A LIBERDADE GUIANDO O POVO - EUGÈNE DELACROIX(1831) |
Nestes tempos de campanhas políticas, onde pululam fotos,
cartazes e outdoors pelos rincões deste Brasil afora com as imagens dos pseudos
super-homens que aparecem como a solução dos problemas da humanidade. Diga-se,
a história se repetindo em forma de ‘comédia e tragédia’.
Isto mesmo, a
história oficial trabalha com essa matéria-prima, que é negar ao povo qualquer participação
profunda nas mudanças da sociedade. No dizer de Chiavenato (1988:05), “a partir
daí se exerce um controle ideológico tendo por base o seguinte: são os ‘grandes
homens’, os ‘heróis’ e os ‘santos’ que lutam pelas massas, pois elas são incapazes
de entender a grande política. O culto ao herói, ao grande homem, é utilíssimo ao
poder. Através do mito criado aprendemos a respeitar a autoridade e a não
questionar o que é de ‘lei’.
O culto aos grandes homens do passado, feito
muitas vezes contra a verdade histórica, projeta-se nos anões políticos do
presente, menosprezando a capacidade política do povo de cuidar do seu próprio destino.
É muito simples entender, mas bastante complexo desarmar toda essa mitificação.
Séculos de dominação ideológica, que nunca mostram o outro lado da história,
levam-nos a acreditar nas ‘verdades estabelecidas’”.
Desse modo, os meios de
comunicação de massa aliados a esses pseudos super-heróis incutem no imaginário
popular que uma sociedade ideal e perfeita precisa da existência de figuras
desta estirpe, para cuidar dos anseios populares. Porém, esse modelo de
sociedade criado por esses grupos míticos ao longo da história tem
escandalosamente, enganado, combatido, derrotado, escravizado e destruído a
classe trabalhadora em todos os aspectos.
Assim sendo, o que deveria ser dito
aos trabalhadores é que eles não precisam de super-homens ou heróis, eles já
são tudo isto. Não esqueçamos que, os proletariados parisienses organizados
insurgiram-se em 1871, tomando a cidade de Paris e estabelecendo um governo popular
(A Comuna de Paris); embora tenha sido por apenas 72 dias (18 de março a 28 de
maio), um curto governo exercido pelos trabalhadores que foi possível observar
medidas de saneamento social, moral e político.
É importante lembrar que, foram
estabelecidas entre outras medidas: isenção do pagamento de rendas concedidas
aos locatários pobres; instituição de pensão para viúvas e órfãos, acabando com
a discriminação napoleônica entre filhos legítimos e naturais; proibição do
trabalho noturno nas padarias; estabelecimento do princípio universal de
eleição e restituição dos funcionários para todos os níveis, incluindo os
magistrados; autonomia absoluta das municipalidades; tomada do poder político
pelo povo parisiense, necessidade da ascensão política dos trabalhadores, de
modo a promover a defesa intransigente da república social; medidas drásticas
para a condução eficaz da luta contra os usurpadores externos (os prussianos) e
internos (a equipe governamental chefiada por Adolphe Thiers), mobilizando para
efeito toda a população, sem excluir as mulheres e as crianças.
Neste movimento
revolucionário, observa-se uma participação maciça dos intelectuais orgânicos, dos trabalhadores, das
mulheres e de muitos jovens. Contudo, diante de um cenário desta natureza
pululam várias indagações: Quais eram as motivações destes intelectuais, trabalhadores, jovens
e mulheres? Certamente eles combatiam e tombavam na defesa dos habituais
slogans como “Viva a Comuna! Viva a República!”. Mas eles defendiam a Comuna ou
Socialismo? O que eles tinham ouvido falar sobre Proudhon, Blanqui ou Marx?
Indagações
a parte, isto é um exemplo na história que devemos considerar e respeitar. Ademais,
que o povo unido é capaz de transformar qualquer sociedade. Jamais, deveremos subestimar
a luta popular, “o povo sabe que é sujeito e não objeto da história”. Esse povo
que é subestimado e vilipendiado pela classe dominante, como os afrodescendentes, os indígenas, os trabalhadores etc., “são madeira de lei e cupim não rói”. Enfim, os trabalhadores
conhecem o significado de sua luta, por isto não os desdenhem.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
CHIAVENATO, Júlio Jose. As lutas do povo brasileiro: do descobrimento a Canudos.São Paulo: Moderna, São Paulo, 1988.
DELACROIX, Eugène. A Liberdade Guiando o Povo (1831).
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