Fonte: mobilizacaonacionalindigena.wordpress.com |
A canção “Demarcação Já” feita por 25
ilustres artistas brasileiros é uma belíssima homenagem a os povos indígenas deste
país de Mãe Preta e Pai João, que a mais de cinco séculos vem resistindo
bravamente a tirania e perversidade dos “Homens ditos civilizados”, que
impiedosamente vão dizimando os nossos nativos. Essa Canção fora lançada
durante a Mobilização Nacional Indígena ocorrida no final de abril do corrente
ano. Onde na ocasião acontecia, o “Acampamento
Terra Livre (ATL) ” que reuniu mais de três mil indígenas de todo o país em
Brasília, ao lado do Teatro Nacional, entre 24 a 28 de abril. O ATL foi a maior mobilização indígena realizada na
capital federal nos últimos anos. Aconteceram protestos, marchas, atos
públicos, audiências com autoridades, debates e atividades culturais
Letra: Carlos Rennó
Música: Chico César
Direção: André Vilela D'Elia
Produção: Cinedelia
Assista também em: cinedelia.com
Artistas:
Ney Matogrosso, Maria Bethânia, Gilberto Gil, Djuena Tikuna
Zeca Pagodinho, Zeca Baleiro. Arnaldo Antunes, Nando Reis
Lenine, Elza Soares, Lirinha - José Paes de Lira, Leticia Sabatella
José Celso Martinez Corrêa, Tetê Espíndola, Edgard Scandurra
Zélia Duncan, Jaques Morelenbaum, Dona Onete, Felipe Cordeiro
Criolo Marlui Miranda, Baiana System, Margareth Menezes, Céu
Com participação de: Eduardo Viveiros de Castro
André Vallias, Ailton Krenak
LETRA DA MÚSICA: DEMARCAÇÃO JÁ
Já que depois de mais
de cinco séculos e de ene ciclos de etnogenocídio,
O índio vive, em meio a
mil flagelos, já tendo sido morto e renascido,
Tal como o povo kadiwéu
e o panará – Demarcação já! Demarcação já!
Já que diversos povos
vêm sendo atacados, sem vir a ver a terra demarcada,
A começar pela primeira
no Brasil Que o branco invadiu já na chegada:
A do tupinambá – Demarcação
já! Demarcação já!
Já que, tal qual as
obras da Transamazônica, quando os milicos os chamavam de silvícolas,
Hoje um projeto de
outras obras faraônicas, correndo junto da expansão agrícola,
Induz a um indicídio,
vide o povo kaiowá, Demarcação já! Demarcação já!
Já que tem bem mais
latifúndio em desmesura
Que terra indígena pelo
país afora;/E já que o latifúndio é só monocultura,
Mas
a T.I. é polifauna e pluriflora, / Ah! Demarcação
já! Demarcação já!
E um
tratoriza, motosserra, transgeniza, / E o outro endeusa e diviniza a natureza:
o índio a ama por sagrada que ela é, /E o ruralista, pela grana que ela dá; Hum...
Bah! Demarcação já! /Demarcação já! /
Já que por
retrospecto só o autóctone mantém compacta e muito intacta,
E não
impacta, e não infecta, e se conecta e tem um pacto com a mata – Sem a qual a
água acabará – Demarcação já! Demarcação já! / Pra que não deixem nem terras
indígenas nem unidades de conservação
Abertas
como chagas cancerígenas pelos efeitos da mineração e de hidrelétricas no
ventre da Amazônia, em Rondônia, no Pará... Demarcação já! Demarcação já! / Já
que "tal qual o negro e o homossexual,
O índio é
'tudo que não presta'", como quer, quem quer tomar – lhe tudo
que lhe resta, seu território, herança do ancestral, E já que o que ele quer é
o que é dele já, Demarcação, "tá"? Demarcação já! / Pro índio ter a
aplicação do Estatuto que linde o seu rincão qual um reduto, E blindeo contra
o branco mal e bruto que lhe roubou aquilo que era seu, tal como aconteceu, do
pampa ao Amapá, demarcação lá! Demarcação já!
Já que é
assim que certos brancos agem: Chamando os de selvagens, se reagem, e de não
índios, se nem fingem reação a violência e à violação
De seus
direitos, de Humaitá ao Jaraguá; Demarcação já! Demarcação já!
Pois índio
pode ter iPad, freezer,
TV, caminhonete, "voadeira",
Que nem por
isso deixa de ser índio Nem de querer e ter na sua aldeia
Cuia,
canoa, cocar, arco, maracá. Demarcação já! Demarcação já!
Pra que o
indígena não seja um indigente, um alcoólatra, um escravo ou exilado, ou
acampado à beira duma estrada, ou confinado e no final um suicida, já velho ou
jovem ou – pior – piá. Demarcação já! Demarcação já!
Por nós não
vermos como natural a sua morte sociocultural;
Em outros
termos, por nos condoermos – E termos como belo e absoluto
Seu
contributo do tupi ao tucupi, do guarani ao guaraná. Demarcação já! Demarcação já!
Pois
guaranis e makuxis e pataxós estão em nós, e somos nós, pois índio é nós; é
quem dentro de nós a gente traz, aliás, de kaiapós e kaiowás somos xarás, Xará.
Demarcação já! Demarcação já!
Pra não
perdermos com quem aprender a comover nos ao olhar e ver
As árvores,
os pássaros e rios, a chuva, a rocha, à noite, o sol, a arara
E a flor de
maracujá, Demarcação já!
Demarcação já!
Pelo
respeito e pelo direito a diferença e à diversidade e cada etnia, cada minoria,
de cada espécie da comunidade de seres vivos que na Terra ainda há, Demarcação
já! Demarcação já!
Por um
mundo melhor ou, pelo menos, algum mundo por vir; por um futuro
Melhor ou,
oxalá, algum futuro; Por eles e por nós, por todo mundo,
Que nessa
barca junto todo mundo "tá", demarcação já! Demarcação já!
Já que
depois que o enxame de Ibirapuera E de Maracanãs de mata for pro chão, os
yanomami morrerão deveras, mas seus xamãs seu povo vingarão, e sobre a
humanidade o céu cairá, Demarcação já! Demarcação já!
Já que, por
isso, o plano do krenak encerra Cantar, dançar, pra suspender o céu; e indígena
sem-terra é todos sem a Terra, É toda a civilização ao léu
Ao deus dará.
Demarcação já! Demarcação já!
Sem mais
embromação na mesa do Palácio, nem mais embaço na gaveta da Justiça, nem mais
demora nem delonga no processo, nem retrocesso nem pendenga no Congresso, nem
lengalenga, nhenhenhém nem blábláblá! Demarcação já! Demarcação já!
Pra que nas
terras finalmente demarcadas, ou auto demarcadas pelos índios,
Nem
madeireiros, garimpeiros, fazendeiros, Mandantes nem capangas nem jagunços, milícias
nem polícias os afrontem. Vrá! Demarcação ontem! Demarcação já! E deixa o índio, deixa o índio, deixa os
índios lá.
VÍDEO DA MÚSICA: DEMARCAÇÃO JÁ
Fonte:
Cinedelia.com
mobilizacaonacionalindigena.wordpress.com
/www.youtube.com/watch?v=wbMzdkaMsd0
Nenhum comentário:
Postar um comentário