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segunda-feira, 16 de maio de 2016

PRETO COSME: TUTOR & IMPERADOR DA LIBERDADE

PRETO COSME: TUTOR & IMPERADOR DA LIBERDADE




LUIZ CLÁUDIO


LUIZ CLÁUDIO nasceu em Macau/RN. É filho de Francisco Germano Sobrinho (falecido) e Maria do Rosário Costa da Silva. É Membro da Academia de Trovas do Rio Grande do Norte (ATRN); É Membro Fundador da Associação Potiguar de Literatura de Cordel (APLC). É poeta Parnasiano, Realista, Lírico, Romântico, Modernista, Trovador, Glosador, Resenhista, Professor Competente da Rede Oficial de Ensino, Integrante de diversas Antologias Literárias. Têm vários Trabalhos publicados em Revistas e Jornais bem como em Mídias Digitais. 


CORDEL

PRETO COSME: TUTOR & IMPERADOR DA LIBERDADE  

Autor: Luiz Cláudio


I
Preste atenção camarada,
Em toda sociedade
Tem uma classe dominante,
Que só planeja maldade
Ela não admite ascensão
De gente com lealdade!
II
Porém, com essa toada,
Convoco os trabalhadores
P´ra levantar a bandeira,
Cantar hinos e louvores,
Pelos cantos do Brasil
Que somos os construtores!
III
Nós lutamos todo dia,
Contra opressão e o preconceito,
Dessa elite vil e ordeira,
Temos caráter, respeito,
Disposição e dignidade,
Guarde bem esse conceito!
IV
Falando em luta do povo,
Digam-se, nós brasileiros,
Mistura de índios e negros
Seremos sempre guerreiros,
Mas, a história oficial,
Nos taxa de desordeiros!
V
Não temos nenhuma importância,
Somos caso de polícia,
Difamação e maus tratos,
Repare quanta malícia
Recai sobre nossa gente,
Nunca tivemos carícia!
VI
Sempre fomos castigados,
Várias formas de torturas,
Aqui foram aplicadas
Estão nas literaturas,
Nossas negras estupradas
Com sofrimentos e agruras!
VII
Com tantas perversidades
Na época regencial
Teve revoltas escravas
Pois, isto escondia o jornal,
As repressões eram feitas
De forma muito brutal!
VIII
Porém, isto não inibiu,
Que Cosme Bento das Chagas,
Chamado de Preto Cosme,
Por pares daquelas plagas
Tivesse o nome lembrado
Nas histórias e nas sagas...
IX
De intelectuais orgânicos,
Que com arte e sapiência
Fizeram a diferença,
Usaram bem a ciência
P´ra o benefício do povo
Guarde isto, na consciência!
X
O Preto Cosme, meu irmão,
Negro sabido e valente,
Dizem que nasceu em Sobral,
Uma terra muito quente,
Província do Ceará,
Era tutor eloquente...
XI
Foi fruto da escravidão,
Mas, depois alforriado,
Levado p´ra o Maranhão,
Porém, foi logo enturmado:
Itapecuru-Mirim,
Nessa comarca foi arranchado!
XII
Mil oitocentos e trinta (1830)
Ele foi preso e acusado
De cometer homicídio,
P´ra São Luís foi enviado,
Porém, conseguiu fugir,
O negro era muito ousado!
XIII
Então nove anos (09) depois,
Em meio às insurreições
Escravas, que aconteciam,
Por aquelas regiões
Reuniu sob seu comando
Três mil (3000) negros valentões...
XIV
A sede do movimento,
Fora uma grande fazenda
De nome Lagoa Amarela,
Lá teve muita contenda,
Cosme p´ra ensinar os pares
Construiu uma grande tenda...
XV
Transformando-a numa escola,
Então, a popularidade,
Do Preto Cosme crescia
Em toda comunidade,
Diziam que era feiticeiro,
Pregava a fraternidade!
XVI
E também se intitulava,
O Tutor e Imperador
Da incessante Liberdade,
Esse negro lutador
Obrigou muitos senhores
Sob coação e também dor...
XVII
A dar cartas de alforrias
Aos negros escravizados
Em Itapecuru-Mirim,
Tornando-os alforriados,
Cosme como bom político
Procurou uns aliados...
XVIII
Pois, durante a Balaiada,
Muitas cartas escreveu
Aos líderes Bem-Te-Vis
Porém, não os convenceu,
Os Bem-Te-Vis e os Balaios
Não acreditaram no ‘Orfeu’...
XIX
Com o Duque de Caxias
Fizeram negociatas,
Em troca de anistias,
Esqueceram as chibatas
Das elites dominantes
Se tornando suas castas!
XX
Os Bem-Te-Vis e Balaios,
Alguns homens fraquejaram
Aliaram-se ao governo,
E os irmãos apedrejaram
Pois, é importante lembrar...
Os humildes que almejaram...
XXI
Esse país transformar,
Ao lado da burguesia,
E desse coronelismo
Vigente na freguesia,
Sempre foram humilhados
Isto, vovó me dizia...
XXII
Mesmo assim, o Preto Cosme,
Sem a nossa Balaiada
Como uma sustentação,
P´ra sua árdua caminhada
De libertar os escravos
Dessa gente desalmada!
XXIII
Continuou firme e forte,
Com o seu grande objetivo,
Logo veio a repressão,
Caxias foi taxativo,
Enforquem o Preto Cosme,
Não quero esse negro vivo...
XXIV
Não devemos esquecer,
 Que o Preto Cosme atuava
Com vigor e intensidade,
Num espaço que contava,
Com muitos negros escravos,
Isto o povo comentava!
XXV
Portanto, desde os meados,
Lá do século dezoito (XVIII)
Tinha lá muitos quilombos,
O Preto Cosme foi afoito,
Nas plantações de algodão,
Libertou negro do coito...
XXVI
Nesse período a Inglaterra
Mandava na região
Mas, o Cosme articulou,
Os quilombolas então,
Planejou muitos levantes
P´ra abolir a escravidão!
XXVII
Um assunto que os líderes
Bem-Te-Vis não concordavam,
Queriam a escravidão,
Em seu jornal publicavam
Artigos de opinião,
Estes sempre enfatizavam...
XXVIII
Os grandes escravocratas,
Homens latifundiários,
Que obtinham bastantes lucros,
Nos afazeres diários,
A custa da escravidão
E dos servos operários!
XXIX
Nesse período também
Manuel Congo, os Malês,
E Carrancas se levantam
Esquece o que é cortês:
Gritam contra a escravidão,
Ouvi isso lá no pedrês...
XXX
Carrancas, Minas Gerais,
Seu líder Ventura Mina
Um negro que nasceu na África
Mas tinha uma grande sina
Não aceitava humilhação,
Tinha áurea forte e divina!
XXXI
Já os Malês na Bahia
Africanos muçulmanos,
Reivindicavam direitos,
Queriam respeitos humanos
Melhorias p´ra suas vidas,
Isto estava nos seus planos!


XXXII
Porém, no Rio de Janeiro,
Manuel Congo, sagaz,
E habilidoso africano,
Teve força, e foi capaz,
De fazer grande quilombo,
Ele queria sempre a paz...
XXXIII
Reuniu no seu quilombo
Mais de duzentos (200) cativos,
Que eram de donos diversos,
Os milicos bem ativos,
Sob ordens da monarquia
Foram bastante nocivos...
XXXIV
Destruíram o quilombo,
Seu líder foi enforcado:
O negro Manuel Congo,
Alguns foram condenados
A receber chibatadas,
Outros foram humilhados...
 XXXV
A andar nas ruas com gonzos
Pendurados no pescoço
Por um tempo de três anos,
Preste bem atenção moço,
Nossa História do Brasil,
É um verdadeiro poço...
XXXVI
Quanto mais, vamos descendo,
As verdades vão surgindo,
Aparecem os esquecidos,
E as máscaras vão caindo,
Deixando grande lição:
Meu leitor seja bem vindo!





































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