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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

ENCONTRO DE MULHERES CAMPONESAS TERMINA COM ATO EM FRENTE AO CONGRESSO




Cerca de três mil mulheres camponesas realizaram uma grande marcha pela Esplanada dos Ministérios, onde realizaram intervenções
Em marcha até o Congresso Nacional, em Brasília (DF), cerca de três mil mulheres do Movimento das Mulheres Camponesas (MMC) encerraram nesta manhã (21) seu encontro nacional com um ato-político reivindicando mais combate à violência contra a mulher e direitos para as trabalhadoras do campo.

Houve um protesto pela abrangência do salário maternidade para 6 meses às mulheres agricultoras em frente ao ministério da Previdência e Assistência Social. Também foram fincadas no gramado do Congresso dezenas de placas com nomes de camponesas assassinadas nos últimos anos.

De acordo com Rosangela Piovesani, da direção do MMC, o encontro teve um importante ganho na organização autônoma das mulheres e no reconhecimento por parte da sociedade e das autoridades. Segundo ela, as camponesas saíram de muito longe com muitas dificuldades para fazer um debate super importante sobre alimentação saudável e combate à violência doméstica.

"É muito importante, porque só com formação e organização que de fato a gente vai avançar no enfrentamento às desigualdades sociais e, em especial, à violência doméstica. O encontro foi de um ganho muito grande, as mulheres estão emocionadas, firmes, saem daqui com muita certeza de que temos de trabalhar cada vez mais nossa organização e nossa luta, a resistência pelo o que é nosso de direito", afirmou.

A representante do movimento disse ainda que existe a assinatura de um acordo da presidenta Dilma Rousseff com o MMC de apoio às agroindústrias dos grupos informais de mulheres, o que representa uma conquista fruto da luta que valeu a pena nos últimos três anos. Isso, ainda segundo Piovesani, é fundamental para lutar também por avanços nas estruturas das cozinhas, nos processamentos da industrialização e no acesso ao mercado.

O encontro foi considerado um marco para o movimento, pois foi o segundo grande acontecimento desde seu primeiro congresso realizado em 2004, afirmou a camponesa maranhense Maria Neves, que pela primeira vez participou de uma atividade dessa amplitude. Nesse sentido, o evento consolida mais o movimento e amplia a formação das agricultoras, complementou.

"Estamos de parabéns. Temos um novo ânimo, todas estão empolgadas e querendo se comprometer para levar esse movimento adiante. A gente nunca para de lutar, quando a gente consegue uma conquista está sempre buscando outras. Estamos até lutando por algumas que já foram conquistadas e estão querendo derrubar e desrespeitar, como a aposentadoria: é um direito do trabalhador, no entanto, temos que provar mil coisas para o INSS.

A licença-maternidade também, a gente não quer que seja só para a trabalhadora urbana. Nós trabalhadoras rurais também temos o direito de uma licença de seis meses para cuidar do nosso bebê", destacou.

O encontro também contou com a colaboração de homens para sua realização, como é o caso de Samuel Scarponi, do Levante Popular da Juventude, que acompanhou as crianças enquanto as mulheres realizavam os debates. Ele trabalha com educação infantil e ficou encarregado de promover atividades para as crianças.

Mulheres encerraram encontro nesta quinta (21) - Fotos: Eduardo Sá









"A ideia é garantir que, enquanto as mulheres participam do encontro e tiram as deliberações políticas, elas possam estar seguras que os meninos vão receber acompanhamento. Fizemos um processo de educação acompanhando a própria campanha da violência contra a mulher, o efeito que ela tem, e construímos esse pensamento nelas desde novinhas.

As discussões que as camponesas fazem em relação ao feminismo é um avanço para a sociedade. Acho que os homens e o resto da sociedade têm que saber diferenciar o feminismo do femismo, não é a mulher contra o homem: elas querem o espaço delas e igualdade. É uma das demandas mais prioritárias para a gente ter avanços e se emancipar enquanto povo", destacou o militante.

Com apenas 11 anos, Emilly Jahn disse que o encontro foi muito interessante para entender as coisas do Brasil e de outros países. "A gente discutiu muito e aprendemos muitas coisas, a principal delas foi sobre a violência contra a mulher. Tivemos várias atividades que falavam sobre isso e tudo o que acontece com as mulheres no país. No lugar onde a gente ficou fizeram teatro com fantoches ensinando várias coisas", disse a menina.

Durante o encontro foi elaborado coletivamente pelas camponesas um documento com as principais reivindicações do movimento, no qual elas também se comprometem a construir relações de igualdade dos seres humanos com a natureza, com a produção agroecológica de alimentos diversificados, além de fortalecer as organizações populares, feministas e de trabalhadoras. 

Outra carta foi entregue à presidenta Dilma Rousseff com a seguinte introdução: "Este encontro traz os desafios que envolvem a luta pelo fim da violência contra a mulher, entendida como resultado do sistema capitalista, da cultura patriarcal, machista e racista que perpassa todas as dimensões da sociedade.

O modelo de agricultura centrado no agronegócio, no uso de agrotóxicos e transgênicos torna as famílias dos camponeses (as) empobrecidas, dependentes e subordinadas, impactando diretamente as mulheres camponesas que vivem em situação de pobreza no campo e na floresta".


Mais sobre o assunto: 


Fonte:http://www.brasildefato.com.br/node/12056
21/02/2013

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