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segunda-feira, 31 de julho de 2017

NO CENTENÁRIO DE MORTE, PRIMEIRA AUTORA NEGRA DO BRASIL GANHA REEDIÇÃO DE LIVRO

Maria Firmina dos Reis publicou anonimamente 'Úrsula' em 1859 e influenciou toda a produção literária do País

Bruna Meneguetti*          


Busto de Maria Firmina dos Reis foi inaugurado em 1975 em São Luis, no Maranhão Foto: Diego Emir

Em 2017 completa-se o centenário da morte da primeira escritora negra do Brasil e primeira autora de romance abolicionista em toda a língua portuguesa. Maria Firmina dos Reis publicou Úrsula em 1859, livro que estava fora de catálogo, mas em setembro desse ano ganha nova edição pela PUC Minas. Eduardo de Assis Duarte, pesquisador da literatura afro-brasileira, autor de livros sobre o tema e doutor em letras, assina o posfácio e escreve sobre a contextualização histórica da obra no conjunto de escritos de escravizados no Ocidente.
Filha de mãe branca e pai negro, provavelmente escravo, Firmina adquiriu, dentro das possibilidades, referências culturais e o domínio da norma culta através da família da mãe, composta de músicos e um primo estudioso. É possível que tal fato proporcionou que escrevesse músicas, sendo a primeira mulher aprovada num concurso público para o magistério em sua terra natal, o Maranhão, e também para que fundasse, mais tarde, a primeira escola mista – com alunos brancos e negros – e gratuita do estado, algo inovador naquele tempo. 
Ainda que muito importante Firmina é pouco citada e conhecida. De acordo com Duarte, no posfácio de uma edição de Úrsula de 2004, os elementos determinantes para o silenciamento foram à ausência de assinatura, a indicação de autoria feminina, a distante localização geográfica e o tratamento inovador dado ao tema da escravidão. Ao contar a história de Úrsula, protagonista branca; Túlio, escravo que se torna livre; Tancredo, que se apaixona por Úrsula; Fernando, o grande vilão; e Susana, que narra suas vivências antes de ter sido trazida como escrava, Firmina busca humanizar o negro através da valorização da memória, algo pouco comum na época. Diferente dela, “os autores defendiam a abolição por que a escravidão corrompia a família branca brasileira, como acontece em As Vítimas-Algozes (1869), de Joaquim Manuel de Macedo e A Escrava Isaura (1875), de Bernardo Guimarães”, explica Duarte. 
Apesar da excelente escrita, Firmina omitiu seu nome assinando as obras como “Uma Maranhense”. No prólogo, ainda diz: “Mesquinho e humilde livro é este que vos apresento leitor”, falando logo em seguida que o mesmo não tem valor por ser de uma mulher. Antigamente, era comum esse “recato literário”, pois a escrita não costumava ser feita por mulheres. “Evidências confirmam que escritoras do século 19 e primeiras décadas do século 20, na produção hispano-americana, apresentaram-se com uma escrita ‘menor’ como estratégia de veiculação e aceitação de suas obras”, explica Luciana Martins Diogo, mestra em Culturas e Identidades Brasileiras pela USP. 
Embora existisse o “recato”, Firmina não só publicou como antecedeu diversas questões atuais. Para o professor Duarte, “a autora maranhense, pela primeira vez, constrói a crítica do patriarcado escravista do duplo ponto de vista da vítima, mulher e negra”. Para Luciana, um dos grandes legados da obra firminiana foram “seus questionamentos em relação ao lugar e ao papel da mulher na sociedade”, algo que se percebe, por exemplo, quando a protagonista diz: “Nunca pude dedicar a meu pai amor filial que rivalizasse com aquele que sentia por minha mãe, e sabeis por quê? É que entre ele e sua esposa estava colocado o mais despótico poder: meu pai era o tirano de sua mulher, e ela, triste vítima, chorava em silêncio”.
'Semeadura' (1954), de Clóvis Graciano
Em questão histórica, Firmina, no entanto, não foi quem inaugurou a literatura afro-brasileira. Segundo Luciana, essa literatura pode ser entendida como uma interação dinâmica de cinco componentes: temática, autoria, ponto de vista, linguagem e público. Já para Oswaldo de Camargo, jornalista, estudioso da literatura negra e autor dos livros O Negro Escrito, A Descoberta do Frio (ficção) e Carro do Êxito (contos), é fundamental que “o escritor negro se veja como negro tire as consequências e escreva seu texto. Por isso que um branco não pode fazer literatura negra.” Maria Nilda de Carvalho Mota, a Dinha, poeta e doutoranda de estudos comparados nas letras, que atua nos campos de literatura afro-brasileira e africana, no entanto, acha que é possível, teoricamente, escrever da perspectiva de um negro, mas diz que não tem encontrado. “Noto que as pessoas que não vivem na pele tendem a ser sensacionalistas porque passou pelo estômago, que é a indignação, mas tem que passar pelo coração e pela cabeça.” 
Assim, para entender como a história da literatura negra se desenvolveu, é preciso voltar antes mesmo de Firmina. O negro apareceu primeiramente nos poemas (que antecedem os romances na maior parte das literaturas). Oswaldo explica que o primeiro escritor mulato que vai dar “relances de uma literatura voltada para a questão racial” é Domingos Caldas Barbosa, com o livro Viola de Lereno. Oswaldo cita o verso em que se lê: "Ai Céu! / Ela é minha iaiá / O seu moleque sou eu.” 
“Manuel Bandeira fala que nossa poesia vai começar com Domingos Barbosa, porque sua linguagem usa pela primeira vez palavras brasileiras. Quando ele fala moleque, isso tem uma conotação, porque moleque era sempre preto. Muito tenuamente, está insinuando também uma condição racial.” Mas, segundo Oswaldo, o primeiro autor que usa o eu negro para escrever foi Luiz Gama, com o livro Primeiras Trovas de Getulino, de 1859. Um dos poemas, conhecido como Bodarrada, diz: “Se negro sou, ou sou bode, / pouco importa. O que isso pode? / Bodes há de toda a casta, / pois que a espécie é muito vasta...” 
Ou seja, no mesmo ano em que Gama torna-se o primeiro negro a se dizer como tal em São Paulo, Maria Firmina, anonimamente, torna-se a primeira mulher a fazer literatura negra no Maranhão. “Bode quer dizer mulato. Então é um passo grande entre Caldas Barbosa e Luiz Gama, que vai responder à sociedade da Pauliceia mostrando que nossa sociedade está cheia de bodes, mas todos tentando esconder a sua parte negra. Alguns conseguiram”, explica Oswaldo.
Para o escritor e estudioso, não é à toa que o negro não costumava ser visto ou citado sequer pelos mulatos. “A primeira coisa que um pardo ou mulato fazia era passar a linha de cor porque ser negro era sinônimo de escravo. A partir daí há um embranquecimento social muito sério. Então, o próprio branco, quando uma pessoa escura ascendia, queria tirá-lo do rol de pessoas negras.” Não é à toa que até hoje o rosto verdadeiro de Maria Firmina é desconhecido. O branqueamento da imagem foi sendo construído ao longo desses anos com base em um equívoco. Um retrato existente na Câmara dos Vereadores de Guimarães foi inspirado na imagem de uma escritora branca gaúcha, que acreditava-se ser Firmina. O busto que está no Museu Histórico do Maranhão também reproduz a imagem de uma branca.
Apesar das tentativas de se ocultar o negro da história, muitos outros nomes surgiram, como o mulato Francisco de Paula Brito, o primeiro editor do Brasil. Considerado um dos precursores do conto, além disso, editou O Filho do Pescador (1843), primeiro romance do País, escrito pelo mulato Antônio Gonçalves Teixeira e Souza. Outros nomes são Cruz e Souza, filho de ex-escravos e que fez literatura negra; Lima Barreto, que se assume como mulato e é o homenageado da Flip em 2017; Lino Guedes, que é o primeiro autor negro a escrever mirando o público da mesma cor; isso sem citar Machado de Assis e Mário de Andrade. Paralelamente a eles, outros escritores surgem colocando o negro em suas obras, nem sempre de modo positivo. 
Segundo estudos da pesquisadora Maria Nazareth Soares Fonseca (2011), os negros na literatura, quando vistos como objeto, podem ser agrupados do seguinte modo: escravos e ex-escravos, como em Gregório de Matos (século 17); branqueamento, como em O Mulato (1881), de Aluísio de Azevedo; vítima, como em O Navio Negreiro (1869), de Castro Alves; negro ruim, como em Bom-Crioulo (1895), de Adolfo Caminha; negro como depravado, em A Carne (1888), de Júlio Ribeiro; negro como inferioridade, como em O Demônio Familiar (1857), de José de Alencar.
A partir de 1870, o negro é tema constante na pena de quase todos os poetas do Brasil e, desde o início da década de 1980, há um aumento da produção de escritores que “vinculam a noção de sujeito à de etnia afrodescendente”, como explica Duarte. Com a primeira edição de Cadernos Negros, em 25 de novembro de 1978, pelo grupo Quilombhoje, que proporcionou a autores negros a possibilidade de terem textos publicados, de preferência com a temática negra, as mulheres finalmente voltam a aparecer. “Os escritores e escritoras negras existiam, mas não tinham meios de publicar”, informa Maria Nilda. A iniciativa ainda existe e já revelou diversos autores e autoras consagradas, como Conceição Evaristo, que publicou seu primeiro poema em uma edição dos Cadernos e hoje é uma das principais expoentes da literatura afro-brasileira.
Outros nomes atuais ou recentes na nossa literatura são Carolina Maria de Jesus, que publicou Quarto de Despejo (1960), um diário em que registrava o dia a dia como catadora de latas na favela do Canindé, em São Paulo; Joel Rufino dos Santos, vencedor do Prêmio Jabuti de Literatura; Ana Maria Gonçalves, com Um Defeito de Cor, Prêmio Casa de las Américas de 2007; e Cuti (Luiz Silva), com mais de 20 títulos publicados abrangendo poesia, contos, dramaturgia e crítica. Para Maria Nilda, que também escreve “a gente é mais comercializável do que no passado. Mas ainda falta muito, né?” 
Para termos uma dimensão melhor dos tempos atuais, há a pesquisa de Regina Dalcastagnè, presente no livro Literatura Brasileira Contemporânea: Um Território Contestado (2012), que analisou 258 romances publicados no período de 1990 a 2004 pelas editoras Companhia das Letras, Record e Rocco. De acordo com os dados, no romance brasileiro atual, apenas 7,9% das personagens são negras. Desse pequeno universo, 20,4% são bandidos, 12,2% empregados e 9,2% são escravos. Entre as causas de morte, 61,1% das personagens negras são assassinadas pelos escritores em seus romances, enquanto apenas 28,1% das personagens brancas são vítimas de assassinatos. 
Para Oswaldo, a dificuldade do autor negro hoje em dia é apostar em uma temática que não é conhecida. “O importante não é, de fato, ser lembrado como um grande autor. Não são citados tanto agora? Não importa. O benefício que estão fazendo com seus textos, não dá para mensurar. A literatura não é feita só com grandes autores, é feita com arroz e feijão também.” Já para Maria Nilda, a literatura atual vive um momento “revolucionário”, que está mudando as formas, linguagens, conteúdos e sujeitos. “Escritoras novas são impulsionadas pelas mais velhas, mas a gente também as promove. É dialético esse movimento. Elas nos dão referência e a gente lhes dá sustentabilidade.” 
Assim, cem anos depois da morte de Firmina, a situação mudou, mas a voz da escritora e de tantos outros que vieram depois ainda ecoa em um país que pouco conhece a história e a cor de seus escritores e escritoras do passado e presente. Como diria Firmina em seu livro: “Quando calará no peito do homem a tua sublime máxima – ama a teu próximo como a ti mesmo – e deixará de oprimir com tão repreensível injustiça ao seu semelhante!... Aquele que também era livre no seu país... Aquele que é seu irmão?” 
*Bruna Meneguetti é jornalista e escritora, autora do livro 'O Céu de Clarice'
Fonte: http://alias.estadao.com.br

29 Julho 2017 

sábado, 6 de maio de 2017

OS ÍNDIOS DEVEM SER RESPEITADOS: DEMARCAÇÃO JÁ






Fonte: mobilizacaonacionalindigena.wordpress.com
A canção “Demarcação Já” feita por 25 ilustres artistas brasileiros é uma belíssima homenagem a os povos indígenas deste país de Mãe Preta e Pai João, que a mais de cinco séculos vem resistindo bravamente a tirania e perversidade dos “Homens ditos civilizados”, que impiedosamente vão dizimando os nossos nativos. Essa Canção fora lançada durante a Mobilização Nacional Indígena ocorrida no final de abril do corrente ano. Onde na ocasião acontecia, o “Acampamento Terra Livre (ATL) ” que reuniu mais de três mil indígenas de todo o país em Brasília, ao lado do Teatro Nacional, entre 24 a 28 de abril. O  ATL foi a maior mobilização indígena realizada na capital federal nos últimos anos. Aconteceram protestos, marchas, atos públicos, audiências com autoridades, debates e atividades culturais



Letra: Carlos Rennó
Música: Chico César
Direção: André Vilela D'Elia
Produção: Cinedelia
Assista também em: cinedelia.com

Artistas:
Ney Matogrosso, Maria Bethânia, Gilberto Gil,  Djuena Tikuna
Zeca Pagodinho, Zeca Baleiro. Arnaldo Antunes, Nando Reis
Lenine, Elza Soares, Lirinha - José Paes de Lira, Leticia Sabatella
José Celso Martinez Corrêa, Tetê Espíndola, Edgard Scandurra
Zélia Duncan, Jaques Morelenbaum, Dona Onete, Felipe Cordeiro
Criolo Marlui Miranda, Baiana System, Margareth Menezes, Céu

Com participação de: Eduardo Viveiros de Castro
André Vallias, Ailton Krenak

LETRA DA MÚSICA: DEMARCAÇÃO JÁ

Já que depois de mais de cinco séculos e de ene ciclos de etnogenocídio,
O índio vive, em meio a mil flagelos, já tendo sido morto e renascido,
Tal como o povo kadiwéu e o panará – Demarcação já! Demarcação já!
Já que diversos povos vêm sendo atacados, sem vir a ver a terra demarcada,
A começar pela primeira no Brasil Que o branco invadiu já na chegada:
A do tupinambá – Demarcação já! Demarcação já!
Já que, tal qual as obras da Transamazônica, quando os milicos os chamavam de silvícolas,
Hoje um projeto de outras obras faraônicas, correndo junto da expansão agrícola,
Induz a um indicídio, vide o povo kaiowá, Demarcação já! Demarcação já!
Já que tem bem mais latifúndio em desmesura
Que terra indígena pelo país afora;/E já que o latifúndio é só monocultura,
Mas a T.I. é polifauna e pluriflora, / Ah! Demarcação já! Demarcação já!
E um tratoriza, motosserra, transgeniza, / E o outro endeusa e diviniza a natureza: o índio a ama por sagrada que ela é, /E o ruralista, pela grana que ela dá; Hum...  Bah! Demarcação já! /Demarcação já! /
Já que por retrospecto só o autóctone mantém compacta e muito intacta,
E não impacta, e não infecta, e se conecta e tem um pacto com a mata – Sem a qual a água acabará – Demarcação já! Demarcação já! / Pra que não deixem nem terras indígenas nem unidades de conservação
Abertas como chagas cancerígenas pelos efeitos da mineração e de hidrelétricas no ventre da Amazônia, em Rondônia, no Pará... Demarcação já! Demarcação já! / Já que "tal qual o negro e o homossexual,
O índio é 'tudo que não presta'", como quer, quem quer tomar – lhe   tudo que lhe resta, seu território, herança do ancestral, E já que o que ele quer é o que é dele já, Demarcação, "tá"? Demarcação já! / Pro índio ter a aplicação do Estatuto que linde o seu rincão qual um reduto, E blindeo    contra o branco mal e bruto que lhe roubou aquilo que era seu, tal como aconteceu, do pampa ao Amapá, demarcação lá! Demarcação já!
Já que é assim que certos brancos agem: Chamando os de selvagens, se reagem, e de não índios, se nem fingem reação a violência e à violação
De seus direitos, de Humaitá ao Jaraguá; Demarcação já! Demarcação já!
Pois índio pode ter    iPad,   freezer, TV, caminhonete, "voadeira",
Que nem por isso deixa de ser índio Nem de querer e ter na sua aldeia
Cuia, canoa, cocar, arco, maracá. Demarcação já! Demarcação já!
Pra que o indígena não seja um indigente, um alcoólatra, um escravo ou exilado, ou acampado à beira duma estrada, ou confinado e no final um suicida, já velho ou jovem ou – pior – piá. Demarcação já! Demarcação já!
Por nós não vermos como natural a sua morte sociocultural;
Em outros termos, por nos condoermos – E termos como belo e absoluto
Seu contributo do tupi ao tucupi, do guarani ao guaraná.  Demarcação já! Demarcação já!
Pois guaranis e makuxis e pataxós estão em nós, e somos nós, pois índio é nós; é quem dentro de nós a gente traz, aliás, de kaiapós e kaiowás somos xarás, Xará. Demarcação já! Demarcação já!
Pra não perdermos com quem aprender a comover nos ao olhar e ver
As árvores, os pássaros e rios, a chuva, a rocha, à noite, o sol, a arara
E a flor de maracujá,   Demarcação já!  Demarcação já!
Pelo respeito e pelo direito a diferença e à diversidade e cada etnia, cada minoria, de cada espécie da comunidade de seres vivos que na Terra ainda há, Demarcação já! Demarcação já!
Por um mundo melhor ou, pelo menos, algum mundo por vir; por um futuro
Melhor ou, oxalá, algum futuro; Por eles e por nós, por todo mundo,
Que nessa barca junto todo mundo "tá", demarcação já! Demarcação já!
Já que depois que o enxame de Ibirapuera E de Maracanãs de mata for pro chão, os yanomami morrerão deveras, mas seus xamãs seu povo vingarão, e sobre a humanidade o céu cairá, Demarcação já! Demarcação já!
Já que, por isso, o plano do krenak encerra Cantar, dançar, pra suspender o céu; e indígena sem-terra é todos sem a Terra, É toda a civilização ao léu
Ao deus dará. Demarcação já! Demarcação já!
Sem mais embromação na mesa do Palácio, nem mais embaço na gaveta da Justiça, nem mais demora nem delonga no processo, nem retrocesso nem pendenga no Congresso, nem lengalenga, nhenhenhém nem blábláblá! Demarcação já! Demarcação já!
Pra que nas terras finalmente demarcadas, ou auto demarcadas pelos índios,
Nem madeireiros, garimpeiros, fazendeiros, Mandantes nem capangas nem jagunços, milícias nem polícias os afrontem. Vrá! Demarcação ontem! Demarcação já!  E deixa o índio, deixa o índio, deixa os índios lá.

VÍDEO DA MÚSICA: DEMARCAÇÃO JÁ












Fonte:
Cinedelia.com
mobilizacaonacionalindigena.wordpress.com

/www.youtube.com/watch?v=wbMzdkaMsd0

sexta-feira, 14 de abril de 2017

VIVA A NAÇÃO INDÍGENA DO XINGU

Parque Indígena do Xingu (conhecido também como PIX) completa hoje 56 anos de fundação.


O Parque Indígena do Xingu, antes conhecido como Parque Nacional Indígena do Xingu, foi a primeira terra reconhecidamente indígena homologada pelo governo federal, em 1961 com o aval do presidente Jânio Quadros.
Os principais idealizadores do Parque Indígena do Xingu foram os irmãos Villas Bôas (Orlando, Cláudio e Leonardo). O Parque está localizado no estado de Mato Grosso e possui aproximadamente 2.8000.000 hectares, cerca de 27 mil quilômetros quadrados. Ela é cortada pelos formadores do Rio Xingu, que são os rios Kuluene, Tanguro, Kurisevo e Ronuro.
O PIX abriga, atualmente, cerca de 5.500 índios, divididos em 14 tribos distintas: Cuicuros, Calapalos, Nauquás, Matipus, Icpengues, Meinacos, Uaurás, Iaualapitis, Auetis, Camaiurás, Jurunas, Caiabis, Trumais e Suiás. Mas o parque já chegou a contar com 17 tribos, mas os Panarás, Caiapós e Tapaiunas deixaram a região.

Foto de 2015 mostra a comemoração dos 20 anos da Associação Terra Indígena do Xingu (Foto: Divulgação / Mario Vilela / Funai)
  objetivo do Parque Indígena Xingu é poder melhorar a assistência aos índios, preservar sua fauna, flora e cultura e ainda documentar tudo através dos mais diversos meios. Vários documentários foram produzidos no local, além de um filme em 2011, com o nome de “Xingu” e que conta toda a saga dos irmãos Villas Bôas em criar este importante parque.


Fonte: http://www.techtudo.com.br
14 de abril 2017

terça-feira, 21 de março de 2017

21 DE MARÇO – DIA INTERNACIONAL CONTRA A DISCRIMINAÇÃO RACIAL

  

No dia 21 de março de 1960, na cidade de Joanesburgo, capital da África do Sul, 20 mil negros protestavam contra a lei do passe, que os obrigava a portar cartões de identificação, especificando os locais por onde eles podiam circular.
No bairro de Shaperville, os manifestantes se depararam com tropas do exército. Mesmo sendo uma manifestação pacífica, o exército atirou sobre a multidão, matando 69 pessoas e ferindo outras 186. Esta ação ficou conhecida como o Massacre de Shaperville. Em memória à tragédia, a ONU – Organização das Nações Unidas – instituiu 21 de março como o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial.
O Artigo I da Declaração das Nações Unidas sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial diz o seguinte:
“Discriminação Racial significa qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada na raça, cor, ascendência, origem étnica ou nacional com a finalidade ou o efeito de impedir ou dificultar o reconhecimento e exercício, em bases de igualdade, aos direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou qualquer outra área da vida pública”
O racismo se apresenta, de forma velada ou não, contra judeus, árabes, mas sobretudo negros. No Brasil, onde os negros representam quase a metade da população, chegando a 80 milhões de pessoas, o racismo ainda é um tema delicado.
Para Paulo Romeu Ramos, do Grupo Afro-Sul, as novas gerações já têm uma visão mais aberta em relação ao tema. “As pessoas mudaram, o que falta mudar são as tradições e as ações governamentais”, afirma Paulo. O Grupo Afro-Sul é uma ONG de Porto Alegre, que promove a cultura negra em todos os seus aspectos.
Segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD – em seu relatório anual, “para conseguir romper o preconceito racial, o movimento negro brasileiro precisa criar alianças e falar para todo o país, inclusive para os brancos. Essa é a única maneira de mudar uma mentalidade forjada durante quase cinco séculos de discriminação”.
Aproveite esta data para refletir: você tem ou já teve atitudes racistas?
 Fonte: http://www.geledes.org.br/

21/03/2017

domingo, 5 de março de 2017

MOONLIGHT: SOB A LUZ DO LUAR": UM AFRO-AMERICANO EM BUSCA DE SI MESMO

Ficção de Barry Jenkins retrata a infância, adolescência e a vida adulta de Chiron, um garoto negro, gay e pobre.
Xandra Stefanel especial para a RBA

AdicMoonlight: Sob a Luz do Luar já coleciona vários prêmios e recebeu oito indicações para o Oscar 2017 / Reproduçãoionar legenda

Moonlight: Sob a Luz do Luar já coleciona vários prêmios e recebeu oito indicações para o Oscar 2017 / Reprodução
Chiron é um menino doce e desconfiado que mora com a mãe em um bairro violento nos arredores de Miami. O filme Moonlight: Sob a Luz do Luar, que estreou na última quinta-feira (23) nos cinemas brasileiros, acompanha a trajetória do garoto desde a infância até a fase adulta em sua busca pelo autoconhecimento. O longa-metragem de Barry Jenkins é divido em três atos, intitulados com os nomes e apelidos do personagem nas três fases da vida: Little (pequeno, em inglês); Chiron (seu nome verdadeiro); e Black (negro, também do inglês).
Comovente e intenso, o filme faz uma espécie de construção psicossocial de um menino que desde cedo encontrou muita dificuldade para se entender, se aceitar e compreender por que era tão excluído e humilhado pelas outras crianças. Quieto e sensível, Little (Alex R. Hibbert) se sentia diferente de seus colegas, meninos que afirmavam sua masculinidade pela agressão e pelo bullying enquanto ele adorava dançar.
Um dia, ao fugir de outros garotos para não apanhar, Little conhece Juan (Mahershala Ali), um homem gentil e que comanda o tráfico naquela região. Sem querer voltar para a mãe (Naomie Harris), uma enfermeira viciada em crack, o menino o acompanha até sua elegante e confortável casa na famosa Miami estampada nas revistas. Ali, Chiron encontra aconchego e refúgio para as situações difíceis. Ele vê em Juan a figura paterna que nunca teve, uma pessoa emocionalmente estável e sem julgamentos, alguém que viria a ser seu porto seguro.
Uma das cenas mais bonitas é quando Juan ensina Little a nadar e o segura em seus braços, mostrando que o menino podia confiar nele. Aliás, é ele quem alerta: "Vai chegar a hora em que vai ser preciso decidir quem você é", em uma possível alusão aos confrontos internos que Chiron vive por causa de sua cor e sexualidade. Dono de uma sensibilidade e insegurança muito grandes, era preciso que o menino se protegesse para sobreviver em um mundo tão duro e cruel.
É por isso que na adolescência, o jovem (agora interpretado por Ashton Sanders) vai criando uma carapaça que culmina no terceiro ato com o surgimento de um Chiron diferente: Black (na pele do ex-atleta americano Trevante Rhodes) é enorme, cheio de músculos e, vestido como bad boy, exala o que se convencionou a chamar de masculinidade. Mas o pequeno Little ainda habita o adulto com cara de mal, sua sensibilidade permanece lá, mesmo que escondida.
O diretor, que morou na região onde se passa o filme, nos apresenta com muita delicadeza os caminhos trilhados por Chiron em busca das verdades mais íntimas do personagem. Há poesia, lirismo, delicadeza e sutilidade na narrativa de Barry Jenkins, na qual a fotografia, com fortes contrastes, se encaixa harmoniosamente.
O longa é dirigido por um afro-americano e traz protagonistas negros com atuações magníficas que são o ponto forte da produção. Não se trata, porém, de um filme sobre raça e sexualidade, mas sim sobre a solitária busca pelo o autoconhecimento e é isso que faz com a obra seja universal e tão poderosa. O fato de contar uma história de um garoto negro e gay mostra apenas que todos, uma hora ou outra, passam pelos mesmos questionamentos sobre o que somos e o que queremos ser. E a constatação de que somos todos iguais é ainda mais poderosa agora que os Estados Unidos têm à frente do país um presidente racista e homofóbico.
Moonlight: Sob a Luz do Luar já coleciona vários prêmios e recebeu oito indicações para o Oscar 2017 (Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator Coadjuvante, Melhor Atriz Coadjuvante, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Trilha Sonora, Melhor Fotografia e Melhor Edição). A cerimônia da 89ª Academia de Artes e Ciências Cinematográficas foi realizada neste domingo (26), e o filme saiu como o vencedor de Melhor Filme.



Fonte: www.brasildefato.com.br

28 de Fevereiro de 2017