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domingo, 10 de fevereiro de 2013

NO DIA DO FREVO, CONHEÇA HISTÓRIAS SOBRE O RITMO GENUINAMENTE NACIONAL


Estilo musical comemora 106 anos e continua arrastando multidões
 

Há 106 anos o frevo segue colorindo as ruas de Pernambuco (Foto: Jan Ribeiro / Prefeitura de Olinda)
O frevo que arrasta multidões no carnaval e completa 106 anos neste dia 09 chega à nova idade sem deixar de ser atual. Graças ao charme de seus acordes e a paixão de seus admiradores, o ritmo vem sendo preservado e ainda hoje agita muitos foliões. 

Neste mês de aniversário, o portal globo cidadania ouviu apaixonados pelo som que embala o sobe e desce das ladeiras de Olinda (PE) e as ruelas do Recife Antigo (PE) durante a folia momesca. São artistas, estudiosos e foliões que, ajudam a manter o ritmo centenário vivo e atual.

O compositor Getúlio Cavalcanti em mais uma
de suas apresentações (Foto: Acervo pessoal)
Getúlio Cavalcanti é um desses admiradores do ritmo reconhecido pela Unesco como Patrimônio Imaterial da Humanidade. Mais do que isso: é um dos responsáveis por fazer o frevo acontecer. Compositor e presença certa no carnaval pernambucano há 50 anos, ele é o autor do frevo-canção “Último Regresso”.

A música é uma das mais tocados no carnaval de Pernambuco e já foi interpretada por Elba Ramalho, Gal Costa e Maria Rita. “O frevo é um ritmo multicultural. É uma mistura que encanta todo mundo. Aquela hora em que os instrumentos param e o povo segue cantando uma música que você compôs é arrepiante! Até hoje me emociono quando isso acontece”, conta Getúlio.

Ele lembra que é no carnaval  que o frevo ganha mais destaque e, por isso, este momento acaba virando uma boa vitrine: “Preservar nossos ritmos é um ato de cidadania. É através da música que o povo fala, faz suas crônicas... E já que o frevo é um patrimônio, o carnaval é o momento para mantê-lo sempre aceso e pulsando nos nossos corações animados. O frevo é contagiante, uma referência de pureza e alegria”, comemora o compositor.

A sabedoria popular de Getúlio encontra eco no mundo acadêmico. A historiadora Rita de Cássia Araújo, da Fundação Joaquim Nabuco, do Recife, concorda. Estudiosa do assunto, ela diz que o carnaval é o momento ideal para preservar e renovar nossos ritmos. “Ao mesmo tempo que o revela o que há sociedade, conserva a identidade e reflete o momento histórico. A festa possibilita o processo de criação, que é fruto da memória popular”, afirma.

O ritmo centenário conquista diferentes gerações
(Foto: Jan Ribeiro / Prefeitura de Olinda)
 
Nas pesquisas que faz sobre o frevo, Rita de Cássia já encontrou informações preciosas como, por exemplo, a respeito de seu nascimento. Ela conta que  09 fevereiro de 1907 foi a data em que houve o primeiro registro da palavra “frevo” na imprensa, por isso, é esse oficialmente o dia do aniversário do ritmo.

Mas a historiadora explica que antes de aparecer nas páginas dos jornais, o frevo já era um velho conhecido nas ruas do Recife. “A capital de Pernambuco sempre foi polo de trabalho, por isso, a base fundamental do frevo são os trabalhadores urbanos. Antes de ser um gênero musical, o frevo começou como um furdunço, um movimento de rua”, ensina.

O nome do ritmo é um capítulo à parte. Segundo a historiadora, criou-se a lenda de que a mistura dos instrumentos musicais provocava um certo calor no chão e as pessoas, por não possuírem um grau de instrução muito elevado, flexionavam o verbo “ferver” de maneira errada, usando-o como “frever”. 

A partir daí, “frevo” virou sinônimo de aglomeraçãoo, rebuliço, entre outras definições para reuniões de massa popular. Ao todo, existem três tipos de frevo: de rua, de bloco e canção. Os passos coreográficos somam cerca de 120: dobradiça, tesoura e parafuso, dentre outros. Seja pela fama do ritmo ou pela devoção de seus seguidores, esses passos não ficam restritos a Pernambuco e estão ultrapassando as fronteiras nordestinas.

O frevo já foi parar, por exemplo, no Cerrado do Planalto Central. Tudo por causa de um grupo de pernambucanos que morava em Brasília e em 2006 resolveu criar a Troça Carnavalesca Mista Suvaco da Asa. A ideia era despretensiosa: matar a saudade de “frevar”, reunir os amigos e trazer um pouco de carnaval para a capital do país.
 
O Bloco Suvaco da Asa leva a animação do frevo
para o pré-carnaval de Brasília (Foto: Divulgação)

No primeiro desfile, um pequeno carro de som animou cerca de cem foliões. Com o passar dos anos, a troça cresceu, ficou conhecida como bloco (apenas por ser um termo mais popular) e mesmo arrastando hoje cerca de cinco mil pessoas ainda mantém o espírito mambembe que a tornou conhecida.

De acordo com um dos idealizadores do bloco, Rodrigo Hilário, levar o ritmo para Brasília foi relativamente fácil por ser uma cidade aberta para todas as manifestações culturais: “A cena de frevo já existia em Brasília com o tradicional bloco Galinho, mas fomos os primeiros a trazer essa cultura de desfile”, comenta.

Animado todos os anos por orquestras de frevo, o Suvaco da Asa dissemina o ritmo pernambucano em outra região do país, onde o carnaval não tem tanta expressão, e fortalece a diversidade cultural do país: “É um ritmo muito próprio e contagiante. Ninguém sai imune”, destaca Rodrigo que é baiano de nascimento, mas pernambucano desde a primeira “frevada”.


Fonte:http://redeglobo.globo.com/globocidadania/noticia/2013/02/no-dia-do-frevo-conheca-historias-sobre-o-ritmo-genuinamente-nacional.html

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