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sábado, 17 de outubro de 2015

QUILOMBOS DE BH SÃO RETRATADOS EM DOCUMENTÁRIO

Filme mostra resistência de comunidades “engolidas” pela metrópole mineira.
Da Redação De Belo Horizonte (BH)
Existência do quilombo está registrado desde o séc. 19 | Foto: Daniel Cruz

“Não fomos nós que viemos pra cá. A cidade é que veio”, conta Maria Luzia Sindônio, do quilombo urbano dos Luízes. Este e outros depoimentos de quilombolas foram reunidos no documentário “Vozes da Resistência”, que será lançado na quinta-feira (8), no cine Humberto Mauro.
O filme conta a história de três comunidades de Belo Horizonte, o Luízes, Mangueiras e Manzo Ngunzo Kaiango, áreas consideradas quilombos urbanos. Apesar de se originarem de ex-escravos, as comunidades foram “engolidas” pela cidade, causando uma série de infrações a direitos.
A Defensoria Pública da União, produtora do filme, reuniu pela primeira vez a história e reivindicações destes quilombolas sobre a regularização fundiária. A direção é da servidora da Defensoria Pública da União em Belo Horizonte Zuleide Filgueiras e o argumento é do defensor Estêvão Ferreira Couto.
Seminário da resistência
Nos dias 6 e 7 de outubro, a Defensoria realiza o seminário “Vozes da Resistência – em defesa dos direitos dos quilombolas” para divulgar os direitos dos cidadãos que tenham se originado de quilombos. A atividade serve também para tornar públicos os trabalhos feitos com quilombolas nos últimos anos.
Os debates contarão com a presença de defensores, juristas, professores universitários, quilombolas e representantes do governo de Minas Gerais e de Belo Horizonte. O evento acontece na terça e quarta-feira, de 9h às 17h, no Museu Histórico Abílio Barreto (Avenida Prudente de Morais, 202, Cidade Jardim).

Lançamento de “Vozes da Resistência – os quilombos urbanos de Belo Horizonte”
Quando: quinta-feira (8), às 19h
Onde: Cine Humberto Mauro, Palácio das Artes
Fonte:http://www.brasildefato.com.br/                                                                                                                                  

06/10/2015

terça-feira, 6 de outubro de 2015

OS CATIVOS DO DAOMÉ

Carta do Arquivo Histórico Ultramarino, de Lisboa, revela empenho de rei africano em reunir escravos para vender à Coroa Portuguesa.

Imagem: Fundação Biblioteca Nacional

Em uma caixa em que são reunidas comunicações entre São Tomé e Portugal, no Arquivo Histórico Ultramarino (AHU), em Lisboa, uma correspondência chama atenção para o comércio de escravos entre um reino africano e a Coroa Portuguesa. Trata-se da carta do rei do Daomé (hoje República do Benin), para o príncipe regente Dom João, escrita em 20 de novembro de 1804.
Fundado no século XVII, o reino do Daomé se dedicava a captura e venda de escravos para os europeus, o que também colaborava para influenciar sua estrutura política e social. O local era conhecido pelos portugueses como Costa da Mina, localizado na África Ocidental. Nesta época, o rei do Daomé era Adandozan, que não é de todo desconhecido na historiografia. O próprio etnólogo Pierre Verger (1902-1996) o mencionara em alguns de seus textos, como o livro Fluxo e refluxo do tráfico de escravos entre o golfo do Benin e a Bahia de todos os Santos, dos séculos XVII a XIX.
As comunicações do rei africano com reinos europeus, principalmente o português, são conhecidas também por outros autores, como Luís Nicolau Parês que, em texto publicado na Revista Afro-Asia, chega a montar uma tabela com 14 cartas remetidas do Daomé à autoridades da governança portuguesa.
Uma vez no governo, Adandozan se apresentava nesta carta a Dom João como um parceiro comercial interessado em enviar emissários a Portugal, mas conta que carecia de pessoas capazes de fazê-lo. Contudo, no dia 7 de setembro sua sorte mudou, Adandozan mantinha um exército cuja estratégia era fazer pilhagens aos inimigos da região em terra e aos estrangeiros que não se colocassem sob sua tutela ao mar. Naquele dia, ordenou que se fizesse guerra em Porto Novo, próximo de onde os portugueses haviam erguido a fortaleza de São João Baptista de Ajudá. Na carta, o rei conta que colocou dez mil homens no butim, tomou um navio e prendeu vários portugueses que estavam a bordo. Após serem capturados, os portugueses foram levados por trezentos soldados armados para Abomei (Verger leu três mil soldados nesta mesma carta, o que não se confirma), capital do Daomé, onde foram presos e interrogados por Adandozan.
Não foram os primeiros, o português João Tathe econtrava-se cativo no Daomé desde 1781 e servia como escrivão ao rei africano - daí esta carta ter sido escrita contando todo o evento acima. Mas ia além: apresentava boas possibilidades em um vasto comércio, inclusive com a abertura aos portugueses de “secretas minas de ouro” (que jamais foram encontradas), algo que o escrivão não teve condições de desmentir por temer por sua vida. A carta fora enviada por outro português, Inocêncio Marques Santana. Tathe continuo cativo de Adandozan.
Chamando carinhosamente o príncipe Regente Dom João de “meu mano”, Adandozan pedia alguns presentes como sinal de que os reis concluíam um pacto: “peças, espingardas, pólvora e o mais que consta os preparos” de guerra, além de “obuses para metralha”, arma capaz de disparar explosivos. Requeria também, ajuda material para que, com essa aliança, tornasse seu reino mais próspero e angariasse mais poder para si e para os seus. Além disso, o rei também se oferecia “para tudo quanto (...) determinar, e assim tudo quanto me falta nesta que mandei fazer pelo meu escrivão [João Tathe] adverti ao seu bom vassalo [Inocêncio Marques Santana]”.
Para selar as negociações Adandozan pedia também alguns mimos, que, como ensinou John Thornton, não seriam portados apenas como meros objetos de luxo, mas como símbolos de prestígio que diferenciaria seus portadores do restante da própria nobreza e da sociedade. Artigos como “oito espingardas de prata para caçar” e “30 chapéus finos, grandes, de várias cores, com suas plumas grandes”; assim como “20 peças de seda das antigas.”
Adandozan envia então alguns panos de linho de presente a Dom João, se desculpa dizendo que não o fazia mais, pois estava em guerra e, por isso, “não consta comigo senão apetrechos de guerras, porém, em sinal de um bom irmão que tem lhe mando um dos meus linhos para firmeza de nossa amizade”.
No final do documento, uma surpresa. O escrivão português, que se encontrava preso havia 23 anos naquele reino, se arrisca e faz um suplício ao Príncipe Regente:
Vossa Real majestade me queira perdoar o meu grande atrevimento, como me mandam escrever esta à força, a fiz por não ter outro remédio, pois quem poderá expressar o que viu é este que vai por nome Innocencio. Como eu há 23 anos ainda não achei outro cristão como este, ele fará aviso do que viu e o que padeceu e como tratam os pobres portugueses nesta terra. Eu faço este pequeno aviso porque todos quantos assistem na vista desta não sabem ler, e não me estendo mais por não causar desconfiança. Meu senhor Jesus Cristo queira se lembrar de todos quantos aqui estão penando [...] Deus dê todas as felicidades a Vossa Majestade como quem deseja que sou humilde vassalo João Tathe, português.
 A história do tráfico uniu diversas sociedades e etnias e representou a transformação de muitas culturas na América, na Europa e na África. Muitos homens sobreviveram a ele ao longo dos séculos. Nem sempre o africano encontrou-se em situação desvantajosa em relação aos europeus. Estes, certamente, utilizaram seu poder bélico e a posse de mercadorias valiosas para conseguir acesso a governante em regiões da África que por sua vez converteram esses bens em mais poder e prestígio para sua linhagem dentro da sociedade africana, em suma, em riquezas materiais e imateriais que colaborava para sua manutenção no poder. A carta de Adandozan é importante para que se superem versões equivocadas sobre a história da África, do tráfico Atlântico de escravos e dos africanos.


1/10/2014
Rodrigo Amaral é Professor da Universidade Cândido Mendes; Coordenador Geral dos Cursos de História, Letras e Pedagogia da Universidade Cândido Mendes; Coordenador de Pesquisa da Faculdade Simonsen; Autor da Tese: Concessão ou Conquista?, UFRJ, 2010.


domingo, 4 de outubro de 2015

JOVENS, NEGROS E EUROPEUS: WEBSÉRIES ABORDAM VIVÊNCIAS DE FILHOS DA DIÁSPORA AFRICANA NA EUROPA

Britânica de origem jamaicana, Cecile Emeke traz em seus trabalhos as vozes da juventude negra no Reino Unido e na França, enquanto a alemã de origem ruandesa Amelia Umuhire conta histórias de afro-europeus em Berlim
Carmen López | El Diario |De Londres (Inglaterra)

Olivia e Rachel (Michelle Tiwo e Vanessa Babirye), "Ackee & Saltfish" | Divulgação

O trabalho da cineasta e escritora londrina Cecile Emeke ficou conhecido entre o público europeu e norte-americano há alguns meses, graças à sua websérie “Ackee & Saltfish”. Gravada em 2014, seria um curta-metragem, mas a diretora decidiu postá-lo no YouTube por capítulos, prendendo assim a audiência e deixando aberta a possibilidade de continuar a história.
A trama é simples: Olivia e Rachel, interpretadas por Michelle Tiwo e Vanessa Babirye, são duas amigas jovens e negras que nasceram e foram criadas em Londres. Com diálogos velozes cheios de referências à cultura pop, as protagonistas refletem sobre o estado da sociedade e, principalmente, sobre a gentrificação por que passa a capital britânica, tema que de fato a diretora quer abordar.
Em entrevista ao jornal norte-americano The New York Times, Emeke explica que o roteiro está baseado em suas experiências pessoais. “Um dia meu companheiro e eu entramos em um bar cujos funcionários eram todos ingleses brancos e onde se serviam versões culturalmente apropriadas de pratos tipicamente caribenhos, vendidos a preços exorbitantes. Para piorar, o rosto de Bob Marley estava pregado em todas as paredes, e o design do local imitava um quiosque na areia da praia. Claro que acabamos indo embora”, contou a cineasta.
Não é casual que as protagonistas da série sejam duas mulheres jovens e negras. Britânica de origem jamaicana, Emeke explora em seus trabalhos a realidade dos filhos da diáspora negra na Europa. Seja através da ficção ou dos depoimentos de pessoas dessa comunidade, ela busca se distanciar dos estereótipos e abordar questões que possivelmente os europeus de outras etnias jamais tenham chegado a pensar.


Emeke traz essas questões também em “Strolling” e “Flâner”, duas séries de entrevistas curtas com pessoas negras nascidas na Europa – a primeira no Reino Unido, a segunda na França. A diretora se reúne com os protagonistas em algum ponto de Londres ou de Paris e caminha com eles pelos arredores (a tradução dos títulos é “passear”, em francês com um matiz mais relaxado). Com música e sons da rua como trilha sonora, os entrevistados falam sobre suas experiências de vida.
A discriminação de gênero é um dos temas mais abordados nas conversas, e em todas se chega à mesma conclusão: ser uma mulher negra é ainda mais complicado do que ser uma mulher branca. Elas não apenas enfrentam o sistema heteropatriarcal instaurado na sociedade ocidental, mas também têm de lidar com a discriminação resultante da interação entre racismo e machismo.

Gaëlle e Christelle são as primeiras entrevistadas de Paris e falam amplamente da competitividade entre mulheres afro-francesas, incutida desde a infância; da pouca solidariedade por parte dos homens negros e de certa aversão que chega ao racismo (ideias como “não saia com uma mulher negra, elas são sujas”); da imagem incorreta que se tem sobre elas em filmes como “Bande de Filles” (“Garotas”), dirigido por Céline Sciamma, sucesso internacional do cinema francês em 2014.
“Você se sente mal representada [as protagonistas de ‘Bande de Filles’ são jovens de classe baixa e problemáticas que moram na periferia de Paris]. Eu existo e tenho muitas amigas negras e nós não somos assim. Por que continuar falando desse tipo de garotas quando elas são uma minoria? Assisti ao filme e foi uma decepção.  Não tanto pela má interpretação, mas porque foi como se uma feminista branca tivesse tentado objetivar a feminilidade negra (...) O filme todo foi incômodo, com muitos clichês, simplista. Imaginou-se que seria revolucionário, porém foi absolutamente tudo menos isso”, sustenta Christelle.
Outro assunto recorrente é o de sentimento de comunidade. Enquanto as entrevistadas e entrevistados franceses afirmam que no Reino Unido as pessoas negras têm mais visibilidade, os britânicos olham em direção aos Estados Unidos. É no que acredita Johny, originário de Sheffield e atualmente morando em Londres: “Os afro-americanos tiveram o movimento pelos direitos civis, uniram-se para consegui-lo de maneira muito forte. Ser afro-americano é muito diferente de outras formas de ser negro em outros lugares”.
A religião, os relacionamentos interpessoais e, é claro, o colonialismo também são temas bastante presentes. Este último, especialmente nos depoimentos britânicos. Como explica Abraham Popoola, parte da equipe que gravou “Ackee & Saltfish” entrevistado por Emeke em “Strolling”: “Imagine que alguém entra na tua casa, te rouba tudo, te escraviza, vai embora e, depois de tudo isso, você ainda lhe deve dinheiro. É exatamente o que a Grã-Bretanha fez com a Nigéria”. Para o britânico Kevin Morosky, “é como uma puta festa para a qual você não foi convidado e que está sendo festejada há mais de 500 anos”.

Enquanto Emeke menciona o diretor e produtor afro-americano Terence Nance como referência, a cineasta Amelia Umuhire cita Emeke como uma de suas inspiradoras. Alemã com origens ruandesas, Umuhire é a realizadora da websérie “Polyglot”. No primeiro episódio a protagonista é Babiche Papaya, uma poeta/atriz/rapper afro-europeia que tenta encontrar seu lugar em uma cidade povoada por cidadãos berlinenses procedentes de diferentes lugares (daí o título que faz referência à multiplicidade de idiomas), enquanto tenta confrontar sua identidade jovem negra de origem africana na Europa.
Sem compartilhar o caráter humorístico da série de Emeke, “Polyglot” alinha-se com a obra da britânica na tentativa de oferecer ao público uma visão da sociedade a partir de uma ótica diferente da predominante nas ficções ocidentais, em que os criadores negros (e especialmente as criadoras) têm pouca representação. Como afirma Emeke, citando a escritora afro-americana Toni Morrison: “Se há um livro que você quer ler, mas ele ainda não foi escrito, então você tem de escrevê-lo”.
Fonte:http://www.brasildefato.com.br/
28/08/2015
Matéria original publicada no site do jornal espanhol El Diario. Tradução: Mari-Jô Zilveti



EMPRESAS COM INTERESSES NAS TERRAS INDÍGENAS DOARAM A RURALISTAS DA ‘CPI DO CIMI’

Mineradoras, bancos privados, seguradoras, corporações e empresas do agronegócio também estão entre os doadores. Os dados são públicos e constam na página virtual do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Indígenas do MS protestam em Brasília | Crédito: Marcelo Camargo/ABr
Empresas envolvidas no escândalo da Operação Lava Jato, investigação que apura o desvio de recursos da Petrobras para o pagamento de propina a políticos e lavagem de dinheiro, estão entre as doadoras das campanhas eleitorais de parlamentares ruralistas da Assembleia Legislativa do Mato Grosso do Sul, nas eleições de 2014, e que integram a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que pretende investigar as atividades do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) no estado. Mineradoras, bancos privados, seguradoras, corporações e empresas do agronegócio também estão entre os doadores. Os dados são públicos e constam na página virtual do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
As construtoras UTC, Andrade Gutierrez e Queiroz Galvão, cujos principais executivos estão detidos ou indiciados, investiram em campanhas políticas ligadas ao agronegócio sul-mato-grossense. A Lava Jato teve início em março de 2014, ou seja, sete meses antes das eleições. Um dos principais beneficiados é o deputado Paulo Corrêa (PR), que recebeu das três empresas um montante que somado supera os R$ 300 mil.
Corrêa será o relator da chamada ‘CPI do Cimi’, Comissão Parlamentar de Inquérito que pretende investigar as relações da organização indigenista com as retomadas dos povos indígenas de terras tradicionais no estado. A parlamentar ruralista Mara Caseiro (PTdoB) presidirá a CPI, que terá como vice-presidente Marquinhos Trad (PMDB), também ligado ao ruralismo sul-mato-grossense. As funções foram definidos na tarde desta quarta-feira, 30.
Juntos, os parlamentares receberam R$ 2.454.542,06 milhões em doações. Desse total, o relator da ‘CPI do Cimi’, deputado Paulo Corrêa, declarou ao TSE o montante de R$ 769.515, 50 - as construtoras UTC, Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa financiaram, aproximadamente, 40% da campanha declarada pelo parlamentar ao TSE. O restante partiu de empresas ligadas à cadeia do agronegócio e demais doadores.   
A presidente e inventora da ‘CPI do Cimi’, deputada Mara Caseiro, declarou ter recebido em doações para a campanha de 2014 o valor de R$ 607.238,65. Mara não recebeu recursos diretos de nenhuma empresa ou construtora, apenas por terceiros. Por exemplo, indivíduos com o sobrenome do vice-presidente da CPI, deputado Marquinhos Trad, repassaram para Mara dois cheques com dinheiro da JBS, o grupo dono da Friboi, totalizando R$ 26 mil. Na conta de campanha de Mara chegou, por intermédio de Nelson Trad Filho, ex-prefeito de Campo Grande (MS), um cheque do empresário João Roberto Baird, que é acusado de participar de um esquema de desvio de R$ 48,7 milhões do Detran do Mato Grosso do Sul. Baird, até setembro de 2014, era o nono maior doador individual das eleições, tendo repassado R$ 1,08 milhão para diferentes siglas partidárias.
A deputada federal Tereza Cristina Corrêa (PSB/MS) também repassou doações de empresas para a campanha de Mara Caseiro, perto de R$ 125 mil da Iaco Agrícola S/A e da Energética Santa Helena S/A, uma usina de produção de etanol. Tereza Cristina estava na reunião do Sindicato Rural de Antônio João, no último dia 29 de agosto, quando Roseli Maria Ruiz, presidente do sindicato, acabou com o encontro convocando os fazendeiros para o ataque que culminou no assassinato de Semião Vilhalva Guarani e Kaiowá, na Terra Indígena Ñanderú Marangatú.
Já a senadora Simone Tebet (PMDB/MS), uma das principais defensoras da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 71, que pretende transformar em parágrafo constitucional o pagamento da chamada ‘terra nua’ aos fazendeiros com propriedades em terras indígenas, enviou para Mara um outro cheque da JBS de R$ 25 mil.
Marquinhos Trad, do triunvirato que dirigirá os trabalhos da ‘CPI do Cimi’, foi quem mais arrecadou: R$ 1.077.787,91 milhão. O perfil de doadores segue o mesmo: construtoras, empresas agrícolas, JBS, Usina Santa Helena, o empresário Braid, mineradoras e a Engepar, empresa de engenharia investigada pelo Ministério Público Estadual, com inquérito correndo na Promotoria do Patrimônio Público e Social, de estar envolvida no pagamento de propinas da Operação Tapa-Buracos da prefeitura de Campo Grande na gestão de Nelson Trad Filho, irmão de Marquinhos Trad.
Não consta que as doações apuradas junto ao TSE destes parlamentares sejam irregulares ou ilegais. O setor privado, no Brasil, podia financiar campanhas em 2014 - no último dia 17 de setembro, o Supremo Tribunal Federal (STF) acabou com as doações privadas. No entanto, o demonstrativo serve para a sociedade averiguar quais interesses econômicos e financeiros estão por trás dos deputados e deputadas que investigarão o Cimi e que insistem em se opor aos direitos territoriais indígenas. Tanto os parlamentares quanto seus doadores possuem interesses diretos ou indiretos nas terras reivindicadas pelos povos indígenas no Mato Grosso do Sul.  
Demais integrantes 
A CPI é composta ainda pelos deputados Onevan Matos (PSDB), ligado ao ruralismo, e Pedro Kemp (PT), única voz dissonante entre os titulares da Comissão ao grupo liderado por Mara Caseiro. Os suplentes serão os deputados e deputadas Antonieta Amorim (PMDB), João Grandão (PT), Beto Pereira (PDT), Márcio Fernandes (PTdoB) e Ângelo Guerreiro (PSDB).
Fonte:http://www.brasildefato.com.br/
02/10/2015