“[...]
Pela guerra, por meio de acordos diplomáticos, controlando os chefes locais ou
subtraindo-os por funcionários do seu governo, os países colonizadores
dominaram quase todo o continente africano de cerca de 1890 a 1960 [...].
Mesmo
sendo consequência de um processo que não aconteceu de uma hora para outra, do
ponto de vista africano a partilha do continente foi um brusco reagrupamento no
qual cerca de 10 mil unidades sociais foram reduzidas a quarenta.
[...] Essas
unidades sociais originais foram chamadas de ‘tribos’ pelos colonizadores, que
ignoraram os laços comerciais, políticos e culturais que as haviam unidos até
então. Muitas vezes reorganizados a partir de novas fronteiras coloniais que
foram traçadas sem a participação dos que moravam nas terras divididas, os
grupos sociais tiveram de construir novas identidades a partir da língua e da
religião do colonizador. [...]
No
período anterior - do tráfico de gente - as pessoas eram retiradas da África
para trabalhar na América [...]. Agora as pessoas eram postas a trabalhar
dentro da própria África [...]. Os grupos mais diretamente ligados aos agentes
dos governos coloniais e às empresas comerciais que atuavam na África tiveram
pessoas de suas elites educadas nos moldes ocidentais, incorporando valores
europeus.
O individualismo foi sendo introduzido junto com a colonização, e os
interesses pessoais se sobrepuseram às identidades comunitárias e à
solidariedade entre os membros das famílias, *clãs e etnias.
Era
enorme a espoliação que o continente africano sofria ao ter parte de sua força
de trabalho drenada para a América, em troca da intensificação das guerras e do
aumento do poder de alguns chefes.
E continuou sendo enorme, se não maior, a espoliação imposta ao continente africano pela exploração de sua força de trabalho em benefício de empresários estrangeiros e uns poucos nativos, e pela extração de suas riquezas naturais.
E continuou sendo enorme, se não maior, a espoliação imposta ao continente africano pela exploração de sua força de trabalho em benefício de empresários estrangeiros e uns poucos nativos, e pela extração de suas riquezas naturais.
Ouro, diamantes, petróleo e muitos minérios
são ainda hoje retirados em grande quantidade do solo de regiões da África, por
companhias francesas, inglesas e norte-americanas principalmente.
Já os elefantes, que forneciam o cobiçado marfim com o qual as elites ocidentais do século XIX faziam bolas de bilhar, teclas de piano, cabos de faca e espada e uma variedade de objetos esculpidos, foram quase totalmente dizimados, sobrevivendo apenas em algumas reservas, nas quais animais e paisagens considerados exóticos atraem a atenção e alguns dólares de quem os pode gastar com turismo. [“...]”
*Grupo
constituído de pessoas de descendência comum.
Pensando
sobre o texto
1.
Segundo o texto, o que significou para
os africanos a partilha do continente?
2.
Por que os europeus do século XIX
chamaram as unidades sociais africanas de “tribos”?
3.
Qual a consequência para os africanos de
os europeus traçarem fronteiras entre suas colônias na África sem consultá-los?
4.
O que dizer a respeito do impacto do
imperialismo sobre a fauna africana?
Fonte: SOUZA, Marina de Melo e. África e Brasil africanos. São Paulo:
Ática, 2007.p.159-161.
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