Atiradores dispararam contra moradores; testemunha
aponta que o interesse pela terra é dos
governos federal e estadual, que utilizam a Marinha para “massacrar a
comunidade”
José
Francisco Neto da Redação
A luta pelos direitos dos Quilombolas no Quilombo Rio dos Macacos |
Os moradores do Quilombo Rio dos Macacos, na Bahia,
foram alvos de ataque armado na noite desta terça-feira (18). Atiradores não
identificados dispararam em direção às pessoas que estavam próximas à
residência de seu Antônio, ex-morador que faleceu de infarto este ano após ser
ameaçado, junto com sua família, por integrantes da Marinha do Brasil.
A área do Quilombo Rio dos Macacos tornou-se palco
de uma disputa judicial e territorial a partir da década de 60, com a doação
"formal" das terras pela Prefeitura de Salvador à Marinha do Brasil.
Atualmente, o território é alvo de uma ação reivindicatória proposta pela
Procuradoria da União, na Bahia, que pediu a desocupação do local para atender
as “necessidades futuras da Marinha” que pretende ampliar as instalações da
base, onde residem 450 famílias de militares.
Entretanto, Rosemeire dos Santos, moradora e uma
das dirigentes do quilombo, aponta que o interesse pela terra não é somente da
Marinha.
Quilombo Rio dos Macacos |
“A gente tem a consciência de que é o próprio
Governo, tanto do Estado da Bahia quanto o Federal, que está massacrando a
comunidade através da Marinha.”
O Quilombo Rio dos Macacos, localizado no bairro de
São Tomé de Paripe, no limite da cidade de Simões Filho e Salvador, é formado
por 70 famílias que vivem tradicionalmente no local há mais de 200 anos.
Como o quilombo não possui energia elétrica, não
foi possível identificar quem eram os autores dos disparos. “Me tranquei dentro
de casa com minha filha. Meus irmãos ficaram dentro do mato, deram vários tiros
contra meu pai e meus irmãos. Eles se jogaram no meio do mato para se
proteger”, relata Rosemeire.
O Brasil de Fato tentou entrar em contato
com a Marinha para que prestasse esclarecimento, porém, até o fechamento dessa
matéria, não obteve retorno.
Dilma: uma terra titulada
A exemplo do ano passado, apenas uma
terra quilombola foi titulada pelo governo de Dilma Rousseff em 2012.
A comunidade que recebeu o título foi o Quilombo Chácara de Buriti (MS), composta
por 19 famílias.
De acordo com a Comissão Pró-Índio de São Paulo
(CPI-SP), a demora na titulação deixa as comunidades quilombolas em situação de
vulnerabilidade sem garantia de que poderão permanecer em seus territórios e,
em muitos casos, ameaçadas de expulsão.
Segundo a entidade, atualmente, somente 193
quilombolas contam com suas terras tituladas, o que representa 6% das 3 mil
comunidades já identificadas no Brasil. Mais de mil processos estão abertos no
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) aguardando a
titulação.
Fonte:
http://www.brasildefato.com.br/node/11449
19/12/2012
Veja mais sobre a luta
dos Quilombolas nos links abaixo:
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