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segunda-feira, 30 de março de 2015

A PARTILHA DO CONTINENTE AFRICANO


“[...] Pela guerra, por meio de acordos diplomáticos, controlando os chefes locais ou subtraindo-os por funcionários do seu governo, os países colonizadores dominaram quase todo o continente africano de cerca de 1890 a 1960 [...].


Mesmo sendo consequência de um processo que não aconteceu de uma hora para outra, do ponto de vista africano a partilha do continente foi um brusco reagrupamento no qual cerca de 10 mil unidades sociais foram reduzidas a quarenta.

[...] Essas unidades sociais originais foram chamadas de ‘tribos’ pelos colonizadores, que ignoraram os laços comerciais, políticos e culturais que as haviam unidos até então. Muitas vezes reorganizados a partir de novas fronteiras coloniais que foram traçadas sem a participação dos que moravam nas terras divididas, os grupos sociais tiveram de construir novas identidades a partir da língua e da religião do colonizador. [...]
No período anterior - do tráfico de gente - as pessoas eram retiradas da África para trabalhar na América [...]. Agora as pessoas eram postas a trabalhar dentro da própria África [...]. Os grupos mais diretamente ligados aos agentes dos governos coloniais e às empresas comerciais que atuavam na África tiveram pessoas de suas elites educadas nos moldes ocidentais, incorporando valores europeus.

O individualismo foi sendo introduzido junto com a colonização, e os interesses pessoais se sobrepuseram às identidades comunitárias e à solidariedade entre os membros das famílias, *clãs e etnias.
Era enorme a espoliação que o continente africano sofria ao ter parte de sua força de trabalho drenada para a América, em troca da intensificação das guerras e do aumento do poder de alguns chefes.

E continuou sendo enorme, se não maior, a espoliação imposta ao continente africano pela exploração de sua força de trabalho em benefício de empresários estrangeiros e uns poucos nativos, e pela extração de suas riquezas naturais.


Ouro, diamantes, petróleo e muitos minérios são ainda hoje retirados em grande quantidade do solo de regiões da África, por companhias francesas, inglesas e norte-americanas principalmente.

Já os elefantes, que forneciam o cobiçado marfim com o qual as elites ocidentais do século XIX faziam bolas de bilhar, teclas de piano, cabos de faca e espada e uma variedade de objetos esculpidos, foram quase totalmente dizimados, sobrevivendo apenas em algumas reservas, nas quais animais e paisagens considerados exóticos atraem a atenção e alguns dólares de quem os pode gastar com turismo. [“...]”

*Grupo constituído de pessoas de descendência comum.

Pensando sobre o texto
1.         Segundo o texto, o que significou para os africanos a partilha do continente?
2.         Por que os europeus do século XIX chamaram as unidades sociais africanas de “tribos”?
3.         Qual a consequência para os africanos de os europeus traçarem fronteiras entre suas colônias na África sem consultá-los?
4.         O que dizer a respeito do impacto do imperialismo sobre a fauna africana?



                                                  Fonte: SOUZA, Marina de Melo e. África e Brasil africanos. São Paulo: Ática, 2007.p.159-161. 

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