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sexta-feira, 8 de março de 2013

OCUPAÇÕES DE TERRA, PRÉDIOS PÚBLICOS E MARCHAS MARCAM JORNADA DAS MULHERES


Este ano, a jornada leva o lema “Mulheres Sem Terra na luta contra o capital e pela soberania dos povos” e mobiliza mais de 10 mil camponesas em todo o país

  
Desde o dia 4 de março, as mulheres camponesas realizam a Jornada de Luta das Mulheres da Via Campesina, quando acontece uma série de atividades em todo o Brasil que relembram o 8 de março.
Este ano, a jornada leva o lema “Mulheres Sem Terra na luta contra o capital e pela soberania dos povos” e tem como objetivo denunciar o capital estrangeiro na agricultura por meio das empresas transnacionais, chamar a atenção da sociedade para o modelo destrutivo do agronegócio ao meio ambiente, a ameaça à soberania alimentar e a vida da população brasileira.
Foram ocupadas terras, empresas de agrotóxicos, prédios públicos e realizadas marchas, atos públicos e trancamento de rodovias em diversos estados do Brasil, ao mobilizar até o momento mais de dez mil mulheres camponesas em todo o país.
As ações fazem enfrentamento contra o retrocesso das conquistas dos trabalhadores e trabalhadoras do campo, em especial a Reforma Agrária.

Confira as ações realizadas nos estados:

Pernambuco

Nesta sexta-feira (8), cerca de 400 trabalhadoras rurais do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e da Comissão Pastoral da Terra (CPT) ocuparam a Usina Maravilha, no município de Condado. A Usina Maravilha pertence ao Grupo Andrade Queiroz, um dos maiores concentradores de terras do estado. Sem operar desde a década de 1990, a usina cedia terras à Cruangi (cerca de 19 mil hectares) que administrava as duas propriedades.
A usina faliu e não pagou seus funcionários e fornecedores. As dívidas somam aproximadamente R$ 35 milhões. A mobilização tem o objetivo de fazer com que todas as terras das usinas Maravilha e Cruangi sejam desapropriadas para fins de Reforma Agrária.

Mato Grosso do Sul

Na manhã desta sexta-feira, cerca de 600 mulheres da Via Campesina e da Central Única dos Trabalhadores (CUT) trancaram a rodovia BR 264 no município de Nova Alvorada do Sul. As camponesas denunciam os milhares de hectares de monocultivo de cana na região e a grande quantidade de agrotóxicos utilizados pelas usinas, que contaminam o Aquífero Guarani.

Santa Catarina

No município de Calmon, cerca de 300 mulheres do MST saíram em marcha nesta sexta-feira rumo à empresa Rigesa S/A, líder global em produção de embalagens, produtos para escritórios, químicos especiais e papel.
A empresa Rigesa, subsidiária da MeadWestvaco (empresa estadunidense sucessora da Lumber, empresa responsável pela expulsão e assassinato de milhares de caboclos na Guerra do Contestado), está instalada no Brasil há quase 70 anos com filiais localizadas em Manaus (AM), nas proximidades de Salvador (BA), Fortaleza (CE) e São Paulo (SP), e em Santa Catarina do Sul (SC).

Rio Grande do Sul

Cerca de 700 mulheres da Via Campesina, do Movimento dos Trabalhadores Desempregados (MTD) e do Levante Popular realizam nesta sexta-feira (8) um ato de denúncia em uma das obras da Copa em Porto Alegre.
As mulheres dos movimentos sociais se somam às moradoras da região para denunciar a violação de direitos humanos e sociais, marcada pelos despejos e remoções forçados das famílias, trazendo diversas consequências à população.
Na quarta-feira (5), no município de Taquari, 600 mulheres da Via Campesina ocuparam a empresa fabricante de agrotóxicos Milenia. A companhia faz parte do grupo israelense Makhteshim Agan, fabricante de agrotóxicos, sendo a maior unidade industrial localizada fora de Israel.
Outras 400 mulheres ligadas ao Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Conselho Municipal da Mulher e Escola Família Agrícola realizaram uma marcha no centro da cidade de Santa Cruz do Sul, tendo como tema de denúncia a violência praticada contra as mulheres e a alimentação produzida com agrotóxicos.

Distrito Federal

Na quinta-feira (7), os cerca de mil Sem Terra que estão acampadas desde terça-feira (5) no acampamento batizado de Hugo Chávez, em Brasília, ocuparam o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). As camponesas cobram a priorização da Reforma Agrária enquanto política agrícola para o país e denunciam o modelo do agronegócio, que segundo elas, utiliza-se de trabalho escravo, enormes quantidades de agrotóxicos, expulsa o trabalhador do campo e não produz alimentos para o povo brasileiro.
Na manhã da quarta-feira (6), as camponesas marcharam junto com outros 50 mil trabalhadores e trabalhadoras de seis centrais sindicais no Distrito Federal, em que uma das principais pautas unitárias é a realização da Reforma Agrária. À tarde, as camponesas promoveram um ato na embaixada da Venezuela, em homenagem à memória do presidente Hugo Chávez e em solidariedade ao povo venezuelano.

Tocantins

No município de Aliança, cerca de 500 mulheres do MST ocuparam na manhã da quinta-feira (7) a fazenda Aliança, de propriedade da ruralista Kátia Abreu (PSD-TO), para denunciar os passivos ambientais da área. A fazenda foi embargada em duas situações – 2011 e2012 – pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) de Tocantins por desmatamento e derrubamento de árvores e demais formas de vegetação natural em área considerada de preservação permanente.
As mulheres também interditaram a rodovia Belém – Brasília.

São Paulo

No interior do estado de São Paulo, na quinta-feira, por volta de mil mulheres se mobilizaram para denunciar a paralisia da Reforma Agrária. Foram ocupadas duas fazendas (a Fazenda Nazareth, no município de Marabá Paulista e a Fazenda Martinópolis, ligada a Usina Nova União, em Ribeirão Preto) e as sedes da empresa de assistência técnica terceirizada IBS, nos municípios de Bauru e Iaras.
Na região de Itapeva, as camponesas realizaram uma manifestação contra o poder Judiciário e distribuição de alimentos produzidos nos assentamentos da região para a sociedade, no município de Itaporanga, e outras Sem Terra realizaram uma marcha pelo município de São José do Rio Preto, encerrando com ato político em frente ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Minas Gerais

Na quinta-feira (7), as mulheres realizaram uma vigília em frente ao Tribunal de Justiça, na Avenida Afonso Pena, em Belo Horizonte. O objetivo foi exigir que seja marcada imediatamente a data do julgamento de Adriano Chafik, réu confesso, mandante e executor do Massacre de Felisburgo, episódio no qual cinco trabalhadores foram assassinados e outros 12 ficaram feridos, entre eles uma criança de 12 anos.
Desde a quarta-feira (6), 300 mulheres do MST encontram-se acampadas em frente à Assembleia Legislativa de Minas Gerais, realizando atividades formativas e manifestações que tem como principal objetivo debater a violência contra as mulheres do campo, denunciar os 36 despejos expedidos desde dezembro de 2012, e clamar por justiça para o Massacre de Felisburgo, que tem previsão para julgamento em abril.

Maranhão

Em Imperatriz, cerca de 300 as mulheres organizadas pelo MST e a Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura do Estado do Maranhão (FETAEMA) ocuparam na quarta-feira (6) a sede regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
Mobilizadas desde terça-feira (5), as camponesas pressionam a realização de uma audiência para discutir a situação de terras da união ocupadas pelos trabalhadores.

Bahia

Na terça-feira (5), mais de 400 mulheres do MST ocuparam a Fazenda Cultrosa, no município de Camamu, para denunciar a desigualdade social provocada pelos grandes latifúndios na região.
No município de Itaberaba, 1200 trabalhadoras e trabalhadores rurais, em sua maioria mulheres, ocuparam a sede regional da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para reivindicar a liberação imediata das cestas básicas que estão retidas no galpão da Companhia e exigirem a renegociação da dívida contraída por meio do Programa Compra Antecipada.
Já na segunda-feira (4), mais de 1.200 mulheres da Via Campesina ocuparam uma área da Veracel Celulose no município de Itabela (BA) e outras duzentas famílias ocuparam duas áreas da Suzano celulose no município de Teixeira de Freitas, para denunciar à sociedade a ofensiva do agronegócio e os impactos ambientais e sociais que essas empresas provocam na vida da população.

Pará

Em Belém do Pará, começou na terça-feira (5) o 2° Encontro das Mulheres do Campo e da Cidade, que conta com a participação de mais de 300 trabalhadoras. O evento está sendo realizado na Escola Estadual Augusto Meira e termina nesta sexta-feira (8).

Espírito Santo

No Espírito Santo, por volta de 300 trabalhadoras e trabalhadores rurais realizaram uma marcha pelas ruas município de Ponto Belo e seguiram em fileira até a cidade vizinho de Mucurici.

Mato Grosso

Cerca de 150 camponesas do MST fizeram uma marcha pelas ruas de Cuiabá na segunda-feira (4). A marcha partiu da Igreja Sagrada Família, no bairro Carumbé, até o Instituto de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), onde as camponesas acamparam. Durante a semana, as mulheres Sem Terra farão marchas, protestos e outras atividades políticas e culturais na região.



Fonte:http://www.brasildefato.com.br/node/12235
08/03/2013

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