Bastou que as lideranças da aldeia ouvissem
calmamente as rimas que falavam sobre os desafios e lutas do povo do Mato
Grosso do Sul para que aprovassem e abençoassem a iniciativa.
Por Cibele
Tenório,Da EBC
Em 2008, quando quatro jovens da etnia Guarani
Kaiowá criaram o Bro MC, grupo de rap, a inciativa não foi vista com bons olhos
pelos demais. Mas bastou que as lideranças da aldeia ouvissem calmamente as
rimas que falavam sobre os desafios e lutas do povo do Mato Grosso do Sul para
que aprovassem e abençoassem a iniciativa.
Desde o início, a decisão foi a de escrever
rimas em português e em guarani. “A gente fez essa escolha justamente para
mostrar que não deixamos de lado a nossa cultura”. Os indígenas começaram
a se arriscar nas primeiras rimas depois de ouvir rap num programa de rádio.
Gravavam tudo numa fita e iam repassando para os demais jovens da aldeia até
que alguém teve a ideia de criar um grupo.
As canções falam sobre as reivindicações e os
conflitos da comunidade nativa da maior reserva urbana do Brasil, que é
vítima constante de violência na disputa pela demarcação de terras no Mato
Grosso do Sul. “O rap é nossa ferramenta para denunciar o que acontece e também
serve para nos defender e para mostrar a realidade do povo no Mato Grosso do
Sul e de outros estados”.
Ouça aqui uma das músicas dos Bro
MC's:
PEC 215
O grupo de rap participou nesta quarta-feira (28)
de uma mesa sobre produção cultural nos Jogos Mundiais Indígnas (JMPI) em
Palmas (TO) e comentou a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição
(PEC) 215/00, que altera as regras para a demarcação de terras indígenas, de
remanescentes de comunidades quilombolas e de reservas.”A gente ficou muito
triste. Eles (os deputados que votaram pela aprovação) acham que nós estamos
atrapalhando. A gente não quer tomar a terra do outro, a gente só quer a posse
da terra onde nossos antepassados morreram”, fala Bruno.
Apesar de divulgarem suas canções
online, em um canal do YouTube, o grupo ficou surpreso com a recepção calorosa
que recebeu nos JMPI. Durante a apresentação dos Bro MC’s, muitos parantes,
como são chamados os indígenas de outra etnia, cantaram as rimas em coro. “A
gente não tem dimensão de até onde nossa música tem chegado e foi muito
gratificante estar aqui ouvir as pessoas e poder mostrar nosso som. Mostrar que
a gente também é capaz e não vamos ficar só dentro de uma oca,
segurando uma flechinha”.
Fonte: http://www.brasildefato.com.br/
30/10/2015
Nenhum comentário:
Postar um comentário