Detentos passam por exames na prisão norte-americana de Guantánamo, em janeiro de 2002. Foto: Shane T. McCoy, U.S. Navy, disponível no site Wikipedia.org |
A Alta Comissária da ONU para
os Direitos Humanos, Navi Pillay, pediu nesta sexta-feira (5) que todos os setores do Governo
dos Estados Unidos trabalhem em conjunto para fechar o centro de detenção de
Guantánamo, afirmando que “o encarceramento contínuo e indefinido de muitos dos
detidos corresponde a detenção arbitrária e está em clara violação do direito
internacional”.
“Estou profundamente
desapontada que o Governo dos EUA não tenha sido capaz de fechar Guantánamo,
apesar de comprometer-se repetidamente a fazê-lo”, disse Pillay. “Alegadamente,
cerca de metade dos 166 presos ainda detidos foram liberados para transferência
para seus países ou outros países. No entanto, eles permanecem detidos em
Guantánamo.
Outros foram designados para a detenção indefinida.” Segundo Pillay, alguns deles estão abandonados neste centro de detenção há mais de uma década. “Isso levanta sérias preocupações no âmbito do direito internacional. Prejudica severamente a postura dos Estados Unidos como defensor dos direitos humanos e enfraquece a sua posição quando aborda as violações de direitos humanos em outros lugares.”
Outros foram designados para a detenção indefinida.” Segundo Pillay, alguns deles estão abandonados neste centro de detenção há mais de uma década. “Isso levanta sérias preocupações no âmbito do direito internacional. Prejudica severamente a postura dos Estados Unidos como defensor dos direitos humanos e enfraquece a sua posição quando aborda as violações de direitos humanos em outros lugares.”
Comentando sobre a greve de
fome de detentos de Guantánamo, Pillay disse que este é um “ato de desespero” e
traz um risco claro de danos a estas pessoas. “Eu sempre insto para que as
pessoas pensem em alternativas, menos perigosas, de protesto sobre a sua
situação. Mas dada a incerteza e ansiedade que cercam a sua detenção prolongada
e aparentemente indefinida em Guantánamo, não me surpreende que as frustrações
das pessoas resultem em tais medidas desesperadas”, adicionou a chefe de
direitos humanos da ONU.
Promessa de Presidente norte-americano ainda não cumprida
Pillay observou que, quatro
anos atrás, ela acolheu calorosamente o anúncio do Presidente Barack Obama,
logo após sua posse, de colocar como uma alta prioridade o fechamento de
Guantánamo, pondo em marcha um sistema para salvaguardar os direitos
fundamentais dos detidos. Ela acolheu a reiteração de um porta-voz da Casa
Branca em relação a este compromisso na semana passada, citando a legislação do
Congresso como o principal obstáculo.
“No entanto, este abuso
sistêmico dos direitos individuais humanos continua, ano após ano”, disse ela.
“Temos de ser claros sobre isso: os Estados Unidos estão em clara violação não
só de seus próprios compromissos, mas também de leis e padrões internacionais
que têm a obrigação de defender. Quando outros países violam estas normas, os
EUA — com razão — os critica fortemente por isso.” “Como um primeiro passo”,
disse Pillay, “aqueles que foram designados para a liberação deve ser liberados.
Esta é a violação mais flagrante dos direitos individuais, contrariando o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos.”.
O Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos foi
ratificado por 167 Estados, incluindo os Estados Unidos. “A morte de Adnan Latif em
setembro de 2012 — a nona pessoa a morrer na prisão de Guantánamo — foi um
lembrete dos problemas do regime de detenção de Guantánamo, em que os indivíduos
estão detidos indefinidamente, a maioria em casos sem acusação ou julgamento. É
tempo de pôr fim nesta situação.”
Pillay disse que estava
profundamente preocupada com os contínuos obstáculos que a Lei de Autorização
de Defesa Nacional de 2013 criou para o fechamento do centro de detenção, bem
como para o julgamento dos detidos em tribunais civis, quando justificado, ou
para a sua libertação.
A lei foi sancionada pelo
Presidente Obama no último dia 3 de janeiro, apesar das ameaças anteriores de
vetar a sua renovação. A Alta
Comissária tem repetidamente afirmado que os detidos de Guantánamo
que são acusados de crimes devem ser julgados em tribunais civis, já que as
comissões militares — mesmo após as melhorias realizadas em 2009 — não atendem
os padrões internacionais de um julgamento justo.
Punição exemplar não substitui universalidade dos direitos humanos
“Toda pessoa privada da sua
liberdade por prisão ou detenção tem direito, sob a lei internacional dos
direitos humanos, a uma revisão regular da legalidade da sua detenção e de ser
liberado se a detenção for ilegal”, disse ela. “Qualquer procedimento judicial
deve respeitar escrupulosamente o devido processo e normas para julgamentos
justos.”
Enquanto Guantánamo permanece
aberto, ela acrescentou, as autoridades devem fazer todos os esforços para
assegurar que os direitos dos detidos sejam observados.
“Ninguém está sugerindo que os
EUA deveriam ser ‘brandos’ com pessoas que tenham planejado ou realizado crimes
ou atrocidades. Na verdade, o direito internacional exige que não deve haver
impunidade para tais crimes. No entanto, os direitos humanos são universais e
se aplicam a todas as pessoas, incluindo os suspeitos de terem cometido os
crimes mais graves, como atos de terrorismo”, disse ela. “Sob a lei de direitos
humanos, as pessoas privadas de sua liberdade devem ser tratadas com humanidade
e com respeito pela sua dignidade inerente.”
A Alta Comissária também pediu
ao Governo dos Estados Unidos para oferecer um convite que permitiria o acesso
pleno e irrestrito dos especialistas do Conselho de
Direitos Humanos das Nações Unidas, incluindo a oportunidade de se
encontrar em caráter privado com os detentos.
Fonte:http://www.onu.org.br/
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