Chico Alencar |
Não, não estamos em 1500. O fato truculento se deu
há pouco, no Rio. Mais de 200 PMs, apoiados por carros blindados e helicóptero,
desalojaram indígenas que ocupavam há anos o antigo Museu do Índio, no
Maracanã.
O prédio público se tornara 'ruína dirigida', para
a prevalência de interesses da especulação imobiliária e dos negócios privados
- entre eles, o assumido pelo governo do estado, de ali fazer um...
Estacionamento!
Esse projeto nem a FIFA, argentarista como é, segurou! Graças à tenaz ocupação,
o governo teve que recuar e prometeu preservar o imóvel. Mas não aceita a
proposta de criar ali um Centro de Referência das Culturas Indígenas, muito
menos de vê-lo ocupado por representantes de povos originários.
A Justiça injusta concedeu reintegração de posse
para quem nunca zelou pelo local. E a Polícia de Cabral não cumpriu
integralmente o acordo mediado com parlamentares do PSOL e um procurador da
República: invadiu o prédio antes mesmo dos 10 minutos solicitados para um
ritual de finalização da ocupação.
Às centenas de pessoas que apoiavam, extra-muros, a
boa causa, a tropa de choque distribuiu bombas, balas de borracha, gás pimenta
e prisões, perseguindo os manifestantes pela rua afora.
Com uma ânsia de bater que, entre outras
anormalidades, pode refletir não apenas o despreparo, mas também as condições
de trabalho impostas pelo governo cujas ordens seus soldados são tão
violentamente fiéis em obedecer ('o opressor introjeta seus valores no
oprimido' - Paulo Freire).
Marx escreveu que 'a história só se repete como
tragédia ou como farsa'. Taí: Cabral invadiu a Aldeia Maracanã, com suas naus
cruzadistas, e expulsa seus nativos. Mas a luta vai prosseguir, e os
'conquistadores' contemporâneos, mercadores dos espaços urbanos, encontrarão
resistência!
*Chico Alencar é deputado federal pelo PSOL/RJ.
Fonte:http://www.brasildefato.com.br/node/12420
22/03/2013
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