José
Francisco Neto, da Redação
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Denilson Quevedo Barbosa, de 15 anos, foi encontrado com três tiros na cabeça numa fazenda vizinha à aldeia Tey'ikue; cerca de 1.500 indígenas ocupam a área |
Indígenas Guarani Kaiowá não param de chegar à
fazenda Sardinha, no município de Caarapó (MS). Cerca de 1.500 pessoas ocupam,
desde a tarde desta segunda-feira (18), o local onde ocorreu o assassinato do
jovem Denilson Quevedo Barbosa, de 15 anos, morador da aldeia Tey'ikue. O
garoto, que tinha saído para pescar junto com mais dois amigos, foi encontrado
no domingo (17) com três tiros na cabeça na fazenda.
Segundo relato dos sobreviventes, ao se aproximarem
de um criadouro de peixes - cuja nascente fica dentro da terra indígena - os
jovens foram abordados por três pistoleiros. Eles identificam os três
indivíduos como ‘funcionários’ de Orlandino Carneiro Gonçalves, arrendatário da
fazenda, e que o crime foi cometido pelo filho do fazendeiro e seus jagunços.
Ainda de acordo com as testemunhas, os indígenas
correram dos homens armados, mas Denilson acabou apreendido pelos pistoleiros e
assassinado. Além do tiro confirmado pela perícia criminal da Polícia Civil de
Caarapó, o jovem Kaiowá levou mais um tiro na cabeça e outro no pescoço. Apesar
de ter iniciado as investigações, a força de segurança não quis dar mais
detalhes sobre o caso.
Para denunciar a ação violenta, os indígenas
passaram a madrugada na fazenda onde o menino foi assassinado. Porém, o clima
foi de tensão. “Houve muitos tiros. A gente esperou a Força Nacional, a Polícia
Federal (PF), mas não chegou ninguém até agora. Os pistoleiros cercaram a
fazenda”, relata ao Brasil de Fato Valdelice Verón, liderança indígena e
filha do cacique Marcos Verón, assassinado em janeiro de 2003.
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Crianças da aldeia Taquara (MS). Foto: Ignácio Lemus |
Causas e consequências
Desde a criação do território indígena pelo Serviço
de Proteção ao Índio (SPI), em 1924, os indígenas precisam pescar fora da área
reservada, onde só há nascentes de córregos e não há peixes, sofrendo pressões
e ataques de fazendeiros.
As reservas são áreas de confinamento - e depois da
Constituição de 1988 uma categoria de terra indígena - criado pelo SPI durante
o processo de espoliação dos Guarani e Kaiowá em decorrência da colonização do
então Estado do Mato Grosso.
O confinamento é apontado por especialistas como
uma das principais causas dos suicídios e, consequentemente, da luta pela terra
de ocupação tradicional travada pelos indígenas desde o início da segunda
metade do século XX.
Em nove anos foram assassinadas mais de 273
lideranças Guarani Kaiowá. Somente em janeiro de 2013, a aldeia Taquara, que
fica próxima ao local do assassinato de Decilson, teve dois incêndios
suspeitos; o Cacique Ladio Verón, da mesma aldeia, foi ameaçado de morte; e o
Cacique Valdemir Salina, da Aldeia Remanso Gwasu, foi ferido por um disparo de
bala. (com informações do Conselho Indigenista Missionário – Cimi)
Mais sobre o assunto:
Fonte: http://www.brasildefato.com.br/node/12023
19/02/13
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