Eduardo
Sá, Articulação Nacional de Agroecologia (ANA)
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Encontro reúne mulheres de 22 e dois estados brasileiros - Foto: Eduardo Sá |
Com o tema “Na Sociedade que a Gente Quer, Basta de
Violência contra a Mulher!”, cerca de três mil mulheres camponesas, de vinte e
dois estados do Brasil, fizeram na tarde de segunda-feira (18) a abertura do I
Encontro Nacional do Movimento das Mulheres Camponesas (MMC).
O evento conta
com a participação de diversos movimentos sociais, inclusive de outros países,
sindicatos, parlamentares, representantes de órgãos do governo e setores da
pesquisa, dentre outros segmentos. A maioria das delegações estaduais do MMC
está alojada no próprio Pavilhão de Exposições no Parque da Cidade, em Brasília
(DF), onde as atividades estão ocorrendo. O evento vai até esta quinta-feira
(21), quando será realizada uma marcha à Praça dos Três Poderes.
Na mística de abertura mulheres sujas de barro
representaram a importância da terra para a vida camponesa, enquanto outras
carregavam bandejas com frutas e legumes, em referência à alimentação saudável,
outra bandeira do movimento.
Delegações de outros países foram saudadas, e
dezenas de movimentos sociais e integrantes do governo foram chamados ao palco
para manifestar solidariedade ao MMC. Também foi aberta a Mostra de Produção
das Mulheres Camponesas, com barracas vendendo produtos das comitivas dos
estados participantes, incluindo artesanatos, alimentos e roupas.
Cantando muitas músicas e com muita descontração, o
movimento foi expondo algumas de suas pautas aos participantes: transformação
da sociedade, igualdade de gêneros, combate à violência contra as mulheres,
valorização do trabalho feminino na produção de alimentos, soberania alimentar
e combate aos transgênicos e agrotóxicos, defesa da agroecologia, reforma agrária,
etc.
A diversidade somada entre os movimentos de mulheres, como as sem terra,
ribeirinhas, agricultoras familiares, quebradeiras de coco, índias,
quilombolas, dentre muitos outros setores, marca a identidade do movimento.
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Cerca de três mil mulheres participam do encontro - Foto: Eduardo Sá |
De acordo com a coordenadora do MMC, Justina Cima,
as mulheres estão unidas em torno de um projeto de sociedade que valorize as
pessoas e a natureza, e promova o bem estar.
A expectativa é que as mulheres se
desafiem, e levem para os seus grupos de base nos seus estados as lutas a serem
travadas localmente. Cima destacou ainda a importância do encontro, “fruto da
luta de muitas lutadoras que ousaram enfrentar o capital, ditaduras, o
latifúndio e todo tipo de repressão e opressão”.
“Toda uma história de resistência, dizer que
estamos aqui para continuar lutando. Fizemos a luta por nossos direitos, pela
reforma agrária, aposentadoria e salário maternidade, dentre outras, para que
nos valorizassem porque também temos capacidade para construir aquilo que é
melhor para sociedade.
Queremos outras relações de igualdade e dignidade. Somos
frutos daquelas mulheres que foram guardiães de sementes, benzedeiras,
produtoras de plantas medicinais, e da obra de arte da alimentação saudável.
Lutar por outra sociedade, em que a agroecologia seja um projeto de vida”,
afirmou a coordenadora do MMC.
A busca pela continuidade do planeta de forma
harmoniosa e promovendo o debate contra a violência, que, ainda segundo a
representante, é fruto do sistema capitalista, patriarcal e machista, é um dos
objetivos do movimento. Reconhecendo avanços na luta por políticas públicas, o
dever de cada integrante do MMC agora é fortalecer a articulação dos movimentos
para pressionar o governo a mais conquistas para as mulheres do campo.
A presidente Dilma Rousseff deve participar do
encontro ainda nesta terça-feira (19), momento em que as camponesas
apresentarão sua pauta de reivindicações. Além de debates ao longo da semana,
haverá mostras de artesanato e comidas, apresentações culturais e oficinas. Será
lançado um CD de músicas do MMC e elaborada ao final do evento uma carta do
Encontro.
Fonte: http://www.brasildefato.com.br/node/12027
19/02/2013
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