A manutenção e ampliação dessa articulação renderão frutos e
poderá contribuir para envolver na luta social o conjunto da juventude
brasileira.
Editorial da edição 527 do Brasil de Fato
Juventude Brasileira em ação por um país melhor |
A jornada nacional de lutas da juventude
brasileira, promovida por organizações dos movimentos estudantil, sindical e
popular do campo e da cidade, representa um avanço na articulação das forças
progressistas no país.
A atividade – que começou em 25 de março e segue
até o dia 11 de abril – teve um grande ato no centro de São Paulo (SP), com a
participação de cerca de mil jovens. A jornada articula mais de 30
organizações, em torno de uma plataforma ampla e avançada, que conjuga demandas
reivindicatórias e pautas políticas. Ainda serão realizadas atividades em pelo
menos 15 estados.
A juventude demonstra maturidade e ousadia em
suas reivindicações, demonstradas nos eixos da jornada, ao tratarem de questões
fundamentais para o conjunto da classe trabalhadora, especialmente para os
jovens.
Um dos temas abordados pela jornada é a denúncia
da violência do Estado, sobretudo contra a juventude negra. Essa questão é
fundamental porque aflige milhares de famílias nas periferias das grandes
cidades em todo o país.
Em
São Paulo, de 2006
a 2010, 2.262 pessoas foram assassinadas após supostos
confrontos com Polícia Militar. A PM de São Paulo matou quase nove vezes mais
do que a polícia dos EUA.
A bandeira da ampliação do investimento público
em educação, por meio da garantia de 10% do PIB, 50% do fundo social e 100% dos
royalties do petróleo, tem a capacidade de articular diversos setores da
sociedade. Além disso, essa luta pressiona o governo a mudar as prioridades no
orçamento, que ainda utiliza a maior parte dos recursos no pagamento de juros
da dívida e no superávit primário.
A luta por mais investimentos em educação ganha
ainda mais importância diante da ofensiva dos setores neoliberais, que
pressionam o governo a aumentar os juros e reduzir os gastos públicos.
A juventude trabalhadora sofre a cada dia com a
maior intensidade do trabalho. No Brasil, cerca de 700 mil casos de acidentes
de trabalho são registrados em média todos os anos, de acordo com o Ministério
da Previdência. Maquinário velho e desprotegido, mobiliário inadequado, ritmo acelerado,
assédio moral, cobrança exagerada e desrespeito a diversos direitos são algumas
das causas desses acidentes.
Assim, a defesa do trabalho decente e da redução
da jornada de trabalho para 40 horas semanais sem redução de salários é um
instrumento de resistência à superexploração da força de trabalho.
A democratização do sistema de comunicação é, a
cada dia, uma necessidade mais evidente para a sociedade brasileira. Um estudo
da Unesco, publicado em 2011, concluiu que a mídia brasileira é dominada por 35
grupos, que controlam 516 empresas. Uma única rede, as Organizações Globo,
detém 51,9% da audiência nacional.
Nunca será democrática uma sociedade com esse
nível de concentração dos meios de comunicação. Ainda mais quando esses mesmos
meios de comunicação passam a chantagear e ameaçar a imprensa alternativa, como
no caso da condenação pela Justiça do Rio do Janeiro do jornalista Luiz Carlos
Azenha, do blog Viomundo, em processo aberto pelo diretor da TV Globo, Ali
Kamel.
Mais uma pauta da jornada da juventude é a
realização de uma reforma política, por meio do financiamento público das
campanhas e da regulamentação do artigo 14 da Constituição Federal, que trata
dos referendos e plebiscitos, importantes para a participação da sociedade.
A desmoralização do Congresso Nacional e da
prática política esconde que, por trás do sistema político no Brasil, estão os
interesses do grande capital, que financia a candidatura de parlamentares,
governadores e presidentes, tutelando a sua atuação após as eleições.
A reforma agrária, que está parada, é uma
bandeira central para criar condições para a juventude permanecer no campo, ter
melhores condições de vida e perspectiva de futuro.
Além disso, é urgente mudar o modelo agrícola no
país, porque o agronegócio tem expulsado as famílias do meio rural para
concentrar ainda mais as terras e produzir monoculturas para exportação com a
utilização excessiva de agrotóxicos.
A manutenção e ampliação dessa articulação
renderá frutos e poderá contribuir para envolver na luta social o conjunto da
juventude brasileira. Parte importante dos jovens tem referência em
organizações relacionadas à identidade negra, à defesa dos direitos dos
homossexuais, à campanha por mudanças na organização das grandes cidades e na
matriz de transporte urbano, à defesa do meio ambiente, às novas tecnologias e
rede s sociais e à área da cultura, música, artes plásticas e teatro.
Assim, a juventude poderá voltar à cena política
e cumprir um papel importante na construção do Projeto Popular para o Brasil,
na realização de lutas de massas e na construção de forças sociais para
enfrentar os interesses do grande capital e do imperialismo, para empreender as
mudanças estruturais necessárias para garantir a soberania nacional e o
controle democrático do Estado pela sociedade brasileira.
Fonte: http://www.brasildefato.com.br/node/12532
03/04/2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário