500 anos se passaram desde a chegada europeia a pindorama, mas o confronto de ontem repete o que ocorria no inicio da invasão.
Mapa mostrando a área do conflito |
O conflito ocorrido nesta quarta-feira, 7,
envolvendo índios Munduruku da Aldeia Teles Pires, fronteira entre Pará e
Maranhão, e a Polícia Federal do Brasil, é mais um capítulo de uma novela
pautada pelo descaso, violência e destruição das terras e dos povos indígenas.
Munduruku
assassinado
Saldo até agora conhecido: vários índios gravemente feridos; crianças, idosos e
mulheres ameaçados e humilhados pelos agentes federais; e um Munduruku
assassinado com quatro tiros no peito e um na cabeça.
No final do século XV, antes mesmo da chegada dos
portugueses, os espanhóis já haviam tocado a foz do rio Amazonas, levando ao
partir algumas dezenas de indígenas para serem vendidos como escravos na
Europa.
No final do século XVI, ingleses e holandeses
também passaram a convergir sobre esta região com o objetivo de explorar seus
recursos naturais. Como inicialmente não foi encontrado ouro ou prata,
partiu-se para a exploração dos recursos vegetais, bem como captura dos
indígenas para trabalharem como escravos.
Aldeia Teles Pires sitiada por Agentes da Policia Federal |
500 anos se passaram desde a chegada europeia a
pindorama, mas o confronto de ontem repete o que ocorria no inicio da invasão.
Índio (Munduruku) com flecha defendendo o seu território, e branco (Policial
federal) com arma de fogo abatendo quem encontrava pelo caminho.
Por trás de toda esta situação estão os
interesses de empresários, ávidos pelos recursos minerais em terras indígenas;
latifundiários do agronegócio; empreiteiras construtoras de mega-hidrelétricas
nos rios Teles Pires, Xingu e Madeira (o Tapajós é a bola da vez), entre
outros. O governo brasileiro dá sustentação ao projeto do capital para a natureza,
projeto de exaustão das riquezas naturais da Amazônia, e do mundo.
Por tudo isso, responsabilizamos o governo pelo
ocorrido na aldeia Teles Pires. Exigimos que os fatos sejam apurados e os
culpados pelos ataques e assassinato do índio Munduruku sejam criminalmente
penalizados. Por fim, reiteramos nossa denuncia contra o projeto do governo do
Brasil. Projeto de destruição da floresta, dos rios e da vida na Amazônia.
Belém, 08 de novembro de 2012.
Assinam este manifesto:
Associação Indígena Tembé de Santa Maria do Pará
(AITESAMPA)
Comissão Pastora da Terra (CPT/PA)
Comitê Dorothy
Companhia Papo Show
Juntos! Coletivo de Juventude
Central Sindical e Popular CONLUTAS
Diretório Central dos Estudantes da UFPA
Associação Paraense de Apoio às Comunidades
Carentes (APACC)
Diretório Central dos Estudantes da UNAMA
Instituto Universidade Popular (UNIPOP)
Fórum de Mulheres da Amazônia Paraense (FMAP)
Fundação Tocaia (FunTocaia)
Conselho Indigenista Missionário Regional Norte
II (CIMI)
Fórum da Amazônia Oriental (FAOR)
TÔ!Coletivo
Fórum Social Pan-amazônico (FSPA)
Associação dos Empregados do Banco da Amazônia
(AEBA)
Instituto Amazônia Solidária e Sustentável
(IAMAS)
Movimento de Mulheres do Campo e da Cidade do
Estado do Pará (MMCC-PA)
Movimento Luta de Classes (MLC)
Associação Sindical Unidos Pra Lutar
Mana-Maní Círculo Aberto de Comunicação, Educação
e Cultura
Movimento Hip-Hop da Floresta (MHF/NRP)
Partido Socialismo e Liberdade (PSOL)
Instituto Amazônico de Planejamento, Gestão
Urbana e Ambiental (IAGUA)
Diretório Central dos Estudantes da UEPA
Partido Comunista Revolucionário (PCR)
Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos
(SDDH)
Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público
Federal do Pará (SINTSEP/PA)
Movimento Estudantil Vamos à Luta
Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições
de Ensino Superior (ANDES-SN)
Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados
(PSTU)
Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras da
Gestão Ambiental do Estado do Pará (SINDIAMBIENTAL)
Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de
Ananindeua e Marituba (SINTRAM)
Vegetarianos em Movimento (VEM)
Assembléia Nacional dos Estudantes Livre (ANEL)
Associação dos Concursados do Pará (ASCONPA)
Pastorais Sociais Ampliadas da Diocese de Marabá
Associação Indígena Te Mempapytarkate Akrãtikatêjê
da Montanha
Movimento Xingu Vivo Para Sempre
Movimento de Mulheres Trabalhadoras de Altamira
Campo e Cidade
Movimento Negro da Transamazônica e Xingu,
Movimento de Mulheres Campo e Cidade Regional
Transamazônica e Xingu
Mutirão Pela Cidadania
Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil
de Belém e Ananindeua
Partido Comunista Brasileiro (PCB)
Fórum Nacional da Sociedade Civil nos Comitês de
Bacias Hidrográficas (FONASC-CBH)
Instituto Humanitas – Belém/PA
Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará
(CEDENPA)
Comitê Xingu Vivo
CECHAIB-MACAU (Centro de Estudos da Cultura e
História Afro-Indigenista do Brasil).
Fonte: http://www.brasildefato.com.br/node/11115
08/11/2012
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