GLOBALIZAÇÃO E POLITICA
1 - O CONCEITO DE
GLOBALIZAÇÃO O sociólogo inglês Anthony Giddens definiu a globalização como “a
intensificação de relações sociais mundiais que ligam localidades distantes de
modo que acontecimentos locais são influenciados por eventos ocorridos a muitas
milhas de distância, e vice-versa”. Isto é, com a globalização, cada vez mais
coisas que ocorrem em um lugar do mundo influenciam de maneira importante
outras partes do mundo; quanto mais intensa e abrangente for a globalização, mais
integrado será o mundo, mais contato teremos com pessoas, produtos e ideias
vindos de outras partes do planeta. A globalização ocorreu em vários momentos
da história. A chegada dos europeus às Américas transformou profundamente o
mundo todo. A história do Brasil é um exemplo de globalização, estruturada para
servir ao mercado internacional. Nas últimas décadas do século XX, a
globalização iniciou um processo de aceleração que continua até hoje. O
comércio mundial se desenvolveu imensamente, e regiões com grandes populações
(como a China e a Índia) passaram a participar intensamente dessa atividade.
Muitos países reduziram os impostos sobre produtos importados, inclusive o
Brasil, o que inundou o cotidiano do país com produtos fabricados em outros
países, de alimentos a computadores. Mas a globalização vai muito além disso:
alguns produtos são feitos de tal forma que fica difícil determinar sua
“nacionalidade”: é perfeitamente possível que a roupa que você está usando
agora tenha sido desenhada nos Estados Unidos e produzida na Ásia com
matérias-primas da África.
É fácil perceber o lado
positivo da globalização econômica: poder comprar produtos do mundo todo, por
exemplo. Mas a globalização econômica também tem consequências perigosas: gera
desigualdade entre países que participam diferentemente do processo. Por
exemplo, a roupa que você veste, boa parte do dinheiro que você pagou por ela
foi para a empresa dos Estados Unidos, que controla o processo, encomendando a
matéria-prima e contratando os trabalhadores asiáticos (que ganham, em média,
muito menos do que os norte-americanos). É assim que a globalização pode levar
ao aumento das desigualdades entre países ricos e pobres. Nas últimas décadas,
a economia de alguns países que eram muito pobres (China, Índia, Coreia do Sul,
etc.) cresceu numa velocidade espantosa. Porém, não sabemos se os outros países
pobres serão capazes de fazer o mesmo ou se ficarão cada vez mais para trás.
Além disso, como cada vez mais os países dependem uns dos outros para comprar e
para vender, uma crise localizada pode se espalhar e afetar dramaticamente
países muito distantes. Em 2008, a crise nos EUA afetou o mundo todo, pois seu
comércio compra boa parte do que se produz pelo mundo, inclusive do Brasil.
Mesmo crises em países menos ricos, como o México ou a Rússia, nos anos 1990,
afetaram a economia brasileira, pois geraram incertezas sobre o futuro da
economia mundial. A globalização não é apenas econômica, ela atinge aspectos da
religião, esportes, cultura. E boa parte dos fenômenos culturais globais é comercializada
por empresas localizadas em países ricos.
2 - A GOVERNANÇA GLOBAL Uma das
características principais dos Estados modernos é que eles são vários: não há
um Estado Global, um governo mundial. Isso significa que os diferentes Estados
precisam negociar suas diferenças e se organizar para enfrentar problemas que afetem
mais de um Estado. A governança global é o processo em que Estados diferentes,
além de outros movimentos e instituições internacionais, negociam e criam
instituições e regras globais para regulamentar as relações entre eles. Em
certo sentido, o sistema internacional se parece com o “estado de natureza”
descrito por Thomas Hobbes: embora em cada território haja uma autoridade
reconhecida, não há uma autoridade reconhecida que subordine os diversos
Estados. Não por acaso, Hobbes influenciou muitos autores que estudam as
relações internacionais. Entretanto, ao mesmo tempo que os Estados não têm
interesse em abdicar de sua soberania em favor de um governo mundial, também
não têm interesse em uma “guerra de todos contra todos”. Por isso, embora não
haja um governo mundial, os Estados desenvolveram algumas regras e instituições
para garantir um mínimo de convivência pacífica. A formação dos Estados
Nacionais produziu um sistema internacional que se baseia na competição entre
os Estados e no reconhecimento da autoridade de cada Estado dentro de seu
território. O sistema de Westfália ficou assim conhecido porque se considera
que seus princípios foram reconhecidos pelo Tratado de Münster, assinado em
1648, que encerrou a Guerra dos Trinta Anos na Europa. Entre as características
do sistema de Westfália, descrito pelo cientista político inglês David Held
(1951-), destacamos as seguintes:
1. O mundo consiste de Estados soberanos que
não reconhecem uma autoridade maior do que eles.
2. A cada Estado cabem as funções de fazer
leis, aplicá-las e julgar disputas dentro de seu território.
3. O direito internacional tem como objetivo
garantir algumas regras mínimas de coexistência entre os Estados.
4. As divergências entre os Estados serão
resolvidas, na grande maioria das vezes, pela força.
5. A prioridade do sistema
é colocar apenas um mínimo de restrições para a liberdade de cada Estado fazer
o que quiser.
Esse sistema predominou por
vários séculos e, em boa medida, ainda é vigente. Entretanto, o sofrimento e a
destruição que as duas Guerras Mundiais do século XX causaram no mundo todo
fizeram crescer a ideia de que alguma forma de coordenação entre os Estados
precisava existir, para evitar que catástrofes como aquelas se repetissem. O
advento das armas nucleares, em especial, criou uma situação inédita na
História: a possibilidade real de que uma guerra entre os países mais poderosos
do mundo exterminasse a espécie humana.
Diante desses desafios, ao
fim da Segunda Guerra Mundial em 1945, teve origem uma nova maneira de pensar a
governança global. O símbolo máximo dessa nova concepção foi a criação da ONU -
Organização das Nações Unidas, cujo objetivo é servir de espaço onde os
diferentes Estados podem tentar resolver suas diferenças pacificamente. As
instâncias mais importantes da ONU são a Assembleia Geral, em que cada um dos
seus mais de 190 países-membros tem direito a um voto, e o Conselho de
Segurança, formado por um grupo de cinco membros permanentes (EUA, Inglaterra,
França, Rússia e China) e um grupo de dez membros que se alternam. Nada pode
ser aprovado sem a concordância unânime dos cinco membros permanentes.
Entre as características do
sistema da ONU descritas por David Held, destacamos:
1. O mundo consiste em
Estados soberanos que, entretanto, mantêm entre si relações próximas. Em alguns
casos, indivíduos ou grupos podem ser reconhecidos como atores legítimos nas
relações internacionais. Isso acontece, por exemplo, quando indivíduos ou
grupos étnicos perseguidos em seus países apelam a tratados internacionais para
defender seus direitos.
2. Povos oprimidos por
impérios coloniais têm o direito de determinarem seus próprios destinos.
3. Há alguns valores que
devem limitar a ação dos Estados. O uso da força em situações em que esses
valores sejam escandalosamente violados não deve ser considerado legítimo. Por
exemplo, o genocídio, isto é, o assassinato em massa dos membros de algum grupo
étnico (como os nazistas fizeram com os judeus) é proibido em toda e qualquer
situação.
4. Há uma preocupação maior com o bem-estar
dos indivíduos e um esforço para que os diferentes Estados tratem seus cidadãos
de acordo com alguns padrões mínimos (por exemplo, não submetendo minorias
étnicas a situações degradantes).
5. O objetivo do sistema é
garantir a paz e o progresso dos valores e direitos fundamentais reconhecidos
como válidos.
A ONU tem diversos organismos e fundos que
atuam em áreas específicas. Dois exemplos são a Organização Mundial de Saúde
(OMS), fundamental no combate às epidemias globais, e o Fundo das Nações Unidas
para a Infância (Unicef), que atua no apoio a políticas pela educação,
alimentação e proteção de crianças.
Além da ONU, há outras
organizações internacionais com importante atuação, como a OMC - Organização
Mundial do Comércio, que tenta incentivar o livre-comércio entre os países; o
Banco Mundial, que fornece empréstimos e consultoria para projetos de
desenvolvimento: e diversas outras instituições que buscam regulamentar
diferentes aspectos da vida internacional, dos padrões de segurança nas viagens
aéreas até o funcionamento da internet.
Seria equivocado dizer que a ONU substituiu o
sistema de Westfália. Ela não têm o monopólio da violência legítima no mundo;
nem mesmo tem um exército. Não é raro que grandes potências declarem guerra sem
autorização da ONU, como ocorreu em 2003, quando os Estados Unidos invadiram o
Iraque. E, nas grandes negociações internacionais, os Estados continuam sendo reconhecidos
como principais representantes da população de cada território. Dessa forma, a
maior parte da política internacional ainda é feita por acordos ou guerras
entre Estados.
Entretanto, também seria errado dizer que nada
mudou. A ONU permanece como um fórum em que os problemas mundiais são
debatidos. Além disso, a organização desempenha funções importantes, como na
formação, envio e manutenção de forças de paz para atuar em áreas onde tenham
ocorrido guerras civis.
Se é verdade que a política internacional
ainda é feita fundamentalmente pelos Estados, também é verdade que parte
importante da política internacional hoje em dia consiste em tentar influenciar
as organizações internacionais, ou utilizá-las para os objetivos de cada país.
Assim, parte importante da luta econômica entre os Estados (relacionada, por
exemplo, ao protecionismo econômico) se dá nas negociações da Organização
Mundial do Comércio. Se a globalização continuar a se desenvolver, é provável
que esse tipo de negociação se torne cada vez mais importante.
Há, enfim, uma última razão
pela qual as organizações internacionais são importantes: elas são um espaço
para que os diferentes países legitimem seu poder no cenário internacional. O
especialista em relações internacionais norte- americano Joseph Nye Jr. (1937-)
criou o conceito de poder suave para descrever a capacidade que os países têm
de atrair aliados por meio de seus valores e de sua legitimidade. Por exemplo,
muitos adversários dos Estados Unidos não apoiam a rede terrorista Al-Qaeda
(que periodicamente realiza atentados contra alvos dos Estados Unidos e de seus
aliados) por rejeitar os valores religiosos fundamentalistas que ela defende.
Podemos dizer, portanto, que a Al-Qaeda tem um poder suave bastante limitado:
muitas pessoas que poderiam se aliar a ela não o fazem porque não concordam com
seus valores.
As Organizações
Internacionais, por serem espaços em que os países discutem pacificamente suas
diferenças, fortalecem a legitimidade dos que nelas atuam. Voltando ao exemplo
da invasão do Iraque pelos Estados Unidos: embora esse fato mostre que a ONU
não teve poder para impedir os Estados Unidos de invadir o Iraque, é
significativo que, antes da invasão, os norte-americanos tenham tentado
convencer os demais países-membros da organização de que a invasão seria
justificável. É também importante notar que a decisão de invadir sem
autorização da ONU diminuiu o poder suave norte-americano: cidadãos de diversos
países aliados aos Estados Unidos não reconheceram a legitimidade da invasão e
passaram a exigir que seus governos deixassem de apoiá-los.
Alguns autores, como
Jessica T. Mathews (1946-) e Zygmunt Bauman (1925-), consideram que a
globalização diminui consideravelmente o poder dos diferentes Estados. Há duas
maneiras principais pelas quais a globalização pode enfraquecer o Estado
moderno.
Em primeiro lugar, como
vimos, porque os problemas globais não podem ser resolvidos por nenhum Estado
sozinho. Nem mesmo os Estados Unidos podem, por exemplo, invadir a China e
obrigar todos os chineses a parar de usar automóveis para resolver os problemas
ambientais do mundo. Menos provável ainda é que algum outro país consiga
invadir os Estados Unidos para fazer a mesma coisa.
Assim, os Estados precisam
se organizar entre si para lidar com problemas globais como os que vimos até
aqui. Em algum grau, a constituição das organizações internacionais leva a uma
perda de soberania dos diferentes Estados. Como seria de esperar, os Estados
preferem ceder o mínimo possível de suas soberanias às organizações
internacionais, até porque não têm garantias de que os demais vão fazer o
mesmo. Essa é a principal razão para a fraqueza de diversas organizações
internacionais. Porém, mesmo que as organizações internacionais sejam
substituídas, por exemplo, por acordos isolados entre os países, esses acordos
se tornarão cada vez mais comuns, o que, novamente, levará cada Estado a ceder
um pouco (ou muito, dependendo de sua força) em cada negociação.
Há, entretanto, uma segunda maneira, bem mais
visível, pela qual a globalização afeta os Estados: a globalização diminui a
liberdade para o Estado regular a economia de seu território. Nesse processo,
as empresas multinacionais ganharam muito mais liberdade para escolher em que
países querem investir. Muitas dessas empresas se fortaleceram tanto que hoje
têm orçamentos maiores do que o de vários países.
Falamos anteriormente de fabricantes de roupas
que produzem em países asiáticos. Eles adotaram essa estratégia porque nesses
países os salários são muito baixos (inclusive se comparados aos do Brasil) e
os trabalhadores têm bem menos direitos. Assim, se o governo do Brasil, por
exemplo, quiser aumentar muito os salários, precisa saber que corre o risco de
que algumas empresas se mudem para países onde os salários são mais baixos. Em
última análise, os eleitores brasileiros ficam menos livres para eleger um
governo que proponha aumentar muito os salários. Eles ainda podem fazê-lo, mas
deveriam saber que sua escolha traz o risco de que o investimento estrangeiro
no Brasil diminua e, portanto, de que o desemprego cresça.
Para fornecer aos cidadãos boas escolas
públicas, hospitais públicos, uma polícia eficiente, entre outros serviços, o
Estado precisa de dinheiro. Esse dinheiro vem dos impostos cobrados dos
cidadãos e das empresas que atuam em seu território. Mas, como você deve
imaginar, as empresas preferem investir onde pagam menos impostos e assim terem
uma parcela maior de seu lucro. Se o governo da Argentina, por exemplo, quiser
oferecer políticas sociais mais generosas e precisar aumentar muito os
impostos, algumas empresas podem preferir investir em outro país. Em última
análise, os eleitores argentinos ficam menos livres para escolher um governo
que queira oferecer políticas sociais mais generosas. Ainda podem fazê-lo, mas
precisam saber que sua escolha terá riscos.
Assim, surge
o risco real de que, com a globalização, diminua a possibilidade de escolha
democrática. Como disse o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, o Estado passa a
ter dois papéis econômicos: evitar medidas que mexam demais com a economia e
ajudar as pessoas que venham a sofrer as piores consequências da globalização
(como o desemprego causado pela concorrência de produtos importados).
O economista
turco Dani Rodrik (1957-) criou uma fórmula para explicar o desafio da
globalização que, embora simplificada, é útil para nos fazer pensar. A fórmula
diz o seguinte:
1. Se quisermos ter perfeita globalização e
perfeita democracia, precisaremos sacrificar a soberania nacional. Isto é, os
Estados teriam de abdicar de seu poder em benefício de um Estado mundial
democrático. Não há nenhuma possibilidade realista de que isso aconteça nos
próximos anos, mas, mesmo que houvesse, muita gente ainda preferiria preservar
a soberania nacional de seus países.
2. Se quisermos ter perfeita globalização e
perfeita soberania nacional, teremos de sacrificar a democracia. O Estado teria
de atuar principalmente para manter as empresas multinacionais satisfeitas,
garantindo impostos baixos, poucos direitos trabalhistas, poucas
regulamentações ambientais, etc. É extremamente improvável que os cidadãos
concordem com isso, o que, cedo ou tarde, acabaria levando ao fim da
democracia.
3. Por fim, se quisermos ter perfeita
democracia e perfeita soberania nacional, precisaremos sacrificar a
globalização. Isto é, cada país cuidaria de sua economia, e os eleitores
escolheriam o governo que bem entendessem, mas estaríamos dispensando o grande
potencial da globalização para promover crescimento econômico, maior intercâmbio
entre os povos, entre outros benefícios. Rodrik chamou esse problema de
“trilema”, isto é, uma escolha de no máximo duas entre três coisas. Em outras
palavras, nunca vai ser possível obter o máximo dos três elementos: sempre
precisaremos sacrificar um pouco de um deles se quisermos ter um pouco mais dos
outros dois.
MOVIMENTOS SOCIAIS GLOBAIS
Como vimos, há uma série de problemas
decorrentes da globalização que não podem ser enfrentados apenas dentro de cada
país. Portanto, não se pode esperar que eles sejam resolvidos apenas pela ação
dos partidos e movimentos sociais que atuam nacionalmente. Por esse motivo, nas
últimas décadas, aumentou muito o número de organizações não governamentais
(ONGs) internacionais. Além das ONGs que atuam em mais de um país, há também
grupos políticos e religiosos que atuam globalmente.
Organismos semelhantes às ONGs internacionais
já existem há muito tempo. Por exemplo, na luta contra a escravidão na América
(inclusive no Brasil), as associações abolicionistas europeias desempenharam um
importante papel. Algumas delas tiveram origem em grupos religiosos, o que faz
sentido: várias religiões existem em mais de um país, e o contato entre fiéis
da mesma religião em diferentes partes do mundo deve ter ajudado na organização
das primeiras associações internacionais.
O número de
ONGs internacionais aumentou muito durante o século XX, paralelamente ao
progresso da globalização. Segundo o estudo de David Held e Anthony McGrew
(1954-), em 1909 havia 176 ONGs internacionais; em 1990, já havia 5 500.
Destaque para ade defesa do meio ambiente: Greenpeace e WWF. E por que as ONGs
ambientais são tão importantes? É que o meio ambiente não reconhece as
fronteiras entre os países. Quando o Brasil polui o oceano Atlântico, as
correntes marítimas levam essa poluição para o litoral de vários outros países.
Quando EUA ou China emitem gases poluentes na atmosfera, as mudanças climáticas
causadas pela poluição afetarão todo o mundo. O meio ambiente talvez seja a
questão mais obviamente global que existe. É interessante notar que embora
atuem em diversos países, os “Partidos Verdes” (que defendem a ecologia) às
vezes influem menos que as ONGs ambientais com atuação global.
Também há
ONGs de destaque em outras áreas, como no combate à pobreza: (OXFAM, CARE), no
provimento de auxílio médico em áreas carentes ou afetadas por guerras (Médicos
Sem Fronteiras) e na defesa dos direitos humanos (Anistia Internacional), etc.
Também são
cada vez mais comuns os protestos políticos de caráter global. Com o
desenvolvimento de meios de comunicação cada vez mais rápidos (em especial a
internet), o contato entre pessoas de diferentes lugares do mundo que pensam de
modo parecido tornou-se mais fácil. Exemplo disso é a articulação de grupos que
se opõem a características da sociedade capitalista global no chamado
“movimento antiglobalização”, o que talvez não seja um nome apropriado: vários
desses movimentos criticam apenas a forma como a globalização foi feita até
agora, e entre eles há grupos mais e menos radicais. Alguns militantes preferem
que seus movimentos sejam chamados de “alterglobalistas”, isto é, defensores de
outro tipo de globalização, uma globalização alternativa.
Esses
movimentos ganharam notoriedade por ocasião dos protestos contra uma reunião da
OMC realizada em Seattle, EUA, em 1999. Houve um grande conflito entre
policiais e manifestantes, que incluíam: ONGs, sindicatos, outros movimentos
sociais, socialistas e anarquistas.
Os movimentos
de protesto global reapareceram com força depois da crise global de 2008, com a
emergência do movimento “Ocupe Wall Street”. Wall Street é o distrito de Nova
York que concentra muitas instituições financeiras, a Bolsa de Valores. Esse
movimento responsabiliza a política econômica neoliberal ou globalização pela
crise de 2008. Outros movimentos surgiram principalmente em países fortemente
afetados por essa crise, como o dos “indignados” na Espanha.
Todos esses
movimentos ainda estão dando seus primeiros passos. A globalização ainda é um
fenômeno recente, e não sabemos como será organizada a política global caso ela
continue se desenvolvendo. Entretanto, é importante prestar atenção nos
primeiros sinais de que começa a surgir uma política que atua através das
fronteiras dos Estados.
O BRASIL E A GLOBALIZAÇÃO
A globalização
apresenta para o Brasil desafios bastante difíceis. Com base na discussão dos
itens anteriores, podemos destacar três tipos principais de desafios:
1.
O Brasil
precisa lidar com a realidade de que seu governo tem menos controle sobre a
economia do que já teve. O país tem, ainda, as dificuldades adicionais
características de países de desenvolvimento médio, analisadas pelo pesquisador
norte-americano Geoffrey Garrett (1958-). Os países mais pobres podem lucrar
com a globalização oferecendo mão de obra barata, como fazem China e Índia. Os
países mais ricos, aproveitariam seu potencial de criação tecnológica,
população com qualificação educacional e suas instituições sólidas (sistema
legal ágil e transparente, baixa corrupção, leis que incentivam a atividade
econômica, boas políticas sociais). No Brasil os salários são mais altos do na
China, mas a capacitação tecnológica e educacional é menor do que a da
Alemanha. Assim, como podemos nos adaptar à globalização? Supondo que ninguém
defenda que nos tornemos mais pobres ou que tenhamos menos direitos para poder
competir com a China, fica claro que a globalização aumenta a pressão para que
tenhamos as qualificações educacionais, tecnológicas e institucionais
necessárias para competir com os países desenvolvidos. Embora nas últimas
décadas o Brasil tenha feito alguns avanços importantes nesse sentido, ainda
estamos longe de alcançar esses objetivos.
2. O Brasil quer participar
da governança global, lutando para ser um membro permanente do Conselho de
Segurança da ONU. Com países como Alemanha, Japão e Índia, o Brasil tem
pleiteado que o conselho seja reformado. Atualmente, o Brasil lidera as forças
de paz da ONU que atuam desde 2004 no Haiti, país que passou por diversas
crises políticas nas últimas décadas. O Brasil também procura reforçar as
instituições internacionais em nossa vizinhança, em especial com a criação do
Mercosul - Mercado Comum do Sul, que pretende integrar cada vez mais as
economias dos países da América do Sul. Até 2012, seus membros permanentes eram
o Brasil, a Argentina, o Uruguai, o Paraguai e a Venezuela; diversos outros
países do continente são membros associados. O Brasil também assumiu uma
posição importante na negociação dos tratados comerciais na Organização Mundial
do Comércio, associando-se a outros países em desenvolvimento para pressionar
os países desenvolvidos a reduzirem as medidas protecionistas. No entanto,
essas negociações não produziram resultados importantes nos últimos anos. Soldados
brasileiros participam das forças de paz da ONU no Haiti em junho de 2006. Os
capacetes azuis são o símbolo dos soldados que estão sob orientação da ONU. A intervenção da ONU no
Haiti se deu em função de conflitos políticos graves que ameaçavam a
estabilidade do país. Ao assumir responsabilidades como essa, o Brasil espera
aumentar sua credibilidade para atuar na governança global.
3. É importante notar que devido aos imensos
recursos naturais que possui, o Brasil é palco de lutas globais pela
preservação do meio ambiente. Isso constantemente cria tensões entre os grupos
defensores da preservação ambiental (ONGs internacionais e nacionais, grupos
indígenas e outros setores da população brasileira) e interesses econômicos
nacionais (latifundiários, garimpeiros, empresas mineradoras, etc.). A grande
importância global da agricultura brasileira também põe o país em evidência, na
discussão sobre a produção de alimentos transgênicos. Parte significativa da
luta política brasileira atual pode ser entendida como tentativas de enfrentar
esses desafios. Isso é mais óbvio no debate sobre economia, em que os
diferentes partidos apresentam vários projetos visando tirar o Brasil da
condição de fornecedor de mão de obra barata. Boa parte dos debates políticos
brasileiros se refere a medidas que podem ser tomadas para desenvolver a
indústria, reduzir obstáculos ao crescimento econômico e, principalmente, fazer
isso ao mesmo tempo em que se enfrentam dois problemas históricos: a pobreza e
a desigualdade. A questão é difícil porque, como em todo problema político importante,
nem sempre é possível atingir todos os objetivos ao mesmo tempo: às vezes é
necessário sacrificar o crescimento em nome do combate à pobreza; às vezes é o
contrário. Cabe à população, por meio do voto, decidir qual a melhor opção em
cada momento. Também cresce no cenário brasileiro a preocupação com o meio
ambiente. Um dos debates mais importantes do país no momento é justamente sobre
como aproveitar o potencial econômico brasileiro sem degradar o meio ambiente.
Não há consenso sobre como fazer isso da melhor forma, e é provável que,
novamente, seja necessário sacrificar diferentes objetivos em diferentes
momentos: às vezes será necessário sacrificar o crescimento ou meio ambiente?
Novamente, caberá aos eleitores saberem quando fazer o quê.
PRATICANDO
1. Qual o conceito de
globalização para Anthony Gilddens?
2.
Por que, entre os movimentos sociais globais,
os movimentos ambientalistas estão entre os mais influentes? Explique
3.
Por que
podemos dizer que a globalização é um desafio especialmente difícil para o
Brasil por ser um país de desenvolvimento médio? Explique
MODELO DE COMO ENVIAR AS QUESTÕES
ResponderExcluirNome Completo:
Série:
Questões
1.
2.
3.
Aluna: Carolina da Silva Pereira
ResponderExcluir3°Ano
Respostas da atividade
1. para Anthony Gilddens a Globalização pode ser entendida como a continuação das tendência postas em movimento pelo processo desencadeado pela modernidade.
2. Porque os movimentos sociais fortalecem os acontecimentos contemporâneos que denotam a insatisfação das populações para com o governo.Em relação aos Movimentos ambientais estes buscam a manutenção da preservação natural ,sendo está uma das preocupações do século.
3. A Globalização tem um ponto negativo muito importante que 3 a desigualdade e a má distribuição de renda .
Deste modo, países como o Brasil que estão em escala emergente,a pesar de seu crescimento,ainda tem um alto nível de pobreza e carência em diferentes setores.
Por isso,observamos que as desigualdades sociais surgem na medida que o capitalismo florescer sendo uma grande problemática que deve ser sentada por medidas e políticos afirmativas promovidas pelo governo federal.
Aluna: Emyly Raquel de Almeida
ResponderExcluir3° ano, noturno
1- Refere-se a intensificação das relações sociais em escala mundial e as conexões entre as diferentes regiões do globo, através das quais os acontecimentos locais sofrem a influência dos acontecimentos.
2- Devido a intensidade da devastação do homem sobre o meio ambiente e a presença de outros graves problemas ambientais enfrentados pela humanidade, como o aquecimento global.
3- A globalização é um desafio, o Brasil por exemplo, enfrenta diversas situações desfavoráveis, incluindo os descasos com a saúde, política, economia e etc