forte da produção. Não se trata, porém, de um filme sobre raça e sexualidade, mas sim sobre a solitária busca pelo o autoconhecimento e é isso que faz com a obra seja universal e tão poderosa. O fato de contar uma história de um garoto negro e gay mostra apenas que todos, uma hora ou outra, passam pelos mesmos questionamentos sobre o que somos e o que queremos ser. E a constatação de que somos todos iguais é ainda mais poderosa agora que os Estados Unidos têm à frente do país um presidente racista e homofóbico.
Moonlight: Sob a Luz do Luar já coleciona vários prêmios e recebeu oito indicações para o Oscar 2017 (Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator Coadjuvante, Melhor Atriz Coadjuvante, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Trilha Sonora, Melhor Fotografia e Melhor Edição). A cerimônia da 89ª Academia de Artes e Ciências Cinematográficas foi realizada neste domingo (26), e o filme saiu como o vencedor de Melhor Filme.



Fonte: www.brasildefato.com.br

28 de Fevereiro de 2017