A professora Walnice Nogueira Galvão discute a evolução das
línguas e também projetos que buscam protegê-las através de leis.
Autora: Walnice Nogueira
Galvão
Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...
Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!
Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, é rude e deloroso idioma,
Em que da voz materna ouvi: “Meu filho!”
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!
( Língua portuguesa, de Olavo
Bilac)
Os jesuítas que catequizaram os índios
distinguiam entre “língua travada”, vigente em zona circunscrita, a exemplo do
bororo ou do kiriri, e “língua geral”, de trânsito livre por todo o território,
privilégio da koiné que foi o tupi. Nestes tempos em que o inglês se
tornou a língua geral do planeta, confirma-se que o português carrega nos
ombros um destino de língua travada, com autores de mérito fora do cânone da
literatura ocidental por culpa da língua em que escrevem, essa desconhecida.
Olavo Bilac já se insurgira contra tal sina, observando no soneto Língua
portuguesa que nosso idioma é uma mescla de “esplendor e sepultura”, ouro em
latência nasprofundezas da terra.
O projeto de lei recentemente proposto que
cuida de proibir o uso de palavras estrangeiras em eventos públicos, meios de
comunicação, estabelecimentos e produtos, vem reacender uma velha polêmica, até
hoje indecidível. Poucos poderiam ser a favor de uma lei de escopo tão
totalitário, ecoando um não tão remoto expurgo de vocábulos “não-arianos” da
língua alemã. Alicerce nem sempre visível da identidade pessoal e étnica, a
língua materna desperta as mais obscuras emoções. E ninguém se lembra de que,
como mostra Sérgio Buarque de Holanda [1], falava-se
tupi em São Paulo
até meados do século XVIII.
Os paulistas, sem acesso ao litoral e sem produtos
que a Europa cobiçasse, amamelucaram-se de modo cabal, levando cerca de
duzentos anos para voltar a falar português, para o que concorreu tanto a
extinção do gentio quanto a chegada de levas fresquinhas de reinóis. Entregue a
si mesmo, nada garante que o falante mantenha o casticismo; e bem pode,
como foi o caso de São Paulo, dar-se o contrário. Em princípio, todos nós somos
contra proibir. Mas talvez as coisas não sejam tão singelas quanto parecem à
primeira vista, se pensarmos no vandalismo lingüístico universal que é obra do
inglês “de computador”. Nosso alfabeto, o latino, tem apenas 26 letras, e já se
defronta com o problema.
Os chineses, ás voltas com seus 2.000 ideogramas do
mandarim simplificado, adaptaram um sistema fonético que comanda o
computador, dando-lhe as quatro alternativas dos quatro tons da língua chinesa,
que ele “traduz” para o código digital. Os franceses, de firmes convicções
democráticas fincadas na história, e há séculos dedicados à “défense et
illustration de la langue française”, mantêm, por incrível que pareça, uma
Comissão de Terminologia, adida ao Primeiro Ministro, para a naturalização do
léxico estrangeiro, que examina e decide caso por caso. Não deu para impedir
que parking e week-end fossem enxertados, sem adaptação e sem
similar. Mas conseguiram, com rara originalidade, impor o nome de “ordinateur”
para o computador, tornando seu idioma um dos poucos que têm um termo próprio
não derivado daquele. Não utilizam software mas sim “logiciel”.
Criaram
“courriel” para e-mail, mas estão aceitando a versão mel, como
aliás pronunciam. No Brasil, a virada de século, que assistiu a assomos de
frivolidade, também viu os beletristas proporem formas sucedâneas para os mais
comuns galicismos, decompondo-os e substituindo-os mediante um retorno às
raízes greco-latinas.
Honrosa tarefa, e fadada ao fracasso. Ludopédio (jogo+pé)
ou futebol (pé+bola)? Lucivelo (luz+velar) ou abajur (quebrar+luz)? Tetéia ou
bibelô? Paredro, cartola ou mandachuva? Cá entre nós, cinesíforo
(movimento+portador), em vez de chofer, era intragável – e hoje todo mundo já
deixou cair o chofer em favor do motorista. Mas cardápio pegou, ao substituir o
francês menu, embora em Portugal seja usual ementa. Nessa voga, até o
anglicismo piquenique vacilou perante convescote. Outra criadora de neologismos
é Emília, de Monteiro Lobato. Emília pratica, e teoriza sobre, o neologismo –
portanto fornece argumentos contra esta lei. Jamais temeu o estrangeirismo, de
que se apossa sem cerimônia, com notável graça.
Assim, por exemplo,
apropriou-se de uma palavra inglesa legítima, passando a dispor dela a toda
hora: os bilongues, para designar seus pertences. Nas páginas de Emília
no país da gramática, que transforma o idioma numa cidade imaginária,
vamos encontrar o léxico rotineiro sediado no centro urbano, enquanto
neologismos e arcaísmos se localizam na periferia: metaforicamente, ainda não
adquiriram ou já perderam o direito de cidade. Os arcaísmos vivem no Bairro do
Refugo, onde se encontram personificadas palavras como Bofé e Ogano.
Numa das
margens de um braço de mar fica Portugália, a cidade velha, e na outra
Brasilina, a cidade nova, filhote daquela mas de vocabulário em expansão. Escreve
Monteiro Lobato, em veia de oráculo: “No começo isto por aqui
não passava dum bairro humilde e mal visto na cidade velha; mas com o tempo foi
crescendo e ainda há de acabar uma cidade maior que a outra”.
Num arrabalde maltratado, brincam moleques
maltrapilhos, que constituem a Gíria. Entre eles Otário, vivo atualmente, e
Cuera ou valentão, que Mário de Andrade tanto empregou e que desapareceu.
Vizinho deles fica Bobo, e este unicamente na acepção de “relógio”, assim
alcunhado em jargão de gatuno porque trabalha de graça. As palavras da Gíria,
como Cuera, têm uma reflexão bem articulada, que assim se manifesta: “Ajudo os
homens a exprimirem as suas idéias, exatamente como fazem todas as palavras
desta cidade. Sem nós, palavras, os homens seriam mudos como peixes, e
incapazes de dizer o que pensam. Eu sirvo para exprimir valentia.
Quando um
malandro de bairro dá uma surra num polícia, todos os moleques da zona
utilizam-se de mim para definir o valentão. `Fulano é um cuera!`, dizem. Mas
como a gente educada não me emprega, tenho que viver nestes subúrbios, sem me
atrever a pôr o pé lá em cima”. Não longe da Gíria moram os imigrantes,
conhecidos como Barbarismos ou Estrangeirismos.
Emília, que às vezes é meio
pedestre (logo indagou se Dona Benta e Tia Nastácia eram arcaísmos), ponderou
que essas palavras assim se chamavam por dizerem barbaridades. Mas o Visconde
esclarece que não, e, defendendo-os, ataca os gramáticos, a quem chama de
“policiais da língua”, porque consideram criminosos os Estrangeirismos e
“tratam os coitados como se fossem leprosos.” Mais ou menos o que a nova lei se
propõe como programa. Entre os Barbarismos, representam a divisão nacional
francesa os galicismos, exemplificados com Desolado e Elite, de há muito
perfeitamente aclimatados, e Soirée, que caiu em desuso.
Ou melhor,
diria Monteiro Lobato, transferiu-se para o Bairro do Refugo – isto, se fosse
uma palavra de boa cepa portuguesa, o que não é o caso. Por coincidência, sendo
Soirée chamada para figurar numa frase proferida no centro urbano, está
colocando em torno de si um par de aspas, “como se fossem asinhas”, enquanto
Bouquet é obrigada a usar grifo.
Narizinho protesta, dizendo que se este país
recebe oriundos de todas as plagas, deveria coerentemente acolher quaisquer
palavras, sem estigmatizá-las com grifos ou aspas. E afirma que, se fosse
ditadora, abriria as portas a todas as línguas. O rinoceronte Quindim, um sábio
gramático, afirma: “... muitas palavras estrangeiras vão entrando e com o
correr do tempo acabam naturalizando-se.
Para isso basta que mudem a roupa com
que vieram de fora e sigam os figurinos desta cidade. Bouquet, por
exemplo, se trocar essa sua roupinha francesa e vestir um terno feito aqui,
pode andar livremente pela cidade. Basta que vire buquê”. E foi o que
aconteceu, porque, quem ainda usa o sinônimo castiço ramalhete? Já os
neologismos são submetidos a provações e, “se não morrerem de sarampo ou
coqueluche e se os homens virem que eles prestam bons serviços”, serão
absorvidos pelo centro. Nesse grupo figuram Chutar, Encrenca, e Bilontra, que
desapareceu.
Emília, favorável à simplificação ortográfica,
arremete contra os ph e th, as consoantes duplas, etc., afirmando que o uso
elimina a complicação, como regra em qualquer língua – o que não é exato. Se é
verdade para muitas das línguas latinas, inclusive a nossa, já o alemão e o
inglês resistem, continuando a respeitar grafemas mudos e inúteis. Deve-se a
esse fator a atenção dada nas escolas norte-americanas ao “Spelling”, em
que os alunos usualmente soçobram. Guimarães Rosa foi recuperador de arcaísmos
e cunhador de neologismos. Como Emília, não só praticava como doutrinava a
respeito, o que fez especialmente nos quatro prefácios de Tutaméia –
Terceiras estórias. Ali, em particular no prefácio para o qual forjou o
título de “Hipotrélico”, o escritor examina, zombando de ambos, os dois eixos
que resumem as hipóteses de renovação autônoma das línguas: a autoria anônima
ou a autoria individual submetida ao crivo coletivo.
Admirador, como é, da verve
lingüística e da gíria (nesse mesmo prefácio, elogia gamado e aloprado),
mostra como seria ingenuidade, senão ignorância, acreditar que o povo é a fonte
de toda criação. Faz questão de assinalar que muitas das palavras mais
indispensáveis e familiares foram invenções com autor e data: “ao modo como
Cícero fez qualidade (“qualitas”), Comte altruísmo, Stendhal egotismo,
Guyau amoral, Bentham internacional,Turguêniev niilista,
Fracastor sífilis, Paracelso gnomo, Voltaire embaixatriz
(“ambassadrice”), Van Helmont gás, Coelho Neto paredro, Rui
Barbosa egolatria, Alfredo Taunay necrotério”.
Acrescente-se morfologia,
que devemos a Goethe. O escritor certamente apreciaria o sabor de certas
aclimações felizes, como o esplêndido Xburger – pois o
nome da letra xis não é homófono do vocábulo cheese? -, bem como a
difusão demótica do genitivo inglês, estampado por todo o território nacional,
nos inúmeráveis estabelecimentos chamados Chico’s, Dito’s, Mucama’s, Iracema’s,
etc.Luís Fernando Veríssimo diz que um dia quer ter um bar com o letreiro
Apóstrofo’s.
Completando os argumentos de Guimarães Rosa, é bom lembrar que a
cada ampliação do campo do conhecimento ou avanço tecnológico, mostra-se
necessário fabricar, de propósito e o mais artificialmente possível, ou seja,
sem nenhuma espontaneidade popular, um novo léxico específico, em geral
buscando étimos e afixos nas próprias fontes grecolatinas. Medicina, Botânica,
Zoologia, Física, Química, assim procedem usualmente. Os astrônomos nisso são
contumazes há séculos, e a eles somos gratos por invadirem o nosso imaginário
com as galas da mitologia grega. Quem não sente desatar-se a fantasia ao
ver que as luas de Marte se chamam Deinos e Fobos, ou o Horror e o Medo,
do nome dos dois cavalos que puxavam o carro do deus?
Ou que, afora os anéis,
Saturno possua vinte satélites, dos quais o maior é Titã? Embora se trate do
mesmo procedimento artificial de recurso às raízes castiças, e nada tenha a ver
com o estro inconsciente, já nem nos sobressaltamos quando falamos em
eletricidade, automóvel, telegrama, ônibus, geladeira, rádio, fax, táxi, avião,
aeroplano, aeroporto, pára-quedas, míssil, submarino, átomo, bicicleta e
motocicleta, astronauta, etc. Ninguém estranha nem protesta. Dentre os idiomas
europeus, o alemão foge ao padrão, traduzindo o grecolatino para raízes
germânicas e adaptando componente por componente, com resultados como Fernsehen
(longe+ver), para televisão. E todos sabem que foi assim que o consumo
moderno entrou na língua japonesa, através de terebi (televisão), bira
(cerveja), biro (fatura), etc.
De qualquer modo, a linguagem do computador já
mandou para o Bairro do Refugo alguns sinônimos, mesmo sem necessidade. Foi o
que ocorreu com o verbo deletar, que suplantou apagar, delir, obliterar. O
barbarismo é injustificado; mas já virou vernáculo, está nos dicionários e em
todas as bocas. Talvez cause estranheza por ser recente, pois ninguém mais se
lembra de que o nobre esporte bretão foi um foco infeccioso de anglicismos,
desde seu próprio nome de futebol até esporte, gol, goleiro, beque, chutar,
chuteira, time, escrete, driblar, finta, pênalti, etc. Entre nós, há precedente
no afã de confecção lexical nas brilhantíssimas traduções oitocentistas do
maranhense Odorico Mendes, que passou para nosso idioma nada menos que a Ilíada,
a Odisséia e aEneida.
Topando o desafio do verso, quando
tantos preferem a solução mais fácil da prosa, encarniçou-se em dar conta da
índole sintetizadora de línguas declináveis como o grego e o latim,
esforçando-se para que em português coubessem na medida original. Viu-se a
braços com os epítetos homéricos - formulares, portanto convencionais e mil
vezes repetidos ao longo do texto –, os quais, devido ao cunho analítico das
línguas vernáculas, enfraqueciam a conferição de atributos, tornando-se
extensos, enquanto no original não ultrapassam os limites de um único
vocábulo.Tratou então de permutar os étimos gregos pelos latinos, menos
rebarbativos aos ouvidos da lusofonia.
Ao enfrentar Eos rododactylos não teve
dúvida, ou se teve, superou-a: em vez de anotar “Aurora, a dos dedos de rosa”,
arriscou Dedirrósea Aurora. Não é uma beleza? A esposa de Zeus, Hera ou Juno,
“a que se assenta num trono de ouro” e “a dos olhos de vaca” de tantas versões
ao pé da letra, tornou-se Auritrônia e Olhitáurea. Nessa craveira, Minerva ou
Palas Atena é Olhicerúlea, a mesma que, em páginas alheias, ostenta olhos
glaucos ou azuis. Um chuço de cinco pontas é “quinquedentado”; a ilha natal de
Ulisses, Ítaca, é “circunflua”, ou cercada pelas ondas; e assim por diante,
sempre a bem de um encolhimento que não desmereça a concisão original e caiba
no verso.
O que se perde em nitidez ganha-se em opulência de significantes. Ao
expressar seu apreço pelas traduções de Píndaro feitas por Hölderlin, Walter
Benjamin observaria que, em vez de germanizarem o grego, elas helenizam o
alemão. E poderíamos acrescentar que, se veio a ser fabricado um triciclo
infantil usurpador de um epíteto homérico, tornado substantivo, foi uma
infelicidade, e Odorico Mendes não pode ser responsabilizado pela degradação do
Velocípede Aquiles, maneira que encontrou de sintetizar o atributo “o dos pés
velozes” que qualifica o maior dos heróis gregos.
Outro maranhense, Sousândrade, exerceu a
poliglossia muito à vontade em seu volumoso poema em 13 cantos, O
Guesa. Ali, o poeta utiliza várias línguas, as quais eventualmente até faz
rimar. Em certos casos, como no Canto 10o, que contém o
episódio do Inferno de Wall Street, a dicção é recheada de termos
ingleses: “- Por que, Grant, à penitenciária/ Amigos vos vão um por um?/ Forgeries,
rings, wrongs;/ Ira’s songs/ Cantar vim no circo Barnum!”, diz D. Pedro II
ao Presidente Grant.
O Canto 2º , no episódio do Tatuturema, apela
para o tupi: ”- Sonhos, flores e frutos, / Chamas do urucari! / Já se
fez cáe-á-ré, / Jacaré!/ Viva Jurupari!” E não deixou de homenagear
Odorico Mendes, a quem envia uma farpa no Canto 12º, ao versificar:
“Odorico, é pai rococó”. Um dos mais férteis períodos para a renovação da
língua literária no Brasil foi o Modernismo, quando a incorporação do coloquial
e do regional se alçou a missão artística, erigindo-se em virtude o
anti-academicismo do discurso.
Esse é um mote que percorre de começo a fim a
monumental correspondência entre Mário de Andrade e Manuel Bandeira [2], perpétuo
motivo de discussão apaixonada entre duas das figuras de proa do movimento. Foi
então que Mário de Andrade idealizou umaGramatiquinha da fala brasileira,
para brandir contra os adversários. Pouco vem à memória das pessoas – ao
contrário da confiança no aleatório plebeu para criar a língua - que os
escritores são notáveis neologistas, e o papel que Camões e Shakespeare tiveram
no enriquecimento tanto vocabular quanto sintático de seus idiomas deveria ser
mais enfatizado. E homenagem mesmo é a que James Joyce recebeu postumamente,
quando cientistas cultos transformaram em termo da Física o belo nome de quark,
por ele cunhado numa frase do Finnegans wake: “Three quarks for Muster
Mark”. Como os quarks da teoria dos quanta se apresentam sempre em tríades, não
se discute a pertinência do batismo.
Em suma: tudo indica que nos encaminhamos para
uma nova koiné. A época helenística conheceu a koiné
propriamente dita, um grego de passe com vocabulário mínimo e sintaxe tosca
servindo de língua internacional, ou segunda língua para os falantes, que não
abdicavam da sua. Mais tarde, o latim reinaria em seu lugar durante séculos. Em
nosso país, nos tempos da colônia, a chamada língua geral derivada do tupi
desempenhava esse papel. A contragosto, talvez sejamos obrigados a admitir que
tenha chegado a vez do inglês, uma espécie de inglês básico e primário,
globalizado e reconhecido em todas as outras línguas, decorrente dos códigos do
computador.
E não seria uma lei desastrada que conseguiria deter o processo.
Ainda mais quando constatamos que os caminhos da evolução das línguas se
apresentam bem mais diversificados e cheios de meandros do que se pensa, com a
balança pendendo ora para o espontâneo ora para o fabricado. O conhecido
fenômeno de que no Brasil há leis que não pegam poderia se verificar neste
caso. E, a exemplo da pretensa troca de galicismos por termos impronunciáveis,
obra vã dos beletristas da virada de século, restará só o travo do vexame.
[1] Sérgio Buarque de
Holanda,
Caminhos e fronteiras, São Paulo, Companhia das Letras, 1995,
3
ª ed.
[2] Correspondência
Mário de Andrade & Manuel Bandeira, Marcos Antonio de Moraes (Org.),
São Paulo, Edusp, 2000.
Fonte:http://editora.expressaopopular.com.br/batalha-das-ideias/%C3%BAltimas-da-flor-do-l%C3%A1cio