Este ano, a jornada leva o lema “Mulheres Sem Terra
na luta contra o capital e pela soberania dos povos” e mobiliza mais de
10 mil camponesas em todo o país
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Desde o dia 4 de março, as mulheres camponesas realizam
a Jornada de Luta das Mulheres da Via Campesina, quando acontece uma série de
atividades em todo o Brasil que relembram o 8 de março.
Este ano, a jornada leva o lema “Mulheres Sem Terra
na luta contra o capital e pela soberania dos povos” e tem como objetivo
denunciar o capital estrangeiro na agricultura por meio das empresas
transnacionais, chamar a atenção da sociedade para o modelo destrutivo do
agronegócio ao meio ambiente, a ameaça à soberania alimentar e a vida da
população brasileira.
Foram ocupadas terras, empresas de agrotóxicos,
prédios públicos e realizadas marchas, atos públicos e trancamento de rodovias
em diversos estados do Brasil, ao mobilizar até o momento mais de dez mil
mulheres camponesas em todo o país.
As ações fazem enfrentamento contra o retrocesso
das conquistas dos trabalhadores e trabalhadoras do campo, em especial a
Reforma Agrária.
Confira as ações realizadas nos estados:
Pernambuco
Nesta sexta-feira (8), cerca de 400 trabalhadoras
rurais do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e da Comissão
Pastoral da Terra (CPT) ocuparam a Usina Maravilha, no município de Condado. A
Usina Maravilha pertence ao Grupo Andrade Queiroz, um dos maiores
concentradores de terras do estado. Sem operar desde a década de 1990, a usina
cedia terras à Cruangi (cerca de 19 mil hectares) que administrava as duas
propriedades.
A usina faliu e não pagou seus funcionários e
fornecedores. As dívidas somam aproximadamente R$ 35 milhões. A mobilização tem
o objetivo de fazer com que todas as terras das usinas Maravilha e Cruangi
sejam desapropriadas para fins de Reforma Agrária.
Mato Grosso do Sul
Na manhã desta sexta-feira, cerca de 600 mulheres
da Via Campesina e da Central Única dos Trabalhadores (CUT) trancaram a rodovia
BR 264 no município de Nova Alvorada do Sul. As camponesas denunciam os
milhares de hectares de monocultivo de cana na região e a grande quantidade de
agrotóxicos utilizados pelas usinas, que contaminam o Aquífero Guarani.
Santa Catarina
No município de Calmon, cerca de 300 mulheres do
MST saíram em marcha nesta sexta-feira rumo à empresa Rigesa S/A, líder global
em produção de embalagens, produtos para escritórios, químicos especiais e
papel.
A empresa Rigesa, subsidiária da MeadWestvaco
(empresa estadunidense sucessora da Lumber, empresa responsável pela expulsão e
assassinato de milhares de caboclos na Guerra do Contestado), está instalada no
Brasil há quase 70 anos com filiais localizadas em Manaus (AM), nas
proximidades de Salvador (BA), Fortaleza (CE) e São Paulo (SP), e em Santa
Catarina do Sul (SC).
Rio Grande do Sul
Cerca de 700 mulheres da Via Campesina, do
Movimento dos Trabalhadores Desempregados (MTD) e do Levante Popular realizam
nesta sexta-feira (8) um ato de denúncia em uma das obras da Copa em Porto
Alegre.
As mulheres dos movimentos sociais se somam às
moradoras da região para denunciar a violação de direitos humanos e sociais,
marcada pelos despejos e remoções forçados das famílias, trazendo diversas
consequências à população.
Na quarta-feira (5), no município de Taquari, 600
mulheres da Via Campesina ocuparam a empresa fabricante de agrotóxicos Milenia.
A companhia faz parte do grupo israelense Makhteshim Agan, fabricante de
agrotóxicos, sendo a maior unidade industrial localizada fora de Israel.
Outras 400 mulheres ligadas ao Movimento dos
Pequenos Agricultores (MPA), Conselho Municipal da Mulher e Escola Família
Agrícola realizaram uma marcha no centro da cidade de Santa Cruz do Sul, tendo
como tema de denúncia a violência praticada contra as mulheres e a alimentação
produzida com agrotóxicos.
Distrito Federal
Na quinta-feira (7), os cerca de mil Sem Terra que
estão acampadas desde terça-feira (5) no acampamento batizado de Hugo Chávez,
em Brasília, ocuparam o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(MAPA). As camponesas cobram a priorização da Reforma Agrária enquanto política
agrícola para o país e denunciam o modelo do agronegócio, que segundo elas,
utiliza-se de trabalho escravo, enormes quantidades de agrotóxicos, expulsa o
trabalhador do campo e não produz alimentos para o povo brasileiro.
Na manhã da quarta-feira (6), as camponesas
marcharam junto com outros 50 mil trabalhadores e trabalhadoras de seis
centrais sindicais no Distrito Federal, em que uma das principais pautas
unitárias é a realização da Reforma Agrária. À tarde, as camponesas promoveram
um ato na embaixada da Venezuela, em homenagem à memória do presidente Hugo
Chávez e em solidariedade ao povo venezuelano.
Tocantins
No município de Aliança, cerca de 500 mulheres do
MST ocuparam na manhã da quinta-feira (7) a fazenda Aliança, de propriedade da
ruralista Kátia Abreu (PSD-TO), para denunciar os passivos ambientais da área.
A fazenda foi embargada em duas situações – 2011 e2012 – pelo Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) de
Tocantins por desmatamento e derrubamento de árvores e demais formas de
vegetação natural em área considerada de preservação permanente.
As mulheres também interditaram a rodovia Belém –
Brasília.
São Paulo
No interior do estado de São Paulo, na
quinta-feira, por volta de mil mulheres se mobilizaram para denunciar a
paralisia da Reforma Agrária. Foram ocupadas duas fazendas (a Fazenda Nazareth,
no município de Marabá Paulista e a Fazenda Martinópolis, ligada a Usina Nova
União, em Ribeirão Preto) e as sedes da empresa de assistência técnica
terceirizada IBS, nos municípios de Bauru e Iaras.
Na região de Itapeva, as camponesas realizaram uma
manifestação contra o poder Judiciário e distribuição de alimentos produzidos
nos assentamentos da região para a sociedade, no município de Itaporanga, e
outras Sem Terra realizaram uma marcha pelo município de São José do Rio Preto,
encerrando com ato político em frente ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Minas Gerais
Na quinta-feira (7), as mulheres realizaram uma
vigília em frente ao Tribunal de Justiça, na Avenida Afonso Pena, em Belo
Horizonte. O objetivo foi exigir que seja marcada imediatamente a data do
julgamento de Adriano Chafik, réu confesso, mandante e executor do Massacre de
Felisburgo, episódio no qual cinco trabalhadores foram assassinados e outros 12
ficaram feridos, entre eles uma criança de 12 anos.
Desde a quarta-feira (6), 300 mulheres do MST
encontram-se acampadas em frente à Assembleia Legislativa de Minas Gerais,
realizando atividades formativas e manifestações que tem como principal
objetivo debater a violência contra as mulheres do campo, denunciar os 36
despejos expedidos desde dezembro de 2012, e clamar por justiça para o Massacre
de Felisburgo, que tem previsão para julgamento em abril.
Maranhão
Em Imperatriz, cerca de 300 as mulheres organizadas
pelo MST e a Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura do
Estado do Maranhão (FETAEMA) ocuparam na quarta-feira (6) a sede regional do
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
Mobilizadas desde terça-feira (5), as camponesas
pressionam a realização de uma audiência para discutir a situação de terras da
união ocupadas pelos trabalhadores.
Bahia
Na terça-feira (5), mais de 400 mulheres do MST
ocuparam a Fazenda Cultrosa, no município de Camamu, para denunciar a
desigualdade social provocada pelos grandes latifúndios na região.
No município de Itaberaba, 1200 trabalhadoras e
trabalhadores rurais, em sua maioria mulheres, ocuparam a sede regional da
Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para reivindicar a liberação
imediata das cestas básicas que estão retidas no galpão da Companhia e exigirem
a renegociação da dívida contraída por meio do Programa Compra Antecipada.
Já na segunda-feira (4), mais de 1.200 mulheres da
Via Campesina ocuparam uma área da Veracel Celulose no município de Itabela
(BA) e outras duzentas famílias ocuparam duas áreas da Suzano celulose no
município de Teixeira de Freitas, para denunciar à sociedade a ofensiva do
agronegócio e os impactos ambientais e sociais que essas empresas provocam na
vida da população.
Pará
Em Belém do Pará, começou na terça-feira (5) o 2°
Encontro das Mulheres do Campo e da Cidade, que conta com a participação de
mais de 300 trabalhadoras. O evento está sendo realizado na Escola Estadual
Augusto Meira e termina nesta sexta-feira (8).
Espírito Santo
No Espírito Santo, por volta de 300 trabalhadoras e
trabalhadores rurais realizaram uma marcha pelas ruas município de Ponto Belo e
seguiram em fileira até a cidade vizinho de Mucurici.
Mato Grosso
Cerca de 150 camponesas do MST fizeram uma marcha
pelas ruas de Cuiabá na segunda-feira (4). A marcha partiu da Igreja Sagrada
Família, no bairro Carumbé, até o Instituto de Colonização e Reforma Agrária (INCRA),
onde as camponesas acamparam. Durante a semana, as mulheres Sem Terra farão
marchas, protestos e outras atividades políticas e culturais na região.
Fonte:http://www.brasildefato.com.br/node/12235
08/03/2013
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