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segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

MENSAGEM DE FIM DE ANO



Nesta última publicação do mês de dezembro de 2012 presentearemos nossos leitores com o texto: "A Importância da Oralidade", de Regiana Augusto de Matos que, uma vez tratando de oralidade, e sabendo o quanto ela é importante para fundamentar a escrita e, sendo a escrita uma das formas de emancipação humana, tão utilizada neste BLOG, gostaríamos de deixar essa mensagem final para que em 2013 continuemos a nos expressar, seja de forma oral ou escrita, para a transformação da sociedade.
 
Portanto, desejamos aos povos do mundo inteiro, que ao longo deste ano estiveram na companhia deste humilde escriba através do BLOG CECHAIB-MACAU, desejamos um feliz 2013, e que continuemos juntos difundindo essa ideia mundo afora. E assim sendo, devemos sempre acreditar que, “a relação ensino-aprendizagem deve ser um convite e um desafio para alunos e professores cruzarem ou mesmo subverterem as fronteiras impostas entre as diferentes culturas e grupos sociais, entre a teoria e a prática, a política e o cotidiano, a história, a arte e a vida.” (FONSECA: 2003. pag.38).


A IMPORTÂNCIA DA ORALIDADE
Regiane Augusto de Matos

Até os dias atuais, a maior parte das sociedades africanas subsaariana dá grande importância à oralidade, ao conhecimento transmitido de geração para geração por meio das palavras proferidas com cuidado pelos tradicionalistas – os guardiões da tradição oral, que conhecem e transmitem as ideias sobre a origem do mundo, as ciências da natureza, a astronomia e os fatos históricos.

Nessas sociedades de tradição oral, a relação entre o homem e a palavra é mais intensa. A palavra tem um valor sagrado, sua origem é divina. A fala é um dom, não podendo ser utilizada de forma imprudente, leviana. Ela tem o poder de criar, mas também o de conservar e destruir. Uma única palavra pode causar uma guerra ou proporcionar a paz.

Alguns ofícios existentes nas sociedades africanas estão relacionados à tradição oral, a um conhecimento sagrado, a ser revelado e transmitido para as futuras gerações; é o caso dos ferreiros, carpinteiros, tecelões, caçadores e agricultores. Os mestres que realizam essas atividades fazem-no ao mesmo tempo em que entoam cantos ou palavras ritmadas e gestos que representam a criação.

Os griots ou animadores públicos também são tradicionalistas responsáveis pela história, música, poesia e contos. Existem griots músicos, tocadores de instrumentos, compositores e cantores, os griots embaixadores, mediadores em caso de desentendimento entre as famílias, e os griots historiadores, poetas e genealogistas, estes são os contadores de história. Nem todos os griots têm o compromisso com a verdade como os demais tradicionalistas. A eles é permitido inventar e embelezar as histórias.

O aprendizado de um tradicionalista ocorre nas escolas de iniciação e no seio da familiar, no qual o pai, a mãe e os parentes mais velhos também são os responsáveis pelos ensinamentos, por meio de suas próprias experiências, lendas, fábulas, provérbios e mitos sobre a criação do mundo, o papel do homem no Universo, a existência do mundo dos vivos e dos mortos.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

QUILOMBO RIO DOS MACACOS SOFRE NOVO ATAQUE ARMADO




Atiradores dispararam contra moradores; testemunha aponta que o interesse pela terra é dos governos federal e estadual, que utilizam a Marinha para “massacrar a comunidade”
 
José Francisco Neto da Redação
  
A luta pelos direitos dos Quilombolas no Quilombo Rio dos Macacos
  
Os moradores do Quilombo Rio dos Macacos, na Bahia, foram alvos de ataque armado na noite desta terça-feira (18). Atiradores não identificados dispararam em direção às pessoas que estavam próximas à residência de seu Antônio, ex-morador que faleceu de infarto este ano após ser ameaçado, junto com sua família, por integrantes da Marinha do Brasil.

A área do Quilombo Rio dos Macacos tornou-se palco de uma disputa judicial e territorial a partir da década de 60, com a doação "formal" das terras pela Prefeitura de Salvador à Marinha do Brasil. Atualmente, o território é alvo de uma ação reivindicatória proposta pela Procuradoria da União, na Bahia, que pediu a desocupação do local para atender as “necessidades futuras da Marinha” que pretende ampliar as instalações da base, onde residem 450 famílias de militares.

Entretanto, Rosemeire dos Santos, moradora e uma das dirigentes do quilombo, aponta que o interesse pela terra não é somente da Marinha.
  
Quilombo Rio dos Macacos
“A gente tem a consciência de que é o próprio Governo, tanto do Estado da Bahia quanto o Federal, que está massacrando a comunidade através da Marinha.”

O Quilombo Rio dos Macacos, localizado no bairro de São Tomé de Paripe, no limite da cidade de Simões Filho e Salvador, é formado por 70 famílias que vivem tradicionalmente no local há mais de 200 anos.
Como o quilombo não possui energia elétrica, não foi possível identificar quem eram os autores dos disparos. “Me tranquei dentro de casa com minha filha. Meus irmãos ficaram dentro do mato, deram vários tiros contra meu pai e meus irmãos. Eles se jogaram no meio do mato para se proteger”, relata Rosemeire.

O Brasil de Fato tentou entrar em contato com a Marinha para que prestasse esclarecimento, porém, até o fechamento dessa matéria, não obteve retorno.

Dilma: uma terra titulada

A exemplo do ano passado, apenas uma terra quilombola foi titulada pelo governo de Dilma Rousseff em 2012. A comunidade que recebeu o título foi o Quilombo Chácara de Buriti (MS), composta por 19 famílias.

De acordo com a Comissão Pró-Índio de São Paulo (CPI-SP), a demora na titulação deixa as comunidades quilombolas em situação de vulnerabilidade sem garantia de que poderão permanecer em seus territórios e, em muitos casos, ameaçadas de expulsão.

Segundo a entidade, atualmente, somente 193 quilombolas contam com suas terras tituladas, o que representa 6% das 3 mil comunidades já identificadas no Brasil. Mais de mil processos estão abertos no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) aguardando a titulação.

Fonte: http://www.brasildefato.com.br/node/11449
19/12/2012

Veja mais sobre a luta dos Quilombolas nos links abaixo:

Bahia: Quilombo Rio dos Macacos é reprimido por milicos

Governo usa apenas metade dos recursos para quilombolas, aponta instituto

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

PROJETO DE IRRIGAÇÃO NA CHAPADA DO APODI, NO RIO GRANDE DO NORTE É “REFORMA AGRÁRIA AO CONTRÁRIO”


Mapa da Chapada do Apodi/RN

No último dia 10, cerca de 3 mil pessoas, em sua grande maioria mulheres, tomaram as ruas do município de Apodi, no Rio Grande do Norte, para expressar sua revolta ao Projeto de Irrigação Santa Cruz do Apodi, conhecido como “projeto da morte”
William Pedeira  da CUT

O ato expressivo fez parte das “24 horas de ação feminista” organizada pela Marcha Mundial de Mulheres na última segunda-feira, 10 de dezembro, quando foi celebrado o Dia Internacional de Direitos Humanos.
Manifestação na Chapada do Apodi/RN em Defesa da Vida
A concentração teve inicio às 8h com a caminhada partindo às 9h30 e ocupando as ruas de Apodi. Logo após, ocorreu um ato político no centro do município com a presença de Carmen Foro, vice-presidenta da CUT e coordenadora de Mulheres da Contag; Rosane Silva, secretária da Mulher Trabalhadora da CUT; Nalú Faria, coordenadora da Marcha Mundial de Mulheres; Francisca Antônia de Lima Carvalho (Kika), vice-presidenta do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Apodi; e Francisca de Paiva (Ika), moradora da comunidade local. 

Estas duas últimas companheiras que têm sido referência na luta contra o projeto. O ato foi finalizado na chapada do Apodi, quando a manifestação fechou a estrada por alguns minutos em forma de protesto. “Foi um grande ato com presença de trabalhadores rurais, sindicatos urbanos, especialmente do SINTE, estudantes, MST e claro milhares de mulheres da Marcha Mundial e sua batucada”, relatou Rosane Silva.

Capitaneado pelo Ministério da Integração Nacional através do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) e com investimentos provenientes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o Projeto pretende desapropriar uma área com cerca de 14 mil hectares, que equivale a 14 mil campos de futebol, para a implementação de um programa de fruticultura irrigada. Ali, habitam atualmente cerca de 800 famílias divididas em cerca de 30 comunidades rurais. São grupos populacionais que possuem aspectos culturais, históricos e sócio-econômicos próprios, constituindo-se uma referência nacional em produção agroecológica e familiar.

Em dossiê-denúncia, entidades locais, nacionais e moradores da região apontam diversas violações que serão implementadas com projeto: desrespeito aos direitos humanos, culturais, históricos e patrimoniais das comunidades que residem na região; degradação ambiental à uma localidade que possui características de relevo, fauna e flora peculiares, bem como formações arqueológicas de grande importância para o patrimônio histórico brasileiro; investimento de dinheiro público em uma obra onde não há perspectiva de resultado econômico e social, além de servir como propulsora de uma das maiores tragédias do sertão nordestino nos últimos anos.

“Este é o mesmo local onde o ex-presidente Lula anunciou em 2005 o conjunto de programas Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) Mulher e Pronaf Agricultura Familiar. Portanto, é uma contradição muito grande. É a expressão da disputa do modelo de produção agrícola. É outro programa contrapondo ao projeto de convivência com o semi-árido e de produções agroecológicas construído ao longo de vários anos pelas comunidades locais e reconhecido nacional e internacionalmente. Sabemos que quando o capital quer se estabelecer passa por cima de tudo”, critíca Carmen.

O custo para construção do projeto ultrapassa os R$ 240 milhões. Em momento algum, cita Carmen, as comunidades locais foram chamadas para expressar sua opinião. Foram apenas comunicadas sobre a construção do projeto e o consequente  remanejamento das ações indenizatórias que muitas vezes são irrisórias e não compensam todo o prejuízo social, material, cultural e ambiental.

De acordo com a dirigente da CUT, após a Marcha das Margaridas realizada no ano passado, a presidente Dilma suspendeu a assinatura do projeto. Mas essa suspensão foi logo revista. “Infelizmente, não temos um canal de diálogo aberto. Há toda uma preocupação, um empenho nacional em buscar este diálogo com o governo. Nossa esperança é que com este ato expressivo e sua repercussão o governo convoque uma conversa com os atores envolvidos. É um processo incansável de luta até que seja respeitado os direitos da população local com a suspensão permanente do projeto".

Camponeses Defendem a Agricultura Familiar na Chapada do Apodi/RN
Informações inconsistentes – segundo a legislação ambiental vigente, empreendimentos como os perímetros irrigados precisam passar obrigatoriamente por um estudo aprofundado que possibilite dimensionar os ataques contra o meio ambiente, assim como as violações de direitos humanos, históricos e sociais.

Acontece que no respectivo projeto ficam evidentes as inconsistências e contradições no Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e no Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). Não quantifica os impactos e tampouco oferece condições reais que possam dimensionar as agressões ao meio ambiente. As explicitações, segundo o dossiê, se reduzem as imprecisões no âmbito das possibilidades, não apresentando dados concretos que caracterizam as violações ao meio ambiente.

São agressões ao solo por conta do desmatamento de grande área e movimentos de terra, agressões nas reservas hídricas ocasionadas pelo escoamento das águas contaminadas por agrotóxico, defensivos agrícolas e fertilizantes utilizados pela produção da fruticultura irrigada. Em função do desmatamento e do manejo do solo também poderão ocorrer problemas de erosão, assoreamento dos corpos de água e falta de controle no uso de fertilizantes e biocidas, além da salinização do solo decorrente do manejo incorreto da técnica e do sistema de drenagem.
O Fantasma do Agronegócio
Há na área de influência indireta do empreendimento grande associação fossilífera do período cretáceo, com a presença de fósseis de grupos vertebrados e invertebrados, cuja importância se ressalta em função de seu valor histórico, científico e cultural para o estado do Rio Grande do Norte.

Tais problemas foram apontados no EIA-RIMA somente de maneira artificial, sem nenhuma análise profunda dos impactos.

13/12/2012

Acesse o DOSSIÊ-DENÚNCIA sobre o Projeto de Irrigação Santa Cruz do Apodi/RN, chamado de Projeto da Morte.

Saiba mais sobre o assunto:

AQUI SOMOS TODAS APODI!