PRETO
COSME: TUTOR & IMPERADOR DA LIBERDADE
LUIZ
CLÁUDIO
LUIZ
CLÁUDIO nasceu em Macau/RN.
É filho de Francisco Germano Sobrinho (falecido) e Maria do Rosário Costa da
Silva. É Membro da Academia de Trovas do Rio Grande do Norte (ATRN); É Membro
Fundador da Associação Potiguar de Literatura de Cordel (APLC). É poeta
Parnasiano, Realista, Lírico, Romântico, Modernista, Trovador, Glosador,
Resenhista, Professor Competente da Rede Oficial de Ensino, Integrante de
diversas Antologias Literárias. Têm vários Trabalhos publicados em Revistas e
Jornais bem como em Mídias Digitais.
CORDEL
PRETO COSME: TUTOR & IMPERADOR DA LIBERDADE
Autor: Luiz Cláudio
I
Preste
atenção camarada,
Em
toda sociedade
Tem
uma classe dominante,
Que
só planeja maldade
Ela
não admite ascensão
De
gente com lealdade!
II
Porém,
com essa toada,
Convoco
os trabalhadores
P´ra
levantar a bandeira,
Cantar
hinos e louvores,
Pelos
cantos do Brasil
Que
somos os construtores!
III
Nós
lutamos todo dia,
Contra
opressão e o preconceito,
Dessa
elite vil e ordeira,
Temos
caráter, respeito,
Disposição
e dignidade,
Guarde
bem esse conceito!
IV
Falando
em luta do povo,
Digam-se,
nós brasileiros,
Mistura
de índios e negros
Seremos
sempre guerreiros,
Mas,
a história oficial,
Nos
taxa de desordeiros!
V
Não
temos nenhuma importância,
Somos
caso de polícia,
Difamação
e maus tratos,
Repare
quanta malícia
Recai
sobre nossa gente,
Nunca
tivemos carícia!
VI
Sempre
fomos castigados,
Várias
formas de torturas,
Aqui
foram aplicadas
Estão
nas literaturas,
Nossas
negras estupradas
Com
sofrimentos e agruras!
VII
Com
tantas perversidades
Na
época regencial
Teve
revoltas escravas
Pois,
isto escondia o jornal,
As
repressões eram feitas
De
forma muito brutal!
VIII
Porém,
isto não inibiu,
Que
Cosme Bento das Chagas,
Chamado
de Preto Cosme,
Por
pares daquelas plagas
Tivesse
o nome lembrado
Nas
histórias e nas sagas...
IX
De
intelectuais orgânicos,
Que
com arte e sapiência
Fizeram
a diferença,
Usaram
bem a ciência
P´ra
o benefício do povo
Guarde
isto, na consciência!
X
O Preto
Cosme, meu irmão,
Negro
sabido e valente,
Dizem
que nasceu em Sobral,
Uma
terra muito quente,
Província
do Ceará,
Era
tutor eloquente...
XI
Foi
fruto da escravidão,
Mas,
depois alforriado,
Levado
p´ra o Maranhão,
Porém,
foi logo enturmado:
Itapecuru-Mirim,
Nessa
comarca foi arranchado!
XII
Mil
oitocentos e trinta (1830)
Ele
foi preso e acusado
De
cometer homicídio,
P´ra
São Luís foi enviado,
Porém,
conseguiu fugir,
O
negro era muito ousado!
XIII
Então
nove anos (09) depois,
Em
meio às insurreições
Escravas,
que aconteciam,
Por
aquelas regiões
Reuniu
sob seu comando
Três
mil (3000) negros valentões...
XIV
A
sede do movimento,
Fora
uma grande fazenda
De
nome Lagoa Amarela,
Lá
teve muita contenda,
Cosme
p´ra ensinar os pares
Construiu
uma grande tenda...
XV
Transformando-a
numa escola,
Então,
a popularidade,
Do
Preto Cosme crescia
Em
toda comunidade,
Diziam
que era feiticeiro,
Pregava
a fraternidade!
XVI
E
também se intitulava,
O
Tutor e Imperador
Da
incessante Liberdade,
Esse
negro lutador
Obrigou
muitos senhores
Sob
coação e também dor...
XVII
A
dar cartas de alforrias
Aos
negros escravizados
Em
Itapecuru-Mirim,
Tornando-os
alforriados,
Cosme
como bom político
Procurou
uns aliados...
XVIII
Pois,
durante a Balaiada,
Muitas
cartas escreveu
Aos
líderes Bem-Te-Vis
Porém,
não os convenceu,
Os
Bem-Te-Vis e os Balaios
Não
acreditaram no ‘Orfeu’...
XIX
Com o
Duque de Caxias
Fizeram
negociatas,
Em
troca de anistias,
Esqueceram
as chibatas
Das
elites dominantes
Se
tornando suas castas!
XX
Os Bem-Te-Vis
e Balaios,
Alguns
homens fraquejaram
Aliaram-se
ao governo,
E os
irmãos apedrejaram
Pois,
é importante lembrar...
Os
humildes que almejaram...
XXI
Esse
país transformar,
Ao
lado da burguesia,
E
desse coronelismo
Vigente
na freguesia,
Sempre
foram humilhados
Isto,
vovó me dizia...
XXII
Mesmo
assim, o Preto Cosme,
Sem
a nossa Balaiada
Como
uma sustentação,
P´ra
sua árdua caminhada
De
libertar os escravos
Dessa
gente desalmada!
XXIII
Continuou
firme e forte,
Com
o seu grande objetivo,
Logo
veio a repressão,
Caxias
foi taxativo,
Enforquem
o Preto Cosme,
Não
quero esse negro vivo...
XXIV
Não
devemos esquecer,
Que o Preto Cosme atuava
Com
vigor e intensidade,
Num
espaço que contava,
Com
muitos negros escravos,
Isto
o povo comentava!
XXV
Portanto,
desde os meados,
Lá
do século dezoito (XVIII)
Tinha
lá muitos quilombos,
O
Preto Cosme foi afoito,
Nas
plantações de algodão,
Libertou
negro do coito...
XXVI
Nesse
período a Inglaterra
Mandava
na região
Mas,
o Cosme articulou,
Os
quilombolas então,
Planejou
muitos levantes
P´ra
abolir a escravidão!
XXVII
Um
assunto que os líderes
Bem-Te-Vis
não concordavam,
Queriam
a escravidão,
Em
seu jornal publicavam
Artigos
de opinião,
Estes
sempre enfatizavam...
XXVIII
Os
grandes escravocratas,
Homens
latifundiários,
Que
obtinham bastantes lucros,
Nos
afazeres diários,
A
custa da escravidão
E
dos servos operários!
XXIX
Nesse
período também
Manuel
Congo, os Malês,
E
Carrancas se levantam
Esquece
o que é cortês:
Gritam
contra a escravidão,
Ouvi
isso lá no pedrês...
XXX
Carrancas,
Minas Gerais,
Seu
líder Ventura Mina
Um
negro que nasceu na África
Mas
tinha uma grande sina
Não
aceitava humilhação,
Tinha
áurea forte e divina!
XXXI
Já os
Malês na Bahia
Africanos
muçulmanos,
Reivindicavam
direitos,
Queriam
respeitos humanos
Melhorias
p´ra suas vidas,
Isto
estava nos seus planos!
XXXII
Porém,
no Rio de Janeiro,
Manuel
Congo, sagaz,
E
habilidoso africano,
Teve
força, e foi capaz,
De
fazer grande quilombo,
Ele
queria sempre a paz...
XXXIII
Reuniu
no seu quilombo
Mais
de duzentos (200) cativos,
Que
eram de donos diversos,
Os
milicos bem ativos,
Sob
ordens da monarquia
Foram
bastante nocivos...
XXXIV
Destruíram
o quilombo,
Seu
líder foi enforcado:
O
negro Manuel Congo,
Alguns
foram condenados
A
receber chibatadas,
Outros
foram humilhados...
XXXV
A
andar nas ruas com gonzos
Pendurados
no pescoço
Por
um tempo de três anos,
Preste
bem atenção moço,
Nossa
História do Brasil,
É um
verdadeiro poço...
XXXVI
Quanto
mais, vamos descendo,
As
verdades vão surgindo,
Aparecem
os esquecidos,
E as
máscaras vão caindo,
Deixando
grande lição:
Meu
leitor seja bem vindo!
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