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sábado, 30 de abril de 2016

“FERIDAS ABERTAS” - 20 ANOS DO MASSACRE DE ELDORADO DOS CARAJÁS

O Brasil de Fato esteve na região para conversar com sobreviventes, mutilados e familiares dos mortos.
Camila Maciel Redação
Passadas duas décadas, apenas os dois comandantes das tropas que encurralaram os sem-terra estão presos / Reprodução
O assassinato de trabalhadores sem-terra, ocorrido na Curva do S, trecho da rodovia PA-275, no sul do Pará, completou 20 anos em abril. A ação da Polícia Militar (PM) para liberar a estrada, em Eldorado dos Carajás, ocupada por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) deixou 21 mortos e 69 feridos. O Brasil de Fato esteve na região para conversar com sobreviventes e mutilados, além de familiares dos mortos, e mostra, neste vídeo, as marcas ainda presentes do massacre.
Passadas duas décadas, apenas os dois comandantes das tropas que encurralaram os sem-terra estão presos. São eles, coronel Mário Colares Pantoja e major José Maria Oliveira, que receberam penas de 280 e 158 anos, respectivamente. Foram 16 anos até que se encerrassem os pedidos de recursos que condenariam em definitivo esses dois policiais. Os policiais de patentes inferiores também foram a julgamento, mas foram todos absolvidos.
De acordo com o promotor Marco Aurélio Nascimento, que atuou no caso, a manipulação da cena do crime pela polícia com a retirada dos corpos, a ausência de identificação no fardamento dos agentes, o sumiço da cautela de armas (que identifica qual armamento foi usado pelos policiais) inviabilizaram a individualização da pena e, portanto, a condenação deles.
Os chefes do Executivo, entre eles, o governador da época, Almir Gabriel (PSDB); o secretário de Segurança Pública, Paulo Sette Câmara; e o então comandante da Polícia Militar, Fabiano Lopes, também não foram responsabilizados. Segundo a Promotoria do caso, foi do gabinete desses gestores que partiu a ordem para desobstrução da via.
Este é o quadro que faz a palavra “impunidade” aparecer de forma recorrente entre aqueles que sobreviveram ao Massacre de Eldorado dos Carajás, ocorrido no dia 17 de abril de 1996.

 DEPOIMENTOS DOS SOBREVIVENTES DO MASSACRE DE ELDORADO DOS CARAJÁS.



Fonte: www.brasildefato.com.br

 29 de Abril de 2016 

segunda-feira, 25 de abril de 2016

A POESIA TRIUNFOU NA NOITE DE 21 DE ABRIL NA CIDADE MACAU/RN - BRASIL



Na noite de 21 de abril de 2016, no Teatro Porto de Ama na cidade de Macau/RN – Brasil, o poeta e professor macauense Luiz Cláudio junto com um grupo de amigos amantes da poesia e da literatura presentearam a Rainha do Litoral (Macau/RN) com um sarau poético seguido do lançamento do cordel: Macau/RN: és a rainha do litoral... Do poeta e professor macauense Luiz Cláudio. Amigos e familiares apareceram lá para prestigiar e matar a saudade do nosso poeta e professor macauense.
FOTO ROMILDO NERI




     MACAU/RN: ÉS A RAINHA DO LITORAL


I

Soberano divinal,
Arquiteto do universo,
Eu te peço inspiração,
Pois, quero escrever um verso,
Com amor para meu povo
Porque está muito disperso!



II

É com esse pensamento
Que inicio a minha viagem,
Pela terra salineira,
É preciso ter coragem
Para vencer as maldades
A arrogância e a pabulagem!


III

A minha terra é sagrada
Tem petróleo, também sal,
Gente forte e bem devota
Tem um brilho sideral
Presente da natureza
Isto é, algo fenomenal!


IV

Embora exista na terra,
Muita traição e falsidade
Inveja e muita ambição,
Devemos ter humildade
Sapiência e sensatez
Pra surgir fraternidade!


V

Com essa canção otimista,
No Rio Grande do Norte
Lá no setentrional
Um lugar de grande porte,
Na porção da grande várzea
Ecoa um canto bem forte!


VI

Grande várzea inundável
De acumulação marinha
E de formação deltaica
Resplandecente e sozinha
Canta ao Piranhas – açu
Uma bela cirandinha!


VII

És a querida Macau,
Rainha do litoral,
Terra de grandes poetas
E gente intelectual
Que preza os trabalhadores
Com atitude irmanal!


VIII

Macau, terra das salinas,
Macau, cidade querida,
Macau, terra esplendorosa,
Encanto da minha vida,
Eterna fonte de amor,
Que a nós foi concedida!


IX

O seu nome é controvérsia
Nosso Câmara Cascudo
Falou com muito fervor
Bordando forte no escudo
Forma contrata chinesa
Amangao e acima de tudo...


X

Esse professor, porém,
Com muita elucubração:
É a deusa dos navegantes,
Mas, contra essa afirmação,
Mestre Olavo de Medeiros
Diz com muita precisão...


XI

O nome dessa cidade
Vem da ave Arara Macau
Que existia na região,
Essa prosa sem igual
Mostra bem nossa importância
No cenário mundial!



XII


O seu território mede
Uns setecentos e oitenta
De quilômetros Quadrados,
Nossa prosa salienta
Quatro metros de altitude
A nossa cidade ostenta!


XIII

 Ainda geografia,
Cinco grau de latitude
Preste atenção meu cupincha
Trinta e seis de longitude
Essa nossa sinfonia
Nos traz muita plenitude!


XIV

A sua emancipação
Fora em nove de setembro
Do ano mil e oitocentos
E setenta e cinco, eu lembro,
A cidade bem festiva
Disse o mestiço Novembro!


XV

Eu quero o canto praiano,
Chego agora à beira mar,
Vem Praia de Camapum
Um lugar bom para amar,
Vou agora para Barreiras
Praia boa pra pescar...


XVI

Na rota Diogo Lopes,
Lá tem muitos coqueirais
E belezas infinitas,
Pescadores magistrais,
Que com muita devoção
Contam estórias reais!


XVII

Preste atenção meu leitor,
Me bateu uma saudade
Lembro quando ainda criança
Fui levado a Soledade
Por um nobre pescador
Ser de muita lealdade!


XVIII

Vem Ponta do Tubarão,
Lá existe muita fartura
O trabalhador do mar
Com seu macete e candura
Joga a rede com destreza
E o peixe, logo captura!


XIX

Na Ilha da Conceição
Sempre nos fins de semana
Tinha nossa pescaria
Lembro bem da tia Joana
No seu barquinho fisgando
Peixes tipo arabaiana!


XX

Nessa toada gostosa
Eu vou afinando meu banjo
Quero meu povo feliz
Vamos para o Pontal do Anjo
Fazer festa e comilança
Isso com certeza eu manjo!


XXI

A minha Macau é assim,
Uma terra nordestina,
Uma fonte iluminada,
Uma terra cristalina,
De mulheres altruístas
E criatura divina!


XXII

Apesar dos desatinos
Que acontecem no lugar,
Sempre escrevo versos e hinos,
E não paro de sonhar,
Sempre nas prosas dizendo,
Que tudo isso vai passar!


XXIII

Ao Arquiteto do Universo,
Que aquele sem consciência
Passe bem longe daqui,
Pois, somos a resistência,
Desse espaço da alegria,
Da humildade e da decência!


XXIV

A minha Macau altaneira
Sempre nos dando lição
Quem almejou destruí-la
Teve a crucificação
E a medalha do ostracismo
Como cruel punição!


XXV

Minha Macau é plural
 Observem quantos distritos,
Barreiras, Diogo Lopes,
Aqui não existem conflitos
O Canto do Papagaio
Neste é que não tem atritos!


XXV

Lá do outro lado da ponte
Tem nossa Ilha de Santana
Terra do amigo João,
Tem também lugar bacana,
 Book Rosa de Iani e Angélica
Templo que a gente se irmana!


XXVI

Mais adiante a imburanas,
Tem Moinho de Juá
Na rota da capital
Vou até lá tomar um chá
Escutar as aventuras
Do caboclo Paraxá!


XXVII

Vou agora para Quixabas
Ver o meu primo Babau
Tomar um banho de bica
Falar sobre Bacabal
Que fica no Maranhão
Uma terra especial!


XXVIII


Tem Maxixe lugar calmo
Terra do seu Gabriel
Temos lá agricultores,
Pescador e menestrel,
Gente simples e pacata
Para eles tiro o chapéu!


XXIX

Salinópolis pertinho,
Do distrito Tambaú,
Vou lá buscar umas mangas,
Conversar com Pajaú,
Jogar bola com amigos
Como fiz no Grajaú!


XXX

Sou ligeiro no repente
Sertãozinho e Soledade,
Terras bem aconchegantes
De gente com humildade,
Que respeita a natureza,
Então, viva a humanidade!



XXXI

Chico Assunção grande amigo
Eu vou ver Várzea Cercada
Terra de ser prestativo
Que cuida bem da manada
Da terrinha e das águas
Aqui a vida é preservada!


XXXII

 A cultura é respeitada
Veja as festas populares,
Que Macau vai apresentar
Todas elas têm bons ares,
Todos vêm participar
Das tradições seculares!



XXXIII

Veja o nosso carnaval
Tem festa no São João,
Tem o São Pedro também
É povo de muita ação
Fazem até vaquejada
Não falta aqui animação!


     XXXIV    

                   Tem também o Mega Brega,                                  
Depois a Festa do Sal,
Essa vai semana inteira,
É uma festa especial
Pois, celebra o aniversário,
Da minha eterna Macau!



XXXV

Venha pra cá meus irmãos,
Dos nossos assentamentos,
Tem o Sebastião Andrade,
Lugar de bons pensamentos,
E de seres destemidos
Para todos os momentos!


XXXVI

O Venâncio Zacarias
Esse nome tem história
Homem forte e lutador
Em Macau tem sua glória
Foi prefeito da cidade
A sua lida é notória.



XXXVII

Quem mora nas agrovilas
Se sente lisonjeado
Pelas grandes homenagens,
O povo é politizado,
Só precisa de atenção,
Tenho isto, questionado!


XXXVIII

Ó Meu amigo! Meu irmãozinho...
A questão da habitação
Na cidade de Macau
Precisa de solução
Os conjuntos que lá existem
Não tem estruturação.



XXXIX


Tem o conjunto Alcanorte,
Esse só foi decepção,
Feito com dinheiro público
Serviu p´ra especulação
Daqueles grupos tirânicos
Que explora essa região!


XL

Também tem o Alagamar
De uma empresa salineira
Que também é donatária
E se diz também herdeira
De parte deste lugar,
Essa estória é verdadeira!


XLI

Tem a  Cohab e o Arnóbio Abreu
Também o dos Navegantes,
No bairro de mesmo nome
Nesses versos elegantes
Ó senhores e senhoras
Sem firulas ou rompantes.


XLII

Tem também o Centro,
Tem também o Valadão,
O do Porto de São Pedro
Assim forma a comunhão
Dessa notável cidade
Rainha da região!


XLIII

Por aqui o cristianismo
Tem bastante tradição
Católicos, protestantes
Tem uma bela união
Cada qual faz suas festas
Com respeito e devoção!


XLIV

Sua economia é grande
É a maior da região
Vem da indústria salineira,
Lá tem bastante extração
Das jazidas de petróleo
Não cochile nobre irmão...


XLV

Tem a carcinicultura
O comércio e as pescarias
A coleta de mariscos
Olha quantas alegrias
Tem também nosso turismo
Muitas festas e iguarias!


XLVI

Em Macau há educação
Em nível fundamental,
Nível médio e também técnico,
E pra ficar mais legal,
Tem nível superior,
Isto é sensacional!


XLVII

Lá também tem um teatro
Também ginásio esportivo
Tem campos de futebol
Um povo bastante ativo
Praça e sistema bancário
Eu com tudo isso convivo!


XLVIII

Tem o museu José Elviro
Uma casa de cultura
Tem também biblioteca
Com muita literatura
Museu de objetos marinhos
Uma grande formosura.


XLIX

O museu carnavalesco
Dona Colô de Santana
Preservando com amor
Uma estória bem bacana
Do seu Bloco da Vitória
Nessa cidade praiana!


L

Lá tem bom judiciário,
Legislativo inexiste,
Executivo capenga,
Mas esse poeta insiste,
O nosso povo é de luta,
E a tudo isso resiste!


LI

E bom à gente saber
Que os donos da região
Fizeram muita maldade
Com meu querido povão
Gastaram dinheiro público,
Com farras e enganação...


LII

Prenderam trabalhadores
Destruíram a cidade
Montaram muitos projetos
Sem uma autenticidade
Polo gás sal e barrilha
A grande perversidade!


LIII

Teve também águas mães,
Fizeram investimentos,
Foi dinheiro de montão,
Lá ainda tem equipamentos,
Que estão sendo corroídos
Pelas ações desses tempos.


LIV

Não se engane meu irmãozinho,
Temos que ter fé e coragem
Nenhum de nós é tão bom
Sem uma camaradagem,
Só assim destruiremos
Essa grande bandidagem!


LV

Estendo a ti minha mão
P´ra Macau reconquistar,
Refazer a nossa história
E para o mundo mostrar
Que a classe trabalhadora
Tem poder de transformar!]




LVI

Já demonstrei nesta prosa
Que temos grande missão,
P´ra conseguir triunfar,
Libertar a região
Dessa elite vil e ordeira
É necessário união!




Natal 25 de abril de 2016