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sexta-feira, 25 de setembro de 2015

NÓS SOMOS AS VÍTIMAS DO MAIOR GENOCÍDIO DA HUMANIDADE

Em entrevista ao Brasil de Fato, Daiara Tukano fala sobre a miséria e as ameaças sofridas dentro dos territórios em que os Guarani-Kaiowás vivem e sobre a articulação dos proprietários de terra no Congresso.
Por Camilla Hoshino, De Curitiba (PR)

Um depoimento gravado pela militante indígena Daiara Tukano ganhou repercussão nas redes sociais, na última semana. O vídeo fazia um apelo aos movimentos sociais e ativistas para que se unissem à luta contra o massacre do povo Guarani-Kaiowá, vítima da disputa por terras no município de Antônio João, no Mato Grosso do Sul (MS).
Daiara é indígena do povo Tukano, formada em artes pela Universidade de Brasília, mestranda em direitos humanos, educadora, artista e militante indígena e feminista.
Em entrevista ao Brasil de Fato, ela fala sobre a miséria e as ameaças sofridas dentro dos territórios em que os Guarani-Kaiowás vivem, sobre a articulação dos proprietários de terra no Congresso e a dificuldade na mediação de conflitos ligados à demarcação de terras indígenas.
Daiara Tukano | Fotos: Reprodução/Facebook
“Nós somos as vítimas do maior genocídio da humanidade”, denuncia a militante, relembrando as práticas de ocupação e colonização no continente americano.
Brasil de Fato- Na semana passada, um vídeo publicado por você nas redes sociais denunciando o ataque dos fazendeiros aos Guarani-Kaiowás no Mato Grosso do Sul foi amplamente compartilhado. Ele surtiu efeito?
Daiara Tukano - O vídeo que eu fiz foi um desabafo e acredito que tenha incomodado. Não retiro a minha opinião. Ali eu disse que ‘qualquer pessoa que acha que levanta uma bandeira pedindo democracia e o fim da violência, precisa abraçar a causa indígena. Caso contrário, ela estará marchando em cima do nosso sangue’. E de repente o vídeo viralizou de uma forma muito louca e as respostas estão aparecendo. Temos recebido o apoio de vários coletivos de mulheres, coletivos negros, LGBT, trans e de trabalhadores. Precisamos nos reunir todos, não apenas em favor da causa indígena, mas nos articular muito bem, pois estamos em um momento político onde há ameaças de retrocesso. A movimentação que acontece hoje no Congresso é muito bem articulada, principalmente pela bancada “BBB” [boi, bíblia e bala] que consegue aprovar diversas propostas. A frente parlamentar que ainda defende a democracia neste país está muito reduzida.
Brasil de Fato- Sobre o conflito naquela região, qual é a situação do território reivindicado hoje pelos Guarani-Kaiowás?
Daiara Tukano - Os Guarani-Kaiowás tiveram esta terra homologada em 2005 pelo Presidente da República, na época o Luiz Inácio Lula da Silva. No mesmo ano, uma articulação de proprietários de terra pressionou o Supremo Tribunal Federal para que o então ministro Nelson Jobim retrocedesse na decisão final. Isso gerou um conflito legal, pois segundo a Constituição o único poder que tem autoridade para a demarcação o dos territórios indígenas é o Executivo. O território homologado tinha mais ou menos 9.317 hectares e de repente os indígenas foram colocados em 2 hectares somente, sem água, sem terra fértil e sem possibilidade de plantio. Foi um golpe do Judiciário na decisão presidencial. Vimos a ação do Ministério Público Federal retirar os indígenas da terra que havia sido aprovada no mesmo ano- depois de anos de luta-, e jogá-los abandonados na beira da estrada, em uma situação de miséria.
Brasil de Fato- Ouvimos a todo o momento muitos relatos de que a retirada das terras dos indígenas acaba afetando as tradições, a saúde e a própria vida desses povos. Você pode descrever melhor esta situação de miséria em que vivem?
Daiara Tukano - Miséria é miséria. Isso quer dizer que eles sofrem ameaça física constante, violência psicológica, violência moral e violência patrimonial o tempo inteiro. Os pistoleiros- pagos pelos fazendeiros-, são criminosos convictos. Eles andam pelas terras e matam livremente. Enquanto isso os indígenas são obrigados a morar em barracos de lona de plástico, passando frio, enfrentando geadas e sem água para beber. Os fazendeiros fazem questão de envenenar as fontes de água próximas, jogando detrito tóxico. Ou então passam com os aviões de agrotóxico em cima dos barracos e das crianças.
Brasil de Fato- Índice de mortes
Daiara Tukano - Como não vão existir problemas de saúde em uma situação dessas, onde existe um estado de miséria que é provocado de maneira intencional e criminosa? O número de óbitos de crianças e idosos, por exemplo, causado por intoxicação, é decorrente desse tipo de ataque. Da mesma forma que temos um número de suicídios que é decorrente dos ataques psicológicos, inclusive físicos. Há mulheres da região que foram estupradas e após o estupro se suicidaram. Isto consta nos relatórios do Conselho Indigenista Missionário, está nos relatórios da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados e do Sendo Federal e também consta nos relatórios que foram parar no STF e na ONU. E mesmo assim o Estado continua sem conseguir mediar o conflito, porque quem comanda o Brasil são os latifundiários.
Brasil de Fato- Você acredita que a saída para este conflito passe por qual tipo de mediação?
Daiara Tukano - É uma incógnita, mas existem algumas tentativas que estão sendo feitas. Tenho muitas ressalvas, mas agora conseguiram aprovar no Senado Federal a PEC 71, que determina o pagamento de indenização aos proprietários de terra. E é claro que não é possível unicamente demonizar estes pioneiros que foram colonizar a terra dos estados de fronteira, pois lá existem famílias e trabalhadores. O problema são as práticas que os acompanham. São gerações que sofrem incessantemente com a violência. E sempre vemos vídeos dos netos de fazendeiros dizendo ‘meu avô chegou aqui há 80 anos’, clamando seu direito a terra. Mas eu conheço avôs indígenas de mais de 100 anos que viram seus pais serem expulsos das terras, que foram expulsos quando crianças, que enterraram seus filhos e netos, que tiveram suas filhas estupradas, que tiveram parte da família que se suicidou e outra que adoeceu devido à violência e que nunca serão indenizados por isso. Essas pessoas resistem orando, fazendo seus cantos sagrados para que seu povo sobreviva. Desse modo, é impossível negar que hoje exista um genocídio indígena.
Brasil de Fato- E sobre o tema do conflito cultural?
Daiara Tukano - O fazendeiro e o indígena têm relações diferentes com a terra. Enquanto que para o fazendeiro a terra é produção, dinheiro e pedaço de chão, para o indígena a terra é espírito, cultura, família, raiz e identidade. Então, é necessário mediar o conflito entre esses dois entendimentos de o que significa a terra. Enquanto um vê a terra apenas como algo a ser explorado, a cultura indígena vê a terra como algo a ser reverenciado, protegido, cultuado e preservado. E é complicado encontrar pontes de diálogo entre duas culturas com valores diferentes. Vale a pena reafirmar que quando há demarcação de um território, ele não se torna propriedade de um povo indígena e sim da União. Ele é propriedade do Brasil, de todos nós. E ali acontece a preservação dos recursos naturais conjugada com a proteção de um patrimônio cultural enorme que são nossos povos indígenas.





Brasil de Fato- Você mencionou a PEC 71, mas também existe nesse momento uma pressão da bancada ruralista para votar a PEC 215. Como esta proposta pode afetar ainda mais os direitos indígenas?
Daiara Tukano - A PEC 215 é totalmente anticonstitucional. Ela quer passar do Executivo para o Legislativo o poder de determinação sobre as terras indígenas. Mas o Legislativo demonstra diariamente não ter conhecimento do quão complexo é o relacionamento indígena com a sua terra de origem, além de subjugar o jogo de poder dos grandes proprietários, dos grandes industriais, das grandes mídias e das grandes multinacionais. Ou seja, não são pessoas que estão em uma posição de autonomia política para poder se dar o trabalho de estudar a vivência dos envolvidos em uma situação de demarcação de terras. Essas pessoas têm um financiamento declarado e vão trabalhar a favor do interesse de seus partidos e de seus financiadores, justamente aqueles que não querem ver o indígena morando na sua terra e que atualmente estão numa campanha escrachada de ódio contra os povos originários. Tem até gente dizendo que queremos tomar Copacabana de volta. Isto é uma completa alucinação coletiva. Além disso, a PEC 215 está se tornando um amontoado de várias propostas que atravessam questões já garantidas pela Constituição e por tratados internacionais, como o direito à consulta, o direito à autodemarcação e o direito à auto identificação. Uma PEC adiciona coisas e não anula aquilo que já está garantido.
Brasil de Fato- Marco temporal
Daiara Tukano - Outro ponto é que estão tentando incluir o marco temporal nessa proposta de texto final que foi apresentada na semana passada. O marco temporal foi uma artimanha criada pela AGU [Advocacia-Geral da União] para fazer de conta que não existe genocídio e que os únicos territórios a ser demarcados são aquele que têm ocupação permanente desde, pelo menos, 1988. Mas as práticas de genocídio são constantes desde a descoberta do Brasil e, obviamente, existe um êxodo indígena, que é o êxodo pela sobrevivência. Se você está em sua casa e chega alguém que arromba a sua porta, mata seu pai, estupra a sua mãe e diz que também vai te matar, o que você faz? Você corre. E isso é a realidade da maioria das populações indígenas do Brasil, principalmente daquelas que ainda não estão em território demarcado. É o caso dos povos do sul, do sudeste e do centro-oeste, que são justamente os povos que estão fora do território considerado Amazônia Legal.
Brasil de Fato- Como você avalia as ações por parte do Estado? Ainda existe a perspectiva da tutela?
Daiara Tukano - Nossa constituição democrática derrubou isso em 1988. O índio não é mais considerado incapaz. Temos direito a votar, a casar, à cidadania, entre outras coisas. O que temos hoje são atendimentos adequados às especificidades da diversidade cultural dos povos originários. O indígena tem como língua materna sua língua originária. Para preservar a sua cultura ele precisa de uma educação diferenciada e para ter um atendimento médico de qualidade ele vai precisar de atendimento diferenciado. Ele fala outra língua, mas não é um estrangeiro, pois está em sua terra. Permitir que essa cultura morra é um crime enorme. Não podemos achar que os povos originários devam adotar a cultura do colonizador para sobreviver.
Brasil de Fato- Além dos Guarani-Kaiowás, quais outras etnias estão ameaçadas no Brasil?
Daiara Tukano - O genocídio indígena é generalizado. No Mato Grosso do Sul também há os Terena que sofrem o mesmo tipo de perseguição e violência. No Brasil também é muito simbólica a luta dos Mundurukus, que estão resistindo a Belo Monte. Os Kariri Xocós no nordeste enfrentam um dos genocídios mais violentos que existem e eles resistem até hoje. Tem os Maxakali que, apenas no ano passado, foram vítimas de 100 assassinatos. A gente está dando apoio nesse momento à luta Guarani-Kaiowá, porque consideramos que ela é extremamente simbólica. Nos consideramos todos uma família, por isso é importante que essa luta seja vencida para que todas as outras também possam ser. Nós fazemos parte da construção do país, da identidade nacional, do patrimônio cultural, do patrimônio humano vivo e se quiserem nos matar, nós iremos enfrentá-los. Se retomarmos a história do nosso continente veremos que nós somos as vítimas do maior genocídio da humanidade. E essas práticas são incessantes, institucionais, categóricas e cotidianas.
Brasil de Fato- E o que pode ser feito pela sociedade civil e movimentos solidários à causa indígena para ajudar essas lutas?
Daiara Tukano - Nosso grande desafio há dezenas de anos continua sendo a questão da visibilidade. Os movimentos sociais são oprimidos quando são invisibilizados. As pessoas se comovem com as situações fora do território nacional- e, realmente, não é uma coisa pequena, porque os conflitos no Oriente Médio são realmente desastrosos e horríveis-, mas não podemos fechar os olhos para situações semelhantes que acontecem no Brasil. O que pode ser feito é dar visibilidade aos nossos problemas internos, pois ainda existem coisas que estão ao alcance de nossas mãos e outras que não estão. Nós devemos conhecer melhor a história da formação do nosso país, revisar a nossa própria história e identidade para podermos nos orgulhar da nossa raiz indígena.
Fonte: http://www.brasildefato.com.br/

14/09/2015

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

DA SENZALA CONTRA OS SENHORES: GRITO DOS EXCLUÍDOS ACONTECE EM TODO O BRASIL

Enquanto oficialmente se comemora a 'independência', milhares de pessoas foram às ruas defender a democracia, os direitos sociais e políticas voltadas para o “povo mais pobre”; segundo os movimentos populares “esse é um 'grito da senzala' contra os senhores do poder”.
Por Bruno Pavan, Camilla Hoshino, Íris Pacheco, Rafael Soriano e Catiana Medeiros De São Paulo, Curitiba, Brasília, Maceió e Porto Alegre





Neste feriado de 7 de setembro, 'Dia da Independência', milhares de pessoas saíram às ruas em todo o Brasil para mais uma edição do Grito dos Excluídos, que tem como lema 'Que país é este que mata gente, que a mídia mente e nos consome?'. "Esse é um 'grito da senzala' contra os senhores do poder e da concentração de renda. Nós gritamos pela democracia, contra o golpe, por uma outra política econômica, pelos direitos sociais, é um grito das pessoas excluídas", afirmou o coordenador da Central dos Movimentos Populares (CMP), Raimundo Bonfim.
“Essa não é uma data de comemoração, mas de protesto, uma data em defesa dos direitos, da democracia e dos trabalhadores e trabalhadoras. Estamos na luta do povo mais pobre, do povo que sempre trabalha e que é excluído desse país, estamos na luta para resolver os problemas desse povo”, declarou Gilberto Cervinski, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).
Diversas organizações do Brasil convocaram o Grito dos Excluídos deste ano, entre elas, pastorais sociais, a CMP, Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Levante Popular da Juventude, União Nacional dos Estudantes (UNE), entre outras.
São Paulo
Ato no Monumento das Bandeiras, em SP | Foto: Bruno Pavan
Na capital paulista, de acordo com a organização do protesto, mais de 10 mil pessoas marcharam da Avenida Paulista até o Parque do Ibirapuera, onde encerraram o protesto no Monumento às Bandeiras. Na pauta estava o posicionamento contrário às medidas e atitudes do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), e contra os ajustes fiscais promovidos pelo ministro da Fazenda Joaquim Levy.
“Hoje saímos às ruas para denunciar o não cumprimento dos direitos e porque nós não queremos o Cunha ou o Levy comandando o nosso país. Nós não podemos retroceder nos direitos que conquistamos, queremos manter as nossas conquistas para dar um futuro melhor para os nossos filhos”, disse Maria das Graças Xavier, da União Nacional de Moradia Popular (UNMP).
Membro do Movimento Nacional da População em Situação de Rua, Anderson Lopes Miranda homenageou Francisco Erasmo Rodrigues de Lima, conhecido como Gaguinho, morto na última sexta-feira (4) ao salvar uma mulher de um sequestro no Centro de São Paulo. “Viemos lembrar do nosso companheiro Gaguinho, Francisco, que tombou na Praça da Sé por defender uma companheira, pela vida. O movimento vai fazer um ato na sexta-feira (11) em prol do Francisco, para dizer que existe vida na rua e a gente luta pela vida da população de rua.”
O ato na Praça da Sé, no centro da capital paulista, reuniu movimentos populares, pastorais sociais e centrais sindicais, que também lembraram da morte do morador de rua Francisco de Lima. Na manifestação, os presentes promoveram um abraço à Catedral da Sé, em memória das mortes ocorridas na sua escadaria. Na ação, o padre Júlio Lancelloti, da Pastoral de Rua, afirmou: "não há herói e nem bandido. Os dois são vítimas do mesmo sistema”.



Paraná
Grito em Curitiba | Foto: Frentex
O Grito dos Excluídos em Curitiba (PR) reuniu cerca de 200 pessoas na Igreja Nossa Senhora do Rosário do Belém, no bairro Centenário. O ato seguiu até a Vila São Domingos, onde mais de 800 famílias lutam pela regularização de suas moradias e contra o despejo que podem sofrer.
O integrante da Pastoral de Juventude de Curitiba e da Cáritas Brasileira, Leôncio Santiago, apresentou outra pauta levantada no ato: “chega de violência e extermínio da juventude, principalmente de negros e das periferias. A gente traz esse grito denunciando que a juventude está morrendo e precisa de políticas públicas efetivas que garantam seus direitos”.
Sobre o tema da comunicação, Lizely Borges, da Frente Paranaense pelo direito à Comunicação e Liberdade de Expressão, denunciou “a ausência da participação do povo nos meios de comunicação hegemônicos. Estamos aqui para fazer a defesa de uma comunicação mais plural, diversificada, que traga as mensagens do povo. Que o povo também construa sua própria mídia.”
Brasília
No Distrito Federal, movimentos sociais, sindicatos e demais coletivos se articularam para a realização da manifestação do Grito dos Excluídos, que iniciou às 8h, na Catedral Metropolitana, no Plano Piloto de Brasília.

Protesto em Brasília | Foto: Mídia Ninja
“O objetivo é expor e colocar em debate os reais problemas que afetam o povo. Então, diante dessa crise política, econômica, social e ambiental que a gente vive, movimentos sociais, coletivos e sindicatos estão organizados e mobilizados para dar uma resposta propositiva para essa crise, no sentido de melhorar a vida do povo e dar voz aos excluídos e excluídas”, ressaltou Fábio Miranda, membro da coordenação do ato na capital federal.
Entre as organizações que participaram da articulação do protesto no Distrito Federal estão a Cáritas Brasileira, CUT, Família Hip Hop, Consulta Popular, Mídia Ninja, Levante Popular da Juventude, MST e União Nacional dos Estudantes (UNE).
Rio Grande do Sul

Protesto em Porto Alegre (RS) | Foto: Catiana Medeiros



Em Porto Alegre (RS), cerca de 250 pessoas participaram do 21o Grito dos Excluídos. A concentração iniciou por volta das 9h, na Rótula das Cuias, seguida de caminhada até a Usina do Gasômetro, no Centro Histórico. De acordo com as entidades sindicais e as pastorais que organizaram a mobilização, o objetivo foi chamar a atenção para o poder dos meios de comunicação na manipulação da sociedade.
"Queremos empoderar o clamor dos pobres, dos excluídos e daqueles que de alguma forma são injustiçados por esse sistema explorador. Além de denunciar esse modelo de desenvolvimento que existe no país, a criminalização dos movimentos sociais e a mídia que manipula e é parcial" explica Waldir Bohn Gass, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Entres os participantes estavam militantes do MST, CMP, Movimento Nacional de Luta por Moradia (MNLM), Movimento de Trabalhadores por Direitos (MTD) e Levante Popular da Juventude.




Alagoas
Ato em Maceió (AL) | Foto: Gustavo Marinho
Mais de 500 militantes de movimentos sociais, pastorais, entidades e partidos marcharam em Maceió (AL), no 21º Grito dos Excluídos, seguindo o desfile oficial de 7 de setembro. Ao final do ato, o governador Renan Filho (PMDB) foi ao meio do povo ouvir as reivindicações de ampliação de direitos, de abertura de negociações com os professores grevistas e de paz nas favelas e justiça ao Caso Davi, jovem morto há 1 ano por policiais.
Mais cidades
Em Boa Vista, capital de Roraima, representantes de 50 entidades participaram pela manhã do tradicional movimento Grito dos Excluídos. A concentração teve início por volta das 9h, na Praça Oswaldo Cruz, bairro da Boa Vista. De lá, os manifestantes seguiram em passeata pela Avenida Conde da Boa Vista até a Praça do Carmo, onde um ato público aconteceu a partir das 13h.
O Grito dos Excluídos em Salvador (BA) contou com 20 mil pessoas de movimentos sociais, sindicatos e demais coletivos em um ato na Praça do Campo Grande, de acordo com os organizadores. Os militantes denunciaram o genocídio da população jovem e negra, pediram atenção especial à economia solidária e ao quilombo Rio dos Macacos, comunidade quilombola que há décadas luta pela regularização do seu território.
Em Belo Horizonte (MG), o protesto contou com cerca de 600 pessoas, de acordo com a organização. A concentração para a caminhada aconteceu na praça Raul Soares, de lá seguiram até a praça Sete, no centro da capital.
No ato em Fortaleza (CE), faixas do Coletivo de Comunicação Intervozes afirmavam: “A nossa dor não é espetáculo! Estamos nas ruas pelo fim das violações de direitos na mídia”.

Ato em Fortaleza | Foto: Intervozes
Movimentos sociais saíram em passeata pela Avenida Presidente Vargas no centro da cidade do Rio de Janeiro (RJ). A concentração começou às 9h na Rua Uruguaiana e a caminhada seguiu até a estátua de Zumbi dos Palmares. A manifestação contou com a participação de movimentos feministas, negros, indígena, de juventude, por moradia, educação, comunicação popular, sindicalistas e partidos de esquerda.
Marchando pelas principais ruas e avenidas do Recife (PE), cerca de 3.500 pessoas protestaram em defesa da democracia, da ética na mídia, por melhorias e mais investimentos Sistema Único de Saúde (SUS), por uma educação de qualidade, reforma agrária, demarcação de terras indígenas e o direito à cidade. Também foi pedido o afastamento imediato do deputado federal Eduardo Cunha, atual presidente da Câmara dos Deputados. Construíram o ato movimentos populares, pastorais sociais da Igreja Católica, Igrejas Anglicana e Batista do Coqueiral, sindicatos, grupos de jovens, mulheres e indígenas.
História
O 1º Grito dos Excluídos foi realizado em setembro de 1995. De acordo com os organizadores, “a proposta do Grito surgiu da esperança e do espírito profético dos cristãos que, aliados aos movimentos sociais, buscaram continuar pautando a reflexão proposta pela 2ª Semana Social Brasileira dos anos de 1993 e 1994 e Campanha da Fraternidade do ano de 1995, cujo tema era 'Fraternidade e Exclusão'. Assim, nestes 21 anos de história, o Grito vem se desenvolvendo como um processo de compromisso coletivo”.
A manifestação popular tem como objetivo chamar a atenção dos brasileiros e brasileiras sobre a exclusão social e acontece anualmente no dia 7 de setembro. Em 1999 o Grito estendeu-se para as Américas, e conta com mobilizações em diversos países.
http://www.brasildefato.com.br/
07/09/2015