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sábado, 25 de agosto de 2012

Todo Poder aos Trabalhadores


A LIBERDADE GUIANDO O POVO - EUGÈNE DELACROIX(1831)
Nestes tempos de campanhas políticas, onde pululam fotos, cartazes e outdoors pelos rincões deste Brasil afora com as imagens dos pseudos super-homens que aparecem como a solução dos problemas da humanidade. Diga-se, a história se repetindo em forma de ‘comédia e tragédia’.

Isto mesmo, a história oficial trabalha com essa matéria-prima, que é negar ao povo qualquer participação profunda nas mudanças da sociedade. No dizer de Chiavenato (1988:05), “a partir daí se exerce um controle ideológico tendo por base o seguinte: são os ‘grandes homens’, os ‘heróis’ e os ‘santos’ que lutam pelas massas, pois elas são incapazes de entender a grande política. O culto ao herói, ao grande homem, é utilíssimo ao poder. Através do mito criado aprendemos a respeitar a autoridade e a não questionar o que é de ‘lei’. 

O culto aos grandes homens do passado, feito muitas vezes contra a verdade histórica, projeta-se nos anões políticos do presente, menosprezando a capacidade política do povo de cuidar do seu próprio destino. É muito simples entender, mas bastante complexo desarmar toda essa mitificação. Séculos de dominação ideológica, que nunca mostram o outro lado da história, levam-nos a acreditar nas ‘verdades estabelecidas’”

Desse modo, os meios de comunicação de massa aliados a esses pseudos super-heróis incutem no imaginário popular que uma sociedade ideal e perfeita precisa da existência de figuras desta estirpe, para cuidar dos anseios populares. Porém, esse modelo de sociedade criado por esses grupos míticos ao longo da história tem escandalosamente, enganado, combatido, derrotado, escravizado e destruído a classe trabalhadora em todos os aspectos.

Assim sendo, o que deveria ser dito aos trabalhadores é que eles não precisam de super-homens ou heróis, eles já são tudo isto. Não esqueçamos que, os proletariados parisienses organizados insurgiram-se em 1871, tomando a cidade de Paris e estabelecendo um governo popular (A Comuna de Paris); embora tenha sido por apenas 72 dias (18 de março a 28 de maio), um curto governo exercido pelos trabalhadores que foi possível observar medidas de saneamento social, moral e político.

É importante lembrar que, foram estabelecidas entre outras medidas: isenção do pagamento de rendas concedidas aos locatários pobres; instituição de pensão para viúvas e órfãos, acabando com a discriminação napoleônica entre filhos legítimos e naturais; proibição do trabalho noturno nas padarias; estabelecimento do princípio universal de eleição e restituição dos funcionários para todos os níveis, incluindo os magistrados; autonomia absoluta das municipalidades; tomada do poder político pelo povo parisiense, necessidade da ascensão política dos trabalhadores, de modo a promover a defesa intransigente da república social; medidas drásticas para a condução eficaz da luta contra os usurpadores externos (os prussianos) e internos (a equipe governamental chefiada por Adolphe Thiers), mobilizando para efeito toda a população, sem excluir as mulheres e as crianças. 

Neste movimento revolucionário, observa-se uma participação maciça dos intelectuais orgânicos, dos trabalhadores, das mulheres e de muitos jovens. Contudo, diante de um cenário desta natureza pululam várias indagações: Quais eram as motivações destes intelectuais, trabalhadores, jovens e mulheres? Certamente eles combatiam e tombavam na defesa dos habituais slogans como “Viva a Comuna! Viva a República!”. Mas eles defendiam a Comuna ou Socialismo? O que eles tinham ouvido falar sobre Proudhon, Blanqui ou Marx?

Indagações a parte, isto é um exemplo na história que devemos considerar e respeitar. Ademais, que o povo unido é capaz de transformar qualquer sociedade. Jamais, deveremos subestimar a luta popular, “o povo sabe que é sujeito e não objeto da história”. Esse povo que é subestimado e vilipendiado pela classe dominante, como os afrodescendentes, os indígenas, os  trabalhadores etc., “são madeira de lei e cupim não rói”. Enfim, os trabalhadores conhecem o significado de sua luta, por isto não os desdenhem. 

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 

CHIAVENATO, Júlio Jose. As lutas do povo brasileiro: do descobrimento a  Canudos.São Paulo: Moderna, São Paulo, 1988.
DELACROIX, Eugène. A Liberdade Guiando o Povo (1831).

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